O velho dístico revolucionário “quanto pior, melhor”, virou do avesso. Quer dizer, inverteu ao contrário o sentido e o significado de estímulo e entusiasmo para a luta das massas populares nos movimentos sociais para liquidação do sistema capitalista e mudou para “quanto pior, pior” na conjuntura calamitosa do Brasil de hoje. O governo e os políticos corruptos, reinantes em todas as escalas e em todos os órgãos do Estado, o conchavo e o conluio dos 3 poderes, sempre e rigorosamente a favor do bloco no poder e das elites do capital, os 13 milhões de desempregados, as reformas golpistas do trabalho, da educação, da previdência – fazendo tábua rasa das conquistas sociais, educacionais e culturais das massas trabalhadoras – os supersalários e superbenefícios dos senadores, deputados, vereadores, governadores e prefeitos, juízes, promotores, os baixos salários dos professores, o congelamento do salário mínimo e a diminuição dos programas sociais, nada disso é suficiente para os trabalhadores, os servidores, os funcionários, os desempregados se organizarem em movimentos sociais e políticos capazes de transformar esta conjuntura brasileira. Se o dístico revolucionário ainda estivesse prenhe do seu sentido original, organizaríamos e faríamos parte de movimentos sociais de luta para as transformações necessárias e possíveis. Acontece que os intelectuais orgânicos das elites aprenderam muito e rapidamente com as lições da história – nas lutas das classes sociais – e vem instruindo com inteligência e esperteza estratégica os governantes e comandantes do bloco no poder para eles acalmarem as massas de sofredores insatisfeitos, promovendo e concedendo pequenos benefícios e melhorias ocasionais, em caráter de urgência, frente a cada crise conjuntural. A estratégia é a seguinte: conceder migalhas para não perder o pão todo e as padarias, os moinhos… para sempre. Esta é a maneira mais segura do capitalismo recompor-se das crises conjunturais. Promover mudanças tão somente conjunturais, sem afetar a estrutura de produção, a arquitetura da sociedade de classes desiguais.
O igualmente velho e perverso princípio positivista, segundo o qual é preciso dizer e proclamar à exaustão e de múltiplas maneiras uma coisa na teoria – junto à opinião pública – para poder fazer o seu contrário na prática, está em pleno e maldoso uso nas bocas infestadas de ácaros da corrupção e da mentira dos atores do Planalto e dos atores e personagens das telas televisivas da grande mídia nacional. Assim, as mentiras ditas muitas vezes, de maneiras diferentes, por bocas diversas em horários, dias e meses seguidos acabam aparentando verdades na visão e opinião dos telespectadores. Parece até que a inteligência e a vontade do povo brasileiro não estão à altura e em condições de unidade e consciência política para perceber as mentiras e as falsidades dos enunciados – cheios de “pompe et circonstance” – do Temer, do Meirelles, do Gilmar Mendes, do Maia, Segóvia, etc,etc,etc…
Assim é, nada de partidos políticos nas escolas e nada de ciência política na educação. Assim será, como necessidade da “modernização” do Brasil.
Professor, pesquisador, escritor
José Kuiava é Doutor em Educação pela Faculdade de Educação da Unicamp (2012). Atualmente é professor efetivo- professor sênior da Universidade Estadual do Oeste do Paraná. Tem experiência na área de Educação, com ênfase em Planejamento e Avaliação Educacional, atuando principalmente nos seguintes temas: autobiografias.inventário da produção acadêmica., corporeidade. ética e estética, seriedade, linguagem, literatura e ciências e riso.
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