MBL: eheheheheh! Os Kimboys estão pondo a boca no trombone

De repente, vemos que alguma coisa está no ar! Tudo indica que a falsa ingenuidade, quando não escrota ingenuidade, começa a fazer água… Houve ingênuos de fato? Talvez, só talvez. Porque quando esta parecia ser verdadeira, por baixo dos panos o que havia mesmo era ódio de classe, medo desta chegada dos eternamente não convidados – o povo – a que tinham acesso os ricos e a classe média enriquecida, e de cujas migalhas se locupletava a classe média em geral, olhando para cima e aspirando “chegar lá”, porque “eu mereço!”.

Indícios de mudanças? São ainda fumaças… Mas onde há fumaça, diz o ditado, há fogo. E as labaredas estão clareando os pensamentos de alguns que depositaram toda sua confiança nos “Kim Kataguari” brasileiros, arremedos atrasados dos jovens esquadrões da SS nazista.

O segredo era de polichinelo: todos, absolutamente todos, até os “ingênuos de carteirinha” sabiam que o MBL era financiado, recebendo inclusive recursos de fora do país através de Fundações com filiais cá dentro. Mas o que agora aparece é algo mais interessante: a dnúncia vem de dentro do próprio MBL!

Primeiro, foi a Revista Piauí que veio a público com sua reportagem com base na participação do repórter no WhatsApp do grupo (foram 685 páginas de transcrições de mensagens entre militantes e  executivos do mercado financeiro). Só para dar o gosto do que veio a público: 

“A reportagem teve acesso ao histórico de conversas do grupo no período de 25 de julho a 27 de setembro. Criado por um “entusiasta do MBL”, o grupo de WhatsApp funciona como canal entre o movimento e executivos de médio e alto escalão do mercado financeiro. Com mais de 150 funcionários de empresas como Banco Safra e XP Investimentos, o objetivo inicial do grupo era levantar dinheiro para o movimento e levar pautas dos executivos para discussões internas. (…)

Embora não faltem críticas aos ex-presidentes Lula e Dilma Rousseff, ao PT, ao PSOL e à Rede, críticas ao deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ) e ao apresentador de TV Luciano Huck, virtuais candidatos ao Planalto, aparecem com mais força. Enquanto Bolsonaro é chamado de “tosco”, “ignorante”, “sem noção” e “inadmissível”, Huck é visto como um perigo por sua eventual capacidade de “diluir o voto da direita”. “Huck é lixo. Politicamente correto, desarmamentista, ambientalista de boutique, intervencionista”, escreveu Santos. (…)

 

No grupo de WhatsApp, os executivos do mercado financeiro informavam valores de doações. Em um período de duas semanas, a troca de mensagens apontou, diz a reportagem, um volume total de doações de 50 mil reais para o MBL.”

(https://www.pragmatismopolitico.com.br/2017/10/whatsapp-do-mbl-revela-maracutaias.html).

Agora, é um ex-dirigente do MBL/Espírito Santo que dá longa entrevista ao DCM. (http://www.diariodocentrodomundo.com.br/pmdb-deu-dinheiro-casa-e-carro-para-o-mbl-ex-dirigente-do-movimento-fala-ao-dcm-por-sacramento/). Bráulio Fazolo se desligou do MBL em 12.06.2016 com a seguinte mensagem:

“Estou saindo da coordenação do Movimento Brasil Livre Espírito Santo representado aqui na figura de sua coordenadora geral Raquel Gerde pelos seguintes fatos. Após a sua confirmação pessoal de filiação ao PMDB e pela sua postura pessoal que vem defendendo de forma aberta escancarada esse partido, usando a mim e as pessoas do movimento para auto promoção política, não compactuo com corrupção e não defendo corrupto, defender o PMDB que é um partido tão corrupto quanto o PT é fazer associação criminosa”.

Raquel Gerde, a coordenadora do MBL/ES e membro da coordenação nacional dos Kimboys, não só se filiou ao PMDB. Passou a defender o partido, orientando a todos que não se podia “bater no partido”! Gerde foi, pasmem, candidata a deputada estadual em 2014 pelo PC do B!

A se dar crédito ao ex-dirigente do MBL – em são consciência, pode-se dar crédito a militantes do MBL? – corre dinheiro grosso pelas veias do movimento, sem que qualquer prestação de contas que diga donde chegam e para onde vão os recursos! Acusa Bráulio Fazolo:

“O MBL se modificou bastante desde a votação do impeachment no Congresso. Uma coisa que eu quero que fique clara é que o movimento recebeu dinheiro do PMDB. Não só do PMDB mas de alguns outros partidos, mas vou citar o PMDB em especial porque o nome do partido foi falado internamente nas reuniões. É um assunto que a gente nunca levou para fora dos grupos internos, dos núcleos. O MBL tem vários grupos abertos para quem diz simpatizar com a causa, e essas situações não são levadas para esses grupos, são tratadas em grupos internos. Essa questão do PMDB ter destinado fundos para pixulecos, panfletos, movimentação de pessoas que foram a Brasília acompanhar o impeachment sempre foi tratada com bastante tranquilidade, porque eles passavam para a gente que o PMDB era uma peça fundamental no impeachment.”

Mesmo que as reclamações sejam motivadas sejam e venham a ser por não terem sido convidados para o festim, futuras denúncias hão de aparecer… e talvez alguns jovens descubram que Kim Kataguari, Rubens Nunes, Renan Santos, Fernando Holiday… são vinhos da mesma pipa podre que dizem condenar! E são todos candidatíssimos a cargos eleitorais no próximo ano!!! Para fazerem “lá” o que aqui denunciam sem prestar contas, desde já, dos recursos obscuros que recebem! Já chegarão “lá” escolados, formados e diplomados. 

João Wanderley Geraldi é reconhecido pesquisador da linguística brasileira e formou gerações de professores em nosso país. Há já alguns anos iniciou esta carreira de cronista-blogueiro e foi juntando mais leitores e colaboradores. O nome de seu blog vem de sua obra mais importante, Portos de Passagem, um verdadeiro marco em nossa Educação, ao lado de O texto na sala de aula, A aula como acontecimento, entre outros. Como pesquisador, é um dos mais reconhecidos intérpretes e divulgadores da Obra de Mikhail Bakhtin no Brasil, tendo publicado inúmeros livros e artigos sobre a teoria do autor russo.