José Serra e meus canários belgas

Houve um tempo em que o senador José Serra esteve em evidência. Quase diariamente uma foto de Serra ilustrava alguma de suas atividades – obviamente, sempre propostas em benefício das grandes petrolíferas e em prejuízo do país.

Depois começaram a aparecer denúncias de corrupção. O amigo Gilmar Mendes, a pedido do senador, declarou extintas todas as ações que tramitavam na justiça e em que Serra era réu! Tudo por decurso de prazo.

Assim, José Serra ficou livre e pode usufruir à vontade dos mais de vinte milhões de dólares armazenados em bancos suíços. Estes valores certamente, dado que Serra é ‘incorruptível’, e somente defende os interesses da Chevron porque a ama, têm sua procedência nos salários que recebe como professor aposentado da Unicamp somados aos muitos salários de prefeito, governador, ministro, senador…

No entanto, mesmo ‘perdoado’ por decurso de prazo, o senador sumiu dos noticiários. Alguns dizem – mas devem ser más línguas – que ele anda fora da casinha. Parece não ser verdade, porque vem articulando um novo golpe sobre o petróleo brasileiro. Aquele que conseguiu em 2016 lhe parece insuficiente. É preciso destruir definitivamente as ‘veleidades brasileiras’ de explorar seus recursos naturais, e para isso nada melhor do que afastar a Petrobrás de qualquer concorrência ou qualquer prioridade na escolha de campus de exploração do pré-sal. Vem por aí nova regulamentação que o senador está articulando.

Mas infelizmente para meus canários belgas, suas fotos não aparecem nos jornais. Quando apareciam, sempre estavam expostas ao forrar o chão da gaiola: punha as fotos para que os canários nela largassem suas titicas…

Isto porque sabe José Serra o que faz. Não é ingênuo. E fez de tudo para enriquecer a pobre filha Mônica Serra… tadinha, tenho uma pena dela. Porque sou um sonhador, torço para que o senador esteja dentro da casinha para ainda compreender o quanto destruiu este país.

João Wanderley Geraldi é reconhecido pesquisador da linguística brasileira e formou gerações de professores em nosso país. Há já alguns anos iniciou esta carreira de cronista-blogueiro e foi juntando mais leitores e colaboradores. O nome de seu blog vem de sua obra mais importante, Portos de Passagem, um verdadeiro marco em nossa Educação, ao lado de O texto na sala de aula, A aula como acontecimento, entre outros. Como pesquisador, é um dos mais reconhecidos intérpretes e divulgadores da Obra de Mikhail Bakhtin no Brasil, tendo publicado inúmeros livros e artigos sobre a teoria do autor russo.