VOTO – ARMA PODEROSA. SEMPRE?

En la lucha de clases

Todas las armas son buenas

Piedras

Noches

Poemas

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O poema de Paulo Leminski é uma arma poderosa. Linda. O voto do eleitor é arma poderosa. O voto na democracia é justo. É direito de todos, independentemente de classe social, cor, raça, nível cultural… O voto é igual para todos e de todos, tem o mesmo poder para todos. Vale um. Razão imprescindível para as eleitoras e os eleitores terem um cuidado impecável, consciente no ato de votar – atribuir o voto aos candidatos. Principalmente quando muitos partidos políticos e candidatos são uma porcaria nojenta.

A desesperança na vida, gerada pelas crises econômicas, produzidas pelos políticos trambiqueiros, não é motivo justo para jogar a arma poderosa no lixo – votos em branco, anular o voto, não votar. Até pode ser um ato de protesto, ato de descrença na política, mas o voto nulo não ajuda, não contribui por si só a construir uma outra sociedade, uma sociedade democrática transformadora, viva, participativa, que todos queremos. Quer dizer, quase todos. Esse voto é arma poderosa jogada no lixo. Arma sem poder. Só beneficiará os candidatos que querem continuar no poder e governar a mando dos interesses dos cartéis do petróleo, das agências financeiras rentistas, da mídia poderosa e imperial.

Ah! – “O voto é livre”. Muitos proclamam com desdém e com malícia mal disfarçada. – “É preciso respeitar a liberdade de votar”, argumentam com deboche. Sim, mas que liberdade é essa? Pergunto eu. Aliás, Eduardo Galeano faz uma pergunta bem melhor que a minha. Pergunta Galeano: “é livre um homem condenado a viver perseguindo o trabalho e a comida”? Aí eu pergunto mais: é livre quem está sendo vigiado, filmado tempo todo e por todos os lugares – espaços abertos e fechados? São livres os professores e os alunos quando não podem falar, estudar, discutir política, partidos políticos, nas escolas?

Já faz muito tempo que estou inconformado com a descrença – talvez alienação – cada vez maior e mais profunda de cada vez maior quantidade de eleitores na política. Há uma crescente alienação cultural da política na sociedade brasileira. Mais uma vez vou recorrer a Eduardo Galeno para explicar melhor esta alienação.

“As fórmulas de esterilização das consciências são testadas com mais êxito que os planos de controle da natalidade. Máquinas de mentir, máquinas de castrar, máquinas de dopar: os meios de comunicação se multiplicam e divulgam democracia ocidental cristã junto com violência e molho de tomates. Não é necessário saber ler e escrever para escutar os rádios transistores ou olhar a televisão e receber o recado cotidiano que ensina a aceitar o domínio do mais forte e confundir a personalidade com um automóvel, a dignidade com um cigarro e a felicidade com uma salsinha”.

 

Essas estratégias de entretenimento diuturno – ocupar o tempo com programas medíocres de baixo valor cultural e humano – são prenhes de intenções ideológicos das classes dominantes para inculcar uma falsa cultura às massas populares. E assim, cooptar os votos nas eleições.

Isso até quando?

José Kuiava Contributor

Professor, pesquisador, escritor
José Kuiava é Doutor em Educação pela Faculdade de Educação da Unicamp (2012). Atualmente é professor efetivo- professor sênior da Universidade Estadual do Oeste do Paraná. Tem experiência na área de Educação, com ênfase em Planejamento e Avaliação Educacional, atuando principalmente nos seguintes temas: autobiografias.inventário da produção acadêmica., corporeidade. ética e estética, seriedade, linguagem, literatura e ciências e riso.