O DIA “D” DO BRASIL
José Kuiava
Hoje é o dia “D” do maior e do mais trágico ataque de julgamento político do Brasil – 24-01-2018 – julgamento a ser desferido pelo Tribunal Regional Federal de Porto Alegre, palco da nada “Santa Inquisição”. Dia e cenário em que o Lula será condenado sem crime, apenas como herege por não acreditar nas elites dominantes do Brasil, que não querem o Lula presidente de novo. Talvez, e com possibilidade muito remota, Lula será absolvido ou adiada a queima ao vivo na pilha de lenha em praça pública. O dia “D” no Brasil será ao avesso do sentido do Dia “D” da história mundial – 06 de junho de 1944. Lá, o dia “D” foi o início do processo que deu fim à Segunda Guerra Mundial. Aqui no Brasil – hoje – o dia “D”, será o início, o começo da tragédia política das eleições presidenciais de 2018 e o início das consequências sociais, políticas, educacionais, culturais para os próximos e trágicos anos para o povo brasileiro. Uma contradição dura. Uma luta, um confronto ideológico. O julgamento será ideológico, preferencial e não justo e imparcial. Outro golpe infestado e contaminado por interesses e privilégios das elites brasileiras contra a democracia e contra a maioria dos brasileiros, que deseja o Lula na presidência do Brasil. Este é mais um golpe sujo e vergonhoso dos grupos dominantes contra a soberania popular, quer dizer, a democracia.
Neste cenário – palco da tragédia judicial – me vem a ideia do Lula partido ao meio – a exemplo do “Conde Partido ao Meio”, de Ítalo Calvino. E com ele (Lula) todos nós individualmente, coletivamente e o Brasil inteiro estamos partidos ao meio longitudinalmente de corpo e alma. A grande maioria do povo brasileiro – a soberania popular – está do lado ético, sadio, honesto e íntegro do Lula; a outra parte – a elite corrupta e corrompida das elites – está do lado dos privilégios, lado dos crimes de apropriação do patrimônio do Estado, dos bens comuns, de todos, que dizem que o Lula também praticou. Isso porque eles vem praticando a vida inteira e querem continuar praticando. Pelos interesses destas minorias, Lula será condenado, preso e acima de tudo deve ser impedido de ser candidato nas próximas eleições presidenciais.
Assim, a sentença será política e não judicial. A certeza é quase absoluta da condenação do Lula. As possibilidades da absolvição são remotas e mínimas. Se houver a absolvição, será ardilosa. E o ardil, a estratégia astuciosa dos políticos de centro direita – partidos aliados – será a imagem, a condição de Lula condenado por crimes (que não cometeu) e candidato a presidente. A justiça pode condenar Lula criminalmente, mas não tirar o direito da elegibilidade. Esta é uma arma estratégica camuflada, sigilosa. Uma armadilha ideológica. Já imaginaram nas campanhas políticas na mídia os candidatos opositores de Lula gritar: “como pode, um condenado, criminoso, que deveria estar na cadeia, ser candidato a presidente do Brasil? Como podem votar num candidato condenado por crimes de corrupção? É imoral votar em criminoso condenado”! E mais, dirão: “quem votar no Lula é contra o Brasil, é criminoso também”.
Vamos ficar de olho nesta gente? Aliás, o povo brasileiro precisa ficar de olhos abertos dia e noite.
Cascavel, 24/01/2018.
José Kuiava
Professor, pesquisador, escritor
José Kuiava é Doutor em Educação pela Faculdade de Educação da Unicamp (2012). Atualmente é professor efetivo- professor sênior da Universidade Estadual do Oeste do Paraná. Tem experiência na área de Educação, com ênfase em Planejamento e Avaliação Educacional, atuando principalmente nos seguintes temas: autobiografias.inventário da produção acadêmica., corporeidade. ética e estética, seriedade, linguagem, literatura e ciências e riso.
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