O ministro Fux, que comprou o cargo de desembargadora do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro para sua filha, que chegou lá sem ter jamais assinado uma petição em juízo como advogada, sempre disposto a ultrapassar todo e qualquer limite de moralidade, desautorizou a decisão de Ricardo Lewandowski que autorizava a entrevista, que seria feita por Fernando Moraes, com o Presidente Lula.
A decisão monocrática do bolsonarista Luiz Fux contraria toda a prática do STF! Produz censura prévia, fere o princípio constitucional de liberdade de expressão… Lula está preso, mas não perdeu seus direitos políticos. Pode não ser candidato, porque o golpe de 2016 não quer e o judiciário, como instituição líder do golpe, dá a bênção ao que necessário for para a continuidade do golpe. Mas Lula tem direito à expressão, ao menos até o bolsonarista Fux entrar em jogo…
Acontece que este ministro amigo da Rede Globo, figura de uma antipatia singular e ampla, não tomaria esta decisão sem o apoio do dorminhoco presidente do STF… O sistema de “sorteio” cego do STF é cômico; a prática é suplantada pelos interesses mais imediatos do golpe: sobre um mesmo assunto, todo o processo deveria cair nas mãos do mesmo ministro, exceto quando o general assessor trazido para o comando do STF por Dias Toffoli decidir que não é assim. Rocha Paiva deve ter mandado o “sorteio” cego distribuir para Fux um processo sobre o mesmo tema que já estava nas mãos de Lewandowski… Incrível.
Enquanto isso, Dias Toffoli dormia e continuará a dormir nos próximos dois anos. Se havia alguém que tinha esperança que os tempos calamitosos de D. Carmen Lúcia tinham acabado, agora está vendo que eles se aprofundaram sob a batuta do ex advogado de sindicatos, vendido ao golpe: não desautorizou Fux. Segundo o jornalista Luís Nassif, não só desautorizou, mas seguramente teria participado da decisão!!!
Que concluir? Que o STF já está sob o comando militar. E Dias Toffoli continuará a ser a marionete, antes de Gilmar Mendes, agora do general Rocha Paiva. E Fux e Barroso e Carmen Lúcia e a colegial Rosa Weber poderão continuar a fazer o que querem quando querem e como querem, porque se já não havia constituição, não havia jurisprudência, agora também não há sequer respeito entre os pares… Que Ricardo Lewandowski se lixe.
Mas como a Folha de S. Paulo recorreu e o recurso está nas mãos de Lewandowski, logo saberemos se o presidente do impeachment que garantiu o aumento de mais de 40% para o Judiciário em 2016, vai retornar ao bom aprisco dos “homens de bem” – que é como se consideram os golpistas – ou se vai manter alguma hombridade e honestidade consigo próprio, atendendo ao que requer a abominável Folha de S. Paulo, que já percebeu que o golpe ficou sem candidato e que a aventura bolsonarista acabaria com seu próprio negócio, e agora quer publicar uma entrevista com o Presidente Lula que ajudou a pôr na cadeia, mesmo que não houvesse crime. Isto nos tempos de eu guri, se chamava puxa-saquismo… logo, a FSP estará lambendo Haddad…
E nós, pobres mortais, esperemos que Dias Toffoli jamais acorde de seu sono de “A Bela Adormecida” e que nenhum sapo o venha beijar… exceto, obviamente, o general assessor.
João Wanderley Geraldi é reconhecido pesquisador da linguística brasileira e formou gerações de professores em nosso país. Há já alguns anos iniciou esta carreira de cronista-blogueiro e foi juntando mais leitores e colaboradores. O nome de seu blog vem de sua obra mais importante, Portos de Passagem, um verdadeiro marco em nossa Educação, ao lado de O texto na sala de aula, A aula como acontecimento, entre outros. Como pesquisador, é um dos mais reconhecidos intérpretes e divulgadores da Obra de Mikhail Bakhtin no Brasil, tendo publicado inúmeros livros e artigos sobre a teoria do autor russo.
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