O BRASIL ESTÁ QUEIMANDO – DE VERGONHA

O Brasil está queimando como jamais queimou em sua história. O mais triste é o fato do fogo não ser acidental. O fogo não cai do céu, é ateado por mãos humanas. Por bocas de chefes de estado. Cabeças humanas com cérebros atrofiados incendeiam as matas naturais da Amazônia dia e noite – deficit cerebral por ação do capital. Destroem a vida da mãe natureza – vital para o Brasil e para o mundo inteiro do planeta terra.

E as tragédias não se restringem às chamas dos milhares de focos nas florestas da Amazônia. As fogueiras da vergonha que estamos sofrendo por causa e conta das ofensas, das agressões ao Estado, à democracia, às instituições públicas e à sociedade civil, e acima de tudo, das agressões às brasileiras e aos brasileiros de bem, que lutam, zelam e praticam os princípios da dignidade humana, são fogueiras cada vez mais ardentes. Estas chamas da vergonha são as mais trágicas e destruidoras.

O velho e verdadeiro dístico popular “o bom exemplo vem de cima”, aqui e agora no Brasil, virou do avesso, postou-se ao contrário: “o mau exemplo vem de cima”. Assistimos diuturnamente no palco do Planalto cenas e falas de ódio, de raiva, de ofensas, de ameaças, de desrespeito, de ignorância, de mentiras, de autoritarismo… de quem deveria dar provas de amor, de respeito, de tolerância mútua, de educação, de democracia, de trabalho assíduo, de competência, de justiça, de verdade, de solidariedade e dignidade humanas. A imagem do Brasil perante o mundo arde em chamas. E muito mais por conta das estapafurdices do presidente Bolsonaro do que pela ardência das chamas das florestas da Amazônia. A fogueira das mentiras, das acusações é mais devastadora do que os fogos das matas. O forte combustível destas fogueiras da mentira é o cérebro atrofiado.

O presidente Bolsonaro adotou um novo dístico: “Fogo acima de tudo – fumaça acima de todos”, do jeito que José Simão escreveu na crônica no jornal Folha de S. Paulo, do dia 24 de agosto de 2019. Ele quer apagar o fogo da Amazônia jogando gasolina.

Estamos sendo queimados pelo moralismo de palanque. Sempre em postura de valentão, Bolsonaro responde às peguntas dos jornalistas sempre em linguagem e palavras grotescas, agressivas, frente às câmeras da mídia, ao vivo em cenas reais. Uma popularização grotesca de um autoritário, ora, montando cavalo, ora, no salão de cabeleireiro, outra, vem tocando berrante e com outras obscenidades. Quando o ator principal do teatro público troca o palco pelo palanque, é indício e hora de trocar a cadeira presidencial pelo divã. Ou pelo pelego, se fosse um gaúcho nato.

É o caso verdadeiro e real, quando alguém não consegue aparecer, ser referido e mencionado pela competência de governo para o bem do Brasil – para o bem de todos e não apenas para minorias privilegiadas – aparece pelas falas estapafúrdias.

O fato triste e aterrorizante é que tem os admiradores, os amantes, os seguidores – os bolsoalienados – que ateiam fogo e incendeiam a opinião pública. Ainda outro dia, nas manifestações em Curitiba, um manifestante estava exibindo um cartaz com a inscrição: “Moro, o guardião da corrupção”. Isso mesmo, “guardião da corrupção”. Está certo! Verdadeiro! O guardião é o guarda que cuida de alguém ou de alguma coisa. Guardião é aquele que protege. Moro protegendo a corrupção. Defendendo a corrupção dos seus amigos e compardidários. Esse sentido invertido é a prova de cérebros atrofiados de parte da nossa sociedade. Por medo ou por omissão, outra boa parcela do nosso público se cala – os envergonhados e os medrosos.

Assim, o Brasil continua sendo queimado por consequência de uma eleição nefasta. As chamas das infinitas obscenidades de quem tem o dever de praticar o respeito humano continuam a nos queimar, todos os dias durante dia e noite.

Um alento, a  popularidade de Bolsonaro também está queimando.

É urgente atear fogo nas mentiras e salvar a Amazônia e o Brasil.

José Kuiava Contributor

Professor, pesquisador, escritor
José Kuiava é Doutor em Educação pela Faculdade de Educação da Unicamp (2012). Atualmente é professor efetivo- professor sênior da Universidade Estadual do Oeste do Paraná. Tem experiência na área de Educação, com ênfase em Planejamento e Avaliação Educacional, atuando principalmente nos seguintes temas: autobiografias.inventário da produção acadêmica., corporeidade. ética e estética, seriedade, linguagem, literatura e ciências e riso.