Há tanto, a irritação é tanta, mas Gabeira nos leva às gargalhadas …

Há tanto voto para Lula. Há tanto voto 13, que o golpe arriou as calças e está de cócoras.  Seus dois candidatos explícitos, Geraldo Alckmin, conhecido como picolé de chuchu, amarga índices inferiores aos dois dígitos – ele que era para estar na cabeça! O segundo candidato, aquele que resmunga e não fala, responsável pela política econômica do governo e cujo bastão, pensavam eles, seria entregue a Pérsio Arrigo, pois este só se ouve que é candidato porque resmunga…

Então, fazer o quê? Ou o mercado abandona seus “queridinhos” e fecha questão com o fascismo – até que gostaria de ver o “príncipe dos sociólogos, o estadista de Higienópolis, pedindo votos para o fascismo brasileiro a mando do mercado!!!

Mas o mercado tem outra saída, e logo veremos isso começar a acontecer: Marina Silva, a madrinha da floresta, a voz mansa e inaudível. Mais uma vez ela se prestará ao serviço que vem executando nas eleições presidenciais: ser inflada, no passado para haver segundo turno (porque nunca foi levada a sério mesmo, a não ser pelo Banco Itaú); agora será inflada para que haja uma candidatura possível para o tal centro-direita, antigamente, muito antigamente, liderado pelo PSDB, partido que se encontra à beira do túmulo: já morreu, só falta enterrar.

Enquanto a mídia tradicional e hegemônica, a mídia de poucas famílias e de capilaridade exuberante, está censurando a população que não deve saber, segundo esta mídia, a agenda da candidatura do PT, que não deve saber quais suas propostas para recuperar o país, esta mesma mídia abrirá seus canhões: para se salvar, precisa elevar a floresteira do passado, a inefável Marina Silva para o segundo turno.

O problema é: com votos de quem? Dos que votam em Lula? Marina já perdeu todo o respeito dos eleitores de esquerda… ninguém confia nela. Nem os votos do PSOL, que detesta Lula, serão dela. Então não virão votos deste setor; neste território a banda da mídia tradicional não terá colheita.

Esperam somar as intenções de voto dos nanicos: Geraldo Alckmin, Álvaro Dias, Amoêdo. Mas todos juntos ajuntam um percentual minguado… Mas no salvemo-nos da mídia golpista, há que somar tudo, multiplicar o somado para ganhar do candidato do PT, seja Lula, seja Haddad que seguramente estará no segundo turno.

Mas o trabalho hercúleo a fazer é afastar o candidato do fascismo, aquele que representa mais claramente, mais explicitamente a cara da elite brasileira: escravocrata, racista, machista e dona do estado. Acontece que este monstro que se escondia agora foi despertado por esta mesma mídia e não quer voltar a sua toca, não quer mais ser uma massa de manobra da centro-direita de discurso melífluo e todo empenado, com bicos longos. Acabou este namoro! A elite está na rua e tem seu representante nestas eleições.

Como fazer? Que fazer? E agora? Nem com o Supremo e tudo a mídia conseguirá retirar os votos destes brucutus do passado para transferi-los à candidata que vão tentar inflar…

Fazendo a campanha do Lula, vamos rir muito deste esforço desesperado da mídia para que não haja o confronto que se anuncia: ou o Brasil se civiliza com a esquerda representada por Lula-Haddad, ou se brutaliza na monstruosidade de suas elites com a eleição.

E já temos o primeiro motivo para boas risadas: o convite do candidato fascista a Fernando Gabeira para ser ministro de seu governo. Um sucesso enorme, uma caminhada sem volta: do sequestro para o calção de crochê, do calção de crochê à bicicleta ecológica, para as fotos com o MBL e daí, num salto, para o ministério do desejado… Lacerda em seu túmulo se coça de inveja. Nem ele, tão preparado, conseguiu sair da esquerda e se tornar tão confiável para a extrema direita. Gabeira é um sucesso.

João Wanderley Geraldi é reconhecido pesquisador da linguística brasileira e formou gerações de professores em nosso país. Há já alguns anos iniciou esta carreira de cronista-blogueiro e foi juntando mais leitores e colaboradores. O nome de seu blog vem de sua obra mais importante, Portos de Passagem, um verdadeiro marco em nossa Educação, ao lado de O texto na sala de aula, A aula como acontecimento, entre outros. Como pesquisador, é um dos mais reconhecidos intérpretes e divulgadores da Obra de Mikhail Bakhtin no Brasil, tendo publicado inúmeros livros e artigos sobre a teoria do autor russo.