Parece que o TSE só leva em consideração ataques que lhe sejam dirigidos diretamente, quando a campanha do Bolsalão acusa as urnas eletrônicas, o TSE de manobrar os resultados, estas coisas todas… Todos viram a vergonhosa coletiva convocada pela presidenta do tribunal, D. Rosa Weber, que não deixou por menos: se fez acompanhar do Gen. Sérgio Etchgoyen, prestando vassalagem desnecessária.
Mas é o todo do Judiciário que está partidarizado: desde as procuradorias aos juízes de 1ª. instância, que neste sentido seguem o exemplo que lhes dão os tribunais superiores. Que foi aquilo, aquela nota anódina do Presidente do STF quando veio a público a ameaça do “garoto” à instituição?
Agora, fiquemos com esta extraordinária decisão do juiz Luís Felipe Salomão, membro do TSE: não acatou pedido da campanha de Fernando Haddad para retirar das redes sociais a acusação de pedofilia que lhe faz o candidato fascista. Como todos sabem, páginas do livro de Haddad foram arrancadas, substituídas por outras e destas espúrias retiram texto que não está nos livros que todos temos dizendo que Haddad defende a pedofilia, a relação sexual de pai com filhas, e outras barbaridades que somente os imbecis bolsonaristas conseguem ler sem se envergonharem. E não só leem, também compartilham feitos robôs!
Pois o Senhor Juiz, em seu despacho em que decide manter no ar tais postagens caluniosas argumenta que se trata de liberdade de pensamento, expressão e informação e vai mais longe o Senhor Juiz fascista: “nos espaços para comentários é possível contrapor posições tomadas por internautas”. Uma teratologia.
Enquanto os de cima vão tomando decisões desta ordem, os abaixo vão proibindo qualquer debate ou discussão nos meios universitários. Houve até juizeco que proibiu uma aula sobre o fascismo! Ensinar o que foi e é o nazi-fascismo se tornou crime!!!
Muitas vezes afirmei aqui que estávamos numa ditadura do judiciário, com apoio da mídia tradicional e com a força da polícia, particularmente da PF. Neste processo eleitoral o poder evaporou e os juízes estão alvoroçados. O véu se rasgou. Agora o judiciário é simplesmente vassalo e presta serviços, com urgência e presteza, ao que há de mais torpe entre os militares brasileiros: o pensamento fascista.
Bom… prestar serviços pode resultar de uma imposição ou da servidão voluntária. Como a imposição não é explícita, a servidão voluntária emerge com vontade extrema de agradar e chegar aos resultados eleitorais que os patrões do judiciário querem. Lembremos que o Gen. Villas Boas já disse que somente aceita um resultado nestas eleições: a instauração pelo voto de um governo fascista.
O Gen. Mourão tem grande prestígio nas Forças Armadas. O boneco que somente sabe dizer, sobre qualquer assunto, o mesmo enunciado: “Vamos mudar isso aí”, provavelmente sem saber sequer qual a referência contextual do “isso aí” porque é incapaz de compreender qualquer coisa. O boneco será mantido vivo, no mínimo por dois anos, enquanto o Gen. Mourão governará do Palácio do Jaburu e depois diretamente do Planalto, cumpridas as regras constitucionais, porque não haverá “rompimento” com o sistema jurídico exceto aquele a que já estamos acostumados nas decisões judiciais do estilo das proibições ou das decisões teratológicas.
João Wanderley Geraldi é reconhecido pesquisador da linguística brasileira e formou gerações de professores em nosso país. Há já alguns anos iniciou esta carreira de cronista-blogueiro e foi juntando mais leitores e colaboradores. O nome de seu blog vem de sua obra mais importante, Portos de Passagem, um verdadeiro marco em nossa Educação, ao lado de O texto na sala de aula, A aula como acontecimento, entre outros. Como pesquisador, é um dos mais reconhecidos intérpretes e divulgadores da Obra de Mikhail Bakhtin no Brasil, tendo publicado inúmeros livros e artigos sobre a teoria do autor russo.
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