Fomos brindados pela Globo com o espetáculo do retorno de Pizolatto ao país, para ser recolhido na Papuda.
Considero que todo aquele que praticou atos ilícitos deve pagar por isso. Infelizmente, neste país, somente um partido teve a coragem de deixar as instituições funcionarem, e por isso está sendo execrado pela mídia e em consequência por parte do fanatismo e ódio que esta mesma mídia liberou e incentiva.
Na espetacularização da prisão de Pizolatto, com direito até a reportagem dentro do avião de carreira no retorno ao Brasil, seguido do aparato publicista da Globo, como se este retorno fosse um desagravo a nação desacatada, não faltou a vontade de criar uma comoção. Mas o todo-poderoso esforço da Globo não resultou no que queria.
Vamos acompanhar com cuidado qual será o veredicto do STF a propósito do outro diretor do Banco do Brasil que junto com Pizolatto assinou o contrato de marketing. Como se sabe o juiz soberano desmembrou o processo, e a denúncia contra este outro diretor, elevado ao cargo por FHC e nele mantido por Lula, segue em segredo de justiça, embora tenha vazado o documento apresentado por sua defesa que comprovava que os serviços de marketing contratados tinham sido realmente executados.
De modo que este documento, de conhecimento do relator-juiz era de seu conhecimento, e posto em segredo de justiça, e valerá somente para a defesa deste diretor, para os outros réus da ação penal ficou estabelecido que o contrato era fictício e que seus valores foram ia recursos públicos desviados que justificaram em parte as condenações feitas, e no caso de Pizolatto está foi a única “comprovação” de falta cometida.
E viva a espetacularização da justiça justa.
João Wanderley Geraldi
Contributor
João Wanderley Geraldi é reconhecido pesquisador da linguística brasileira e formou gerações de professores em nosso país. Há já alguns anos iniciou esta carreira de cronista-blogueiro e foi juntando mais leitores e colaboradores. O nome de seu blog vem de sua obra mais importante, Portos de Passagem, um verdadeiro marco em nossa Educação, ao lado de O texto na sala de aula, A aula como acontecimento, entre outros. Como pesquisador, é um dos mais reconhecidos intérpretes e divulgadores da Obra de Mikhail Bakhtin no Brasil, tendo publicado inúmeros livros e artigos sobre a teoria do autor russo.
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