A cada pesquisa de opinião, o golpista Michel Temer perde pontos em sua aprovação. Agora chegou a um patamar desconhecido na história: tem 3% de aprovação! E é com esta “popularidade” que o atual invasor (aqui sim, temos invasão e não ocupação) do Palácio do Planalto (onde não consegue dormir de medo de fantasmas…) vai realizando reformas profundas nas relações entre capital e trabalho (a Reforma Trabalhista e a terceirização indiscriminada), nas relações de solidariedade social (com o fim de programas que davam a todos uma garantia de sobrevivência com o corte orçamentário de 98% na área de serviços sociais), nas relações pedagógicas reduzindo a possibilidade de uma formação integral em benefício de um tempo integral para itinerários falsamente diversificados (a reforma do ensino médio, em que o governo oferece o que não poderá realizar pois não dispõe nem disporá dos recursos prometidos – atualmente está procurando um empréstimo para dar conta de recursos que deveriam ser destinados aos estados neste ano de 2017), nas possibilidades de futuro com educação e saúde (com o congelamento orçamentário – a PEC do fim do mundo – nas áreas de saúde e educação para os próximos 20 anos, independentemente do crescimento das necessidades da população), nas relações seguridade social (na famigerada proposta de reforma da previdência, que acabará com os horizontes de vida digna na velhice). E assim segue o duplamente denunciado Michel Temerbroso.
E tudo isso faz com o apoio de um congresso nacional que aposta na desmemória de seus eleitores. Ou no poder econômico, ou no poder da violência ou no poder religioso: um deles que os reconduzirá às benesses da traição e das vendas descaradas de seus votos. Não representam a ninguém, exceto a seus próprios interesses. Se representassem, com uma desaprovação de 97% dada ao diretor do balcão de negócios em que se locupletam, teriam no mínimo certa vergonha e fariam tudo um pouco às escondidas. Que nada! É tudo às claras, nas fuças dos eleitores.
Mas com a Bíblia em punho os pastores e bispos neopentecostais e evangélicos os reconduzirão. O boi mugirá, e o agronegócio financiará. E o medo da violência causada pela miserabilidade lhes dará a bala de que precisam para voltarem ao covil chamado Congresso Nacional.
No arquivamento da primeira denúncia do Temerbroso, o Brasil ficou envergonhado com os milhões gastos para a compra de votos necessários. Nesta segunda denúncia, as negociações estão em andamento desavergonhadamente. E mesmo antes de seus fechos, o partido “sustentáculo da miserabilidade e do austerocídio fiscal”, o PSDB, já ofereceu, em seu discurso da servidão voluntária, todo o apoio ao arquivamento do processo. Nada de investigar aquele que jogamos na cadeira presidencial através de um golpe, articulado e bem conduzido pelo seu corrupto candidato, Aécio Neves. O furto das coisas públicas fazia muito pó e a gente pensava que era somente pó. Não era! Era a movimentação rápida das malas pelos corredores que levantava o pó que nos cegava. O pó não desapareceu, mas apareceram seus motivos.
Por isso estou defendendo uma ideia: não reeleger nenhum senador ou deputado. Só podem retornar para Brasília aqueles que ficaram, no mínimo, quatro anos de quarentena, cá no rés do chão, como cidadãos e convivendo com cidadãos. Por lá, eles perdem o contato e por isso precisam desta quarentena entre nós, para sua reeducação.
João Wanderley Geraldi é reconhecido pesquisador da linguística brasileira e formou gerações de professores em nosso país. Há já alguns anos iniciou esta carreira de cronista-blogueiro e foi juntando mais leitores e colaboradores. O nome de seu blog vem de sua obra mais importante, Portos de Passagem, um verdadeiro marco em nossa Educação, ao lado de O texto na sala de aula, A aula como acontecimento, entre outros. Como pesquisador, é um dos mais reconhecidos intérpretes e divulgadores da Obra de Mikhail Bakhtin no Brasil, tendo publicado inúmeros livros e artigos sobre a teoria do autor russo.
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