Nesta campanha do segundo turno das eleições, o candidato fascista, que a mídia tradicional vem dizendo que está moderando seu discurso, não abandona sua base discursiva: o ódio a todos que não comungam seus pontos de vista e a violência como o instrumento privilegiado de ação no combate a qualquer problema.
Será trágico acompanhar como seu governo combaterá problemas como “déficit público”, recessão econômica, desemprego, baixa renda da população, curta e péssima escolaridade, com o seu instrumento. Se os problemas dos morros e favelas do Rio se resolveram metralhando a população e largando bombas, não dará para fazer o mesmo com as contas, com a arrecadação ou com a especulação nas bolsas de valores…
Mas como o instrumento será sempre o mesmo, preparemo-nos: baixará o cassete em qualquer um que se atrever a reclamar da situação, dizer que está com fome ou que não consegue emprego. Ouvirá inicialmente o mesmo refrão: “vá trabalhar vagabundo”. Da segunda vez, como a polícia está sendo autorizada a bater e a matar segundo seu critério, já sabemos quem apanhará, quem morrerá!
É incrível como se constroem as compreensões: falar em porrada, em bater, em exterminar, todos entendem. Mas quando o discurso é um pouco mais abstrato, aí nada se compreende.
Hoje mesmo tive que dar uma explicação: o candidato Haddad, em seu programa de ontem, afirmou que não manterá no seu governo nenhum dos que estão trabalhando hoje. Obviamente ele se referia aos ocupantes dos ministérios e dos altos escalões da república. Mas a compreensão construída levou à dúvida.
-“Estou com pena do … [filho da pessoa] porque poderá perder o emprego, porque o Haddad disse que no governo dele não ficará ninguém do atual. Será que ele vai demitir todo mundo?
O filho trabalha como operador de máquinas na construção de uma estrada, numa empreiteira que faz uma estrada estadual. Tive que explicar a que se referia o Haddad, neste trabalho de formiga que nos cabe no esclarecimento das pessoas durante esta campanha. E pasmem, esta compreensão não foi feita por uma adepta do candidato fascista, mas por uma eleitoral fiel do PT, apaixonada por Lula e que vota em quem ele indicar!
É contando com estas compreensões, construindo mentiras, falando grosso, com o sotaque machista do “prendo e arrebento” que o candidato fascista está amealhando votos e crescendo cada vez mais.
Joga com o ódio; sataniza a política em que vive há 30 anos; mente sobre o oponente e seu programa, ameaça e causa medo! Eis um “machão” que salvará o país…
Que tristeza!
João Wanderley Geraldi é reconhecido pesquisador da linguística brasileira e formou gerações de professores em nosso país. Há já alguns anos iniciou esta carreira de cronista-blogueiro e foi juntando mais leitores e colaboradores. O nome de seu blog vem de sua obra mais importante, Portos de Passagem, um verdadeiro marco em nossa Educação, ao lado de O texto na sala de aula, A aula como acontecimento, entre outros. Como pesquisador, é um dos mais reconhecidos intérpretes e divulgadores da Obra de Mikhail Bakhtin no Brasil, tendo publicado inúmeros livros e artigos sobre a teoria do autor russo.
É muito triste professor!