O presidente Bolsonaro insiste e persiste em matar a democracia e, em seu lugar, inventou a filhocracia. A cada dia que passa, Bolsonaro toma medidas filhocráticas toscas a mando e por decisões, imposições dos filhos.
As medidas, para proteger os próprios filhos de processos infinitos e infindáveis abusos de mando, de apropriação indevida e de roubos do patrimônio público, extrapolam as responsabilidades e atribuições das instituições democráticas da nação e da sociedade brasileira.
Essa escalada do autoritarismo tosco, devastador, destruidor dos valores institucionais e humanos está se constituindo num processo de desmantelamento corrosivo da nossa frágil e anêmica democracia. E o fato mais aterrorizante é que os golpes de autoritarismo nem sempre disparam os sistemas de alarme da sociedade política e da sociedade civil (não)organizada.
Substituir e nomear juízes, ministros, diretores da polícia federal – ocupantes de cargos de direção por mérito de competência e qualificação profissional – por aliados partidários e comparsas da família, em atitudes, gestos e palavras de arrogância, é próprio de chefes autocráticos eleitos.
Temos um governo marcado – infectado – pelo autoritarismo, pela mediocridade, pela ignorância e pela incompetência de administrar a nação para o bem de todos. Um governo de condomínio – familiar – a filhocracia. O pai e os filhos eleitos exibem um verniz de democracia junto à opinião pública porque eleitos para os cargos que ocupam, enquanto por dentro corroem a democracia pela corrupção familiar e parceira. Esses são os autocratas eleitos e essa é a forma de subverter a democracia, aparelhando instituições e órgãos do executivo, do legislativo, dos tribunais de justiça.
A palavra “filhocracia” foi inventada pelo cronista da Folha de S. Paulo, José Simão, 14 de setembro de 2019: “E o Carluxo não gosta de vias democráticas. Gosta de vias Filhocráticas! Abaixo a Democracia! Viva a Filhocracia!”
Um filho vai visitar o pai no hospital e pousa para as câmeras de arma na cintura. Outro filho quer ser embaixador nos Estados Unidos sem as mínimas condições para exercer o cargo político com diplomacia que o cargo exige. O mais dramático é que um terceiro filho interfere junto ao pai para impedir investigações sobre crimes cometidos no exercício de cargos políticos – crimes tributários, lavagens de dinheiro, paralisação das investigações do assassinato de Marielle…
Ao capturar os investigadores dos crimes e indicar um nome de aliado para Procurador Geral da República, em vez de um nome indicado por quem de direito constitucional, é a prova cabal da morte das instituições democráticas.
Prevalecem os interesses da família em vez de garantir o bem geral da nação.
Professor, pesquisador, escritor
José Kuiava é Doutor em Educação pela Faculdade de Educação da Unicamp (2012). Atualmente é professor efetivo- professor sênior da Universidade Estadual do Oeste do Paraná. Tem experiência na área de Educação, com ênfase em Planejamento e Avaliação Educacional, atuando principalmente nos seguintes temas: autobiografias.inventário da produção acadêmica., corporeidade. ética e estética, seriedade, linguagem, literatura e ciências e riso.
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