Paulo Freire: Narrador e pensador (1)

O conselho tecido na substância viva da existência tem um nome: sabedoria. A arte de narrar está definhando porque a sabedoria – o lado épico da verdade – está em extinção.

(Walter Benjamin)

 

Todos aqueles que tiveram a oportunidade de conviver ou mesmo de ouvir Paulo Freire reencontraram nas suas exposições um narrador, gostoso de ouvir, que se voltava para suas experiências e delas extraía as considerações que ia tecendo com invento e limpidez cativantes. Seguramente, perdemos, com Paulo Freire, certo modo de inventar-se como intelectual apaixonado pelas ideias que defende, comprometido com a construção de uma sociedade mais juta e sem qualquer vergonha por assumir suas opções políticas.

É este Paulo Freire narrador, pensador e politico que pretendo recuperar neste esboço de estudo que, seguindo seu próprio modo de expor-se, parte de uma experiência de trabalho conjunto. Por dois semestres compartilhamos os “Colóquios Interdisciplinares em Educação” – disciplina do curso de pós-graduação em Educação da Unicamp, coordenados pelo educador, por Adriano Nogueira e por mim.

No primeiro semestre deste trabalho, que coincidiu com o início de seu mandato como Secretário de Educação do município de São Paulo, o objetivo foi ir discutindo às terças-feiras o que ia acontecendo no novo trabalho de Secretário, desafio que expunha na esfera da atuação pública um nome e uma trajetória. Tratava-se, então, de não perder o espaço de distanciamento que a academia proporciona, sem deixar de trazer para dentro da sala, compartilhando com alunos  e colegas, os acontecimentos de uma gestão à medida que ela ia se desenvolvendo.

Nossa grande dificuldade neste semestre não foi extrair temas do cotidiano, foi selecioná-los e delimitar as preocupações num momento em que todos nós apostávamos nas possibilidades abertas pelo exercício de um mandato executivo na maior cidade brasileira. Eram inúmeros os profissionais da educação que estavam “dando uma força” para que as coisas acontecessem e dessem certo. Os problemas trazidos para as discussões eram “os nossos problemas”: como expor uma perspectiva educacional, elaborando propostas que respondessem ao imediato, sabendo de antemão que algumas coisas não aconteceriam, sem deixar que este não acontecer se transformasse numa recusa da perspectiva mais ampla defendida? Tratava-se de coadunar sonhos infinitos limitados a meios finitos e a tempo fixado.

Circulamos por vários assuntos, desde aqueles das relações políticas e partidárias até àqueles menores dos entraves burocráticos, quando a urgência das prioridades esbarra nas portarias e decretos. As portarias não eram/são portas de acesso para aqueles que queríamos ver privilegiados, muito menos ainda para as ideias que pretendíamos ver discutidas. As portarias foram e são entraves: lugares de passagem, controlam entradas e saídas(2). Mas sempre há como escapar por entre as frinchas. De memória, retomo um acontecimento. Na gestão anterior, os pãezinhos distribuídos na “merenda escolar” eram adquiridos de uma única padaria – que seguramente preenchera todos os requisitos portariais e decretariais. Com o tamanho da cidade, é fácil imaginar as distâncias que separam as escolas desta padaria única: os pães eram cozidos num dia, levados às escolas num segundo dia e consumidos num terceiro. Pão sempre tresnoitado e duro. Vencido o contrato de fornecimento, a Prefeitura organiza uma forma de licitação de modo que aproximadamente 600 padarias passam a fornecer pães para as escolas, segundo a proximidade de localização escola/padarias (do bairro). Pão fresco todo dia.

Pretendendo repercussão na imprensa por uma decisão óbvia – em função da menor distância para a entrega, o preço diminuiu e com os recursos economizados pôde-se melhorar a merenda como um todo – a assinatura dos contratos de fornecimentos foi fixada para a mesma data. Foram 600 padarias ao Ibirapuera e nenhuma linha na grande imprensa. Como ‘furar’ o cerco do silencia burguês? De fato, era/é necessário furá-lo? Como construir, com uma população outra, meios de comunicação constante, sabendo que de um outro lugar, uma outra voz, forte e arrogante, estava sempre disposta a continuar a defender os interesses que sempre defendeu?

No segundo semestre, as discussões se distanciaram do cotidiano da Secretaria, para delas se aproximarem através da leitura e estudo da obra do próprio Paulo Freire. Entre outras afirmações que circularam no período anterior, havia uma que preocupou: “como educador, Paulo Freire era nome mais citado no país, mas também era o menos lido”. A organização do trabalho passou por uma seleção prévia do autor, que escolheu como suas [então] principais obras, os seguintes trabalhos: Educação e Atualidade Brasileira [tese de concurso público para a cadeira de História e Filosofia da Educação, a que se submeteu em Recife no ano de 1959]; Pedagogia do Oprimido [obra prima do autor, manuscrita em 1968 e publicada nos EEUU e depois em espanhol e português]; Ação Cultural para a Liberdade e outros escritos [coletânea de textos que tematizam a alfabetização de adultos, os camponeses e seus textos de leitura, a ação cultural e a conscientização]; Cartas a Guiné-Bissau [cartas dirigidas a Mário Cabral e às equipes de trabalho, antecedidas por estudo introdutório em que se tematizam “os problemas que uma sociedade revolucionária deve-se pôr no campo da educação enquanto ato de conhecimento”]; A importância do ato de ler [três artigos, o primeiro é sua conferência de abertura do 3º. COLE, atualmente disponível em edição mais próxima da fala no livro Leituras no Brasil; o segundo correlacionado à alfabetização de adultos e às bibliotecas públicas e o terceiro retornando à África, com a alfabetização em São Tomé e Príncipe].

A metodologia de aula que utilizamos foi a leitura prévia do texto selecionado, um encontro prévio em que elaborávamos uma leitura do texto e organizávamos um conjunto de perguntas que remetiam a uma espécie de “arqueologia” do processos de produção da obra e um terceiro encontro, este com Paulo Freire, em que nos respondia a perguntas e críticas, seguramente algumas delas impertinentes [de memória, lembro as críticas à ideologia do desenvolvimento assumida na tese de concurso e à visão fenomenológica presente em várias passagens desta mesma tese e de Pedagogia do Oprimido].

Obviamente não cumprimos o programa (3). Tomamos chimarrão em cuia trazida por Adriano Nogueira. E ficamos no estudo de Educação e Atualidade Brasileira e Pedagogia do Oprimido. Nossas muitas perguntas e algumas críticas levavam o autor ao tempo da produção, e com os olhos do fim dos anos 80 recordava suas leituras, seus interlocutores e suas experiências, todas vinculadas à obra que estávamos estudando. Nestes encontros, muitas vezes Paulo Freire se referiu a um necessário reencontro seu com a Pedagogia do Oprimido, que ele vinha preparando na forma de livro em Pedagogia da Esperança em 1992.

É deste trabalho compartilhado que retiro uma hipótese de leitura da obra de Paulo Freire e que apresento como um ponto de vista a ser melhor especificado numa necessária retomada de sua obra agora completa, infelizmente. Paulo Freire foi um narrador que retiou da experiência a reflexão teórica que nos apresenta como conselhos.

Walter Benjamin, no estudo sobre o narrador(4) afirma: “são cada vez mais raras as pessoas que sabem narrar devidamente. Quando se pede num grupo que alguém narre alguma coisa, o embaraço se generaliza. É como se estivéssemos privados de uma faculdade que nos parecia segura e inalienável: a faculdade de intercambiar experiências […]. Uma das causas desse fenômeno é óbvia: as ações da experiência estão em baixa, e tudo indica que continuarão caindo até que seu valor desapareça de todo”.

Acompanhando o texto de Walter Benjamin, vamos encontrando alguns elementos que poderiam dar corpo à hipótese de leitura de Paulo Freire, complementando-a com outras perguntas a responder em estudo futuro:

  • O narrador camponês e o narrador marinheiro: como “a experiência que passa de pessoa a pessoa é a fonte a que recorreram todos os narradores”, estes são divididos em dois grupos que se interpenetram – “quem viaja tem muito o que contar” e quem fica conhece as histórias e tradições de seu país. O marinheiro e o camponês. O camponês e o marinheiro. Paulo Freire poderia ter sido ambos? Suas obras remetem sempre à experiência do SESI e, posteriormente, a Angicos. O exílio o torna marinheiro e a experiência com a África inclui entre suas reflexões o corpo, seu gingado e sua dança;
  • O conselho: a narrativa tem uma dimensão prática e utilitária. “Essa utilidade pode consistir seja num ensinamento moral, seja numa sugestão prática, seja num provérbio ou numa norma de vida – de qualquer maneira, o narrador é um homem que sabe dar conselhos. […] Aconselhar é menos responder a uma pergunta que fazer uma sugestão sobre a continuação de uma história que está sendo narrada”. Retiro um exemplo de Paulo Freire – depois de narrar sua relação de dor com a chuva, lama e barro pegajoso, desvelando a razão de ser de sua experiência de sofrimento para dele libertar-se, aconselha: “… alcançar a compreensão mais crítica da situação de opressão não liberta ainda os oprimidos. Ao desvelá-la, contudo, dão um passo para superá-la desde que se engajem na luta política pela transformação das condições concretas em que se dá a opressão. O que quero dizer é o seguinte: enquanto no meu caso foi suficiente conhecer a trama em que meu sofrimento se gestava para sepultá-lo, no domínio das estruturas sócio-econômicas, a percepção crítica da trama, apesar de indispensável, não basta para mudar os dados do problema. Como não basta ao operário ter na cabeça a ideia do objeto que quer produzir. É preciso fazê-lo”. A história da mudança é uma história ainda a construir. Se o conselho não responde a uma pergunta, mas sugere uma continuação para a história, é este fim da história que não está fixado no pensamento de Paulo Freire, porque atingida a não opressão, outra história começa nesta eterna busca do “fazer-se homem”. Os conselhos, que demandam a sabedoria, que como lado épico da verdade, demanda compromissos, sonhos e utopias, são tecidos do “saber de experiência feito”, para construir o “inédito viável”.
  • A liberdade de interpretação e a atemporalidade da narrativa exigindo uma comunidade de ouvintes [a oralidade de Paulo Freire não se encontra apenas em suas palestras, aulas e entrevistas, mas também em seus livros, mesmo naqueles a que não chamados de “livros falados”](6), a narrativa contém informações plausíveis, retomadas no eterno recontar a história que se tece na rede das interpretações distintas e nos diferentes desempenho de cada narrador e destes em cada situação. “Contar histórias sempre foi a arte de conta-las de novo…”. Em Paulo Freire, observemos a frequência com que reconta a experiência do SESI (por exemplo, em Educação como prática da liberdade e em Pedagogia da Esperança), retorna-se a Angicos, volta-se a Recife e à casa paterna. A cada novo tempo, a narrativa retorna, reinterpretados os fatos e fundamentando conselhos novos, porque dialogam múltiplos passados com o presente olhada com o desejo de futuro;
  • A preferência pelo fluir da vida às explicações conectadas entre causas e efeitos no narrador, os desígnios do futuro, as reminiscências do passado, o sentido da vida, a autoridade da experiência vivida, o curso das coisas sobrepõem-se à tentativa de encontrar explicações lógicas, coerentes e coesas, porque se assume que as vidas dos homens e das mulheres são prenhes de saberes e desejos. Talvez nestas “operações” próprias à narrativa possam ser encontrados indícios de explicação para um processo de produção que me parece constante em Paulo Freire: todo ciclo de reflexão teórica, em que os pensamentos se organizam em obra, vem precedido de um ciclo de experiências multifacetadas, de modo que a obra final condensa em um gesto pontos diversos de uma trajetória prévia. Pedagogia do Oprimido, por exemplo, é antecedida por obras que remetem à experiência no SESI (Educação e Atualidade Brasileira, depois com retoques, Educação como prática da liberdade, mas também por um texto a propósito da gestão de João Alfredo Gonçalves da Costa Lima como reitor da Universidade de Recife, pelos livros e cadernos de exercícios de alfabetização e pelo livro Alfabetização e Conscientização. Em resumo, a obra-prima de Paulo Freire condensa a experiência brasileira pré golpe militar de 1963 e as primeiras experiências no exílio, especialmente o trabalho realizado junto aos camponeses chilenos, de que Extensão ou Comunicação? Possivelmente seja a obra mais conhecida entre nós);
  • A subjetividade na narrativa: segundo Walter Benjamin, “a narrativa … é ela própria, num certo sentido, uma forma artesanal de comunicação. Ela não está interessada em transmitir “o puro em si” da coisa narrada como uma informação ou um relatório. Ela mergulha a coisa na vida do narrador para em seguida retirá-la dele. Assim se imprime na narrativa a marca do narrador, como a mão do oleiro na argila do vaso”. No modo Paulo-freireano de falar, corpo, gesto e voz se unem na forma estética de defender a ética. São conhecidos seus neologismos, que ao contrário do rebuscado modo acadêmico de se expor, são de fácil compreensão, parecem dizer precisamente aquilo que devem dizer.

Nunca um acontecimento, um fato, um feito, um gesto de raiva ou de amor, um poema, uma tela, uma canção, um livro têm por trás de si uma única razão. Um acontecimento, um fato, um feito, uma canção, um gesto, um poema, um livro se acham sempre envolvidos em densas tramas, tocados por múltiplas razões de ser que de algumas estão mais próximas do ocorrido ou do criado, de que outras são mais visíveis enquanto razão de ser. Por isso é que a mim me interessou sempre muito mais a compreensão do processo em que e como as coisas se dão do que o produto em si.” (Pedagogia da Esperança, p. 18)

Paulo Freire, como narrador, soube extrair da experiência seus conselhos, e seguindo seus próprios conselhos construiu uma teoria pedagógica, dela extraiu uma metodologia de trabalho e com todos compartilhou seus achados. Legou-nos uma obra. Para aqueles que querem ultrapassar o comentário, deixou-nos um exemplo.

 

Notas

  1. Este texto foi minha despedida de Paulo Freire, escrito ainda sob o impacto de seu falecimento. Traz para o público mais amplo o nosso primeiro ano de experiência de trabalho docente conjunto, numa disciplina do curso de pós-graduação em Educação da Unicamp. Antes, havia tido contatos com Paulo Freire em eventos, em mesas-redondas que compartilhamos, e em alguns trabalhos que posteriormente se tornaram mais assíduos. Acontece que Paulo Freire havia assumido a Secretaria Municipal de Educação da cidade de São Paulo a convite da Prefeita Luíza E neste período em que ficou ocupado com esta experiência de gestão pública, ele não quis se afastar da atividade docente na Unicamp. Convidou-me para compartilhar a disciplina, que teria também a participação mais forte do que a minha do colega Adriano Nogueira. Ele viria quinzenalmente, às terças-feiras (caso não houvesse qualquer obstáculo urgente). Assim, trabalhamos juntos num curso e dentro da sala de aula. Não eram muitos os alunos matriculados. Na verdade, poucos se considerarmos o renome do professor. Mas estávamos na Unicamp, os tempos eram de defesa da “pedagogia critica dos conteúdos” e Paulo Freire era pouco lido, mesmo na Faculdade de Educação. Nas disciplinas da graduação, as professoras Sílvia Manfredi e Corinta Geraldi eram das poucas que o incluíam em sua bibliografia. O Prof. Moacir Gadotti já tinha se transferido para a USP. Na verdade, as posições de Paulo Freire eram motivo de críticas cerradas no contexto da Faculdade e chegou a haver um chefe de departamento, a que ele estava adscrito, que lhe exigiu que comprovasse seu título de doutoramento. Como Paulo Freire havia feito o concurso de Cátedra na Universidade de Pernambuco (hoje UFPE) e logo após houve o golpe, ele nunca chegou a assumir como tal e jamais teve o título de professor catedrático concedido. O chefe, muito iluminado, luz nas trevas, achou por bem encaminhar à Reitoria da Universidade o pedido de reclassificação funcional de Paulo Freire: de professor titular para professor assistente (MS-1, na terminologia da época, apenas portador de título de graduação). Afinal, Paulo Freire era apenas doutor “honoris causa” de inúmeras universidades do exterior e do país (talvez o motivo real para o chefete professor de ética lhe pedir comprovantes…).  Foi este fato que levou Paulo Freire a uma audiência com o então reitor da Unicamp, Prof. Paulo Renato, a quem pretendia entregar seu pedido de demissão. O Reitor o dissuadiu e ele praticamente se desligou da Faculdade de Educação (onde manteve os Seminários no programa de pós-graduação) e passou a trabalhar num Núcleo da Universidade que reunia professores de outras faculdades e institutos (de diferentes áreas como a Física e a Matemática) e pesquisadores do próprio núcleo (entre eles, Adriano Nogueira). Não recordo o nome do núcleo; ele deixou de existir a partir dos fins dos anos 1990.

Este texto foi publicado originalmente na revista Leitura: Teoria e Prática (Ano 16, n. 30, dezembro de 1997). Posteriormente, o colega Valdir Heitor Barzotto o incluiu na coletânea Estado de Leitura (ALB/Mercado de Letras, 1999), um livro que reúne artigos publicados na revista da Associação de Leitura do Brasil.

  1. Fatos, temas e discussões estão no livro Paulo Freire: Trabalho, comentário, reflexão. Petrópolis, Editora Vozes, 1990.
  2. Pior do que não termos cumprido o programa de trabalho proposto foi minha exigência de que os encontros com Paulo Freire não fossem gravados, para que não caíssemos na tentação a que sucumbimos os três: ao mesmo tempo preparávamos a publicação das discussões do semestre anterior e eu não via naquele momento urgência alguma para o registro da “arqueologia” que pretendíamos fazer.
  3. Walter Benjamin. “O narrador – Considerações sobre a obra de Nicolai Leskov”. In. Obras Escolhidas, vol. I [Magia e técnica, Arte e Política] São Paulo, Brasiliense.
  4. Pedagogia da Esperança, p. 32.
  5. Circulam entre nós inúmeros vídeos, verdadeiras aulas de Paulo Freire. Mas também circulam livros, chamados por ele de “livros falados”, que são transcrições e edições de entrevistas e debates. Exemplo típico é Paulo Freire ao Vivo, organizado por Aldo Vannuchi, com a participação de Wlademir dos Santos, Edições Loyola, 1983.

 

João Wanderley Geraldi é reconhecido pesquisador da linguística brasileira e formou gerações de professores em nosso país. Há já alguns anos iniciou esta carreira de cronista-blogueiro e foi juntando mais leitores e colaboradores. O nome de seu blog vem de sua obra mais importante, Portos de Passagem, um verdadeiro marco em nossa Educação, ao lado de O texto na sala de aula, A aula como acontecimento, entre outros. Como pesquisador, é um dos mais reconhecidos intérpretes e divulgadores da Obra de Mikhail Bakhtin no Brasil, tendo publicado inúmeros livros e artigos sobre a teoria do autor russo.