O capital sempre encontra os agentes que, apontado o dedo, seguem-lhe a direção. Estes agentes aparecem como autores e coautores dos crimes do capital. A terceirização, esta tragédia nas relações capital/trabalho teve estes agentes inesquecíveis! Alguns até por ingenuidade ou confiança demasiada em sua base parlamentar.
Enumeremos estes agentes históricos para não os esquecer jamais:
- Fernando Henrique Cardoso, o sociólogo que se apequenou pedindo que esquecêssemos o que tinha escrito! De autor, se tornou agente do dedo do capital. Foi ele quem encaminhou o projeto de lei aprovado agora pela pior e mais corrupta Câmara Federal que a população elegeu.
- João Paulo Cunha, presidente da Câmara dos Deputados que recebeu o pedido, agosto de 2003, de retirada do projeto de lei enviado pelo executivo do governo anterior. Não leu o pedido no plenário e por isso não o tornou oficial a retirada do projeto que foi para a gaveta mas permaneceu como projeto de lei, já aprovado pela Câmara, e modificado pelo Senado, havia voltado para a segunda votação da Câmara. Não houve tempo para FHC realizar seu sonho… e
- Rodrigo Maia, atual presidente da Câmara, eleito pela primeira vez até com votos do PT para evitar problemas com um presidente vinculado a Eduardo Cunha. Tudo para facilitar a vida de Michel Temer… Pois agora, no seu segundo mandato na Presidência, desengavetou o projeto e o aprovou em plenário. Subiu para a sanção do Temerbroso.
- O Senado Federal, obediente aos ditames do governo FHC, aprovou a terceirização. Agora quer dar uma de bonzinho: pede que o usurpador não sancione a lei porque tramita um outro projeto no Senado, um pouco mais benigno… mas sempre terceirizando.
- Jacques Wagner, Ministro do Trabalho em 2003 que não acompanhou o pedido da Presidência da República, confiando que enviado o pedido, tudo estava resolvido… Em política, confiar pode ser fatal!
- As centrais sindicais que na época não acompanharam o processo…
Bom, agora entrou a bancada do PT no STF pedindo a anulação da votação com base no ato do Presidente Lula de agosto de 2003. Com um judiciário que temos, com o STF que temos, alguém acredita que haverá julgamento contrário aos interesses do capital e dos capitães do momento? Por milagre, por milagre… A Vós impetramos um milagre, meu Santo Antônio: desfaça este casamento do capital com o judiciário apadrinhado pelos políticos. E deixai que o trabalho tenha algum valor ante o capital. Vos rogamos contritos… meu Santinho. Quem pode dar casamento, bem pode dar descasório.
João Wanderley Geraldi é reconhecido pesquisador da linguística brasileira e formou gerações de professores em nosso país. Há já alguns anos iniciou esta carreira de cronista-blogueiro e foi juntando mais leitores e colaboradores. O nome de seu blog vem de sua obra mais importante, Portos de Passagem, um verdadeiro marco em nossa Educação, ao lado de O texto na sala de aula, A aula como acontecimento, entre outros. Como pesquisador, é um dos mais reconhecidos intérpretes e divulgadores da Obra de Mikhail Bakhtin no Brasil, tendo publicado inúmeros livros e artigos sobre a teoria do autor russo.
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