Esta é a triste e dolorosa constatação da história real material do Brasil de hoje – 06 de março de 2019, quarta-feira de cinzas, o primeiro dos quarenta dias da Quaresma depois do Carnaval. Amor rima com dor. Animação, com dominação. É doloroso constatar a transformação do Carnaval da festa e da alegria em espetáculo do “pão e circo” modernizado. Pobres vestidos e fantasiados com alegorias banhadas de ouro, prata e pedras brilhantes dando espetáculo e divertindo ricos nos camarotes.
Vivemos momentos das nossas vidas quando o amor que temos e vivemos em atos e sentimentos compartidos e dirigidos para o sentido mais elevado das nossas vidas, assim sem ódio, sem discriminação de raças, etnias, culturas, classes sociais, vem sendo barrado, agredido e suprimido aleatoriamente por alienados do bloco no poder político dominante.
Assim, estamos induzidos a perfilar os verdadeiros descaminhos da educação brasileira sob o poder e a ditadura da ignorância, da prepotência e da impostura política. Primeiro, os alienadores se propuseram a popularização de uma educação da disciplina, da ordem, da obediência, da desideologização da educação: “Brasil acima de todos e Deus acima de tudo”; a perfilação dos estudantes – crianças e adolescentes – em posição de sentido à imagem e semelhança dos soldados e militares nos quartéis, cantando o Hino Nacional, filmando a cena para mandar para o Ministério da (des)educação. Depois, as medidas radicais impostas (sem diálogo, sem discussão com os educadores, professores, políticos…): “a escola sem partido” – proibido falar, estudar, analisar, debater e criticar a origem, a história, a ideologia, a ética… dos partidos políticos nas escolas, principalmente os partidos rotulados de “esquerda”, é proibido falar, estudar, analisar, debater, conhecer as ideologias – suas origens, seus inventores proponentes, suas propostas e pretensões políticas, seus princípios éticos, seus vínculos com às classes sociais, etc. Aqui vai uma pergunta sem maldade: numa sociedade historicamente democrática, o que não é político? Ou seja, o que na vida real material da sociedade dos espaços e das obras públicas não é uma decisão “política” em suas escolas institucional, local, municipal, regional, estadual, nacional? Até o local dos postes de energia elétrica, telefonia é uma decisão política para atender interesses de uns poucos em prejuízo de todos. Claro, a política partidária fantasiada de tecnologia e bem-estar de todos.
Agora, vamos ter a “lava-jato da Educação”. É isso mesmo: a “lava-jato da Educação”. E viva a justiça! Acima de todos para a educação de qualidade para poucos de cima. Nesta última segunda-feira (4) o presidente Messias afirmou pelo Twitter que o “Brasil gasta demais com educação”. Afirmou que “há erros nas prioridades do o que é ensinado aos alunos e nos recursos aplicados na educação brasileira. E para corrigir e acabar este mal, esta perversidade, vai constituir um comissariado composto pelo Ministério da Educação, pelo Ministério da Justiça, pela Polícia Federal e pela Advocacia e Controladoria da União. É isso aí. Um ministro da educação estrangeiro que não entende nada de educação, a Polícia Federal instituindo e aplicando uma pedagogia militar e policial na educação brasileira.
Para a educação de massa – classes sociais de trabalhadores – a ignorância com bem comum.
Professor, pesquisador, escritor
José Kuiava é Doutor em Educação pela Faculdade de Educação da Unicamp (2012). Atualmente é professor efetivo- professor sênior da Universidade Estadual do Oeste do Paraná. Tem experiência na área de Educação, com ênfase em Planejamento e Avaliação Educacional, atuando principalmente nos seguintes temas: autobiografias.inventário da produção acadêmica., corporeidade. ética e estética, seriedade, linguagem, literatura e ciências e riso.
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