Uma e outro defronte jazem

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Estamos em Alcobaça mais uma vez. A cidade é conhecida por causa de seu mosteiro. Foi na Igreja do mosteiro que se reuniu em meados de 1300 a corte portuguesa, por ordem de D.Pedro I, para beijar a mão de Inês de Castro, vestida de rainha depois de o corpo ser exumado. Nesta igreja estão suas tumbas, um defronte ao outro, já que a primeira visão que queria ter D.Pedro, ao soarem as trombetas do Juízo Final, era sua amada, na ressurreição da carne. Por isso a cidade também se chama de “cidade da paixão”.

Tumba

Há lendas muitas sobre a fundação do convento. Afonso Henriques teria feito a promessa de o fazer construir durante o cerco a Santarém se saísse vitorioso. S. Bernardo, informado pelo céu da promessa, já anunciara a seus monges sobre a fundação do novo mosteiro, antes mesmo de se encontrar com o rei. Enviou o santo cinco monges cistercienses que se responsabilizaram pelas primeiras construções, nos inícios do Século XIII.

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Hoje, as tumbas frente a frente são o testemunho da paixão, de um amor desesperado que não se realiza por intervenção paterna que manda assassinar Inês de Castro. Subindo ao trono, o filho e amante determina que os assassinos fossem mortos retirando seus corações pelas costas… Violência respondida por violência, num contexto de paixões e amores.

(As fotos são de Corinta Geraldi)

 

João Wanderley Geraldi é reconhecido pesquisador da linguística brasileira e formou gerações de professores em nosso país. Há já alguns anos iniciou esta carreira de cronista-blogueiro e foi juntando mais leitores e colaboradores. O nome de seu blog vem de sua obra mais importante, Portos de Passagem, um verdadeiro marco em nossa Educação, ao lado de O texto na sala de aula, A aula como acontecimento, entre outros. Como pesquisador, é um dos mais reconhecidos intérpretes e divulgadores da Obra de Mikhail Bakhtin no Brasil, tendo publicado inúmeros livros e artigos sobre a teoria do autor russo.