É estarrecedor ver e ouvir o vídeo promocional, em inglês, destinado a investidores estrangeiros, produzido pela Prefeitura Municipal de São Paulo, na gestão Dória (disponível no YouTube) . Repetindo o mantra neoliberal tacanho dos tucanos, o prefeito colocou a cidade à venda. No vídeo, explicitamente, são oferecidos para compra de quem se interessar:
- Interlagos
- Anhembi
- Estádio do Pacaembu
- Parque Ibirapuera
- Mercado Central
- Terminais de ônibus
- Comercialização de tickets de transporte
- Serviços funerários
- Iluminação pública
- Edifícios de propriedade do município
A lista é assombrosa! E a seguir a mesma cartilha privatizante escrita pelos tucanos, todas as avaliações destes bens serão baixíssimas, para que a imprensa nos atordoe, como já fez, elogiando os ágios, isto é, as ofertas acima do preço fixado, sem jamais fazer desconfiar que investidores não pagam por qualquer bem material mais do que ele vale, de preferência bem menos. Mas também não se arriscam a perder um bom negócio, oferecendo os preços mínimos fixados por um governo baseado numa avaliação ideológica de que tudo deve ser vendido a preço de banana porque manter o patrimônio público é despesa!!! Mais ou menos como você manter sua casa própria como sua fosse um desperdício tamanho que devesse vendê-la a preço vil não para investir novamente, mas para entregar de mão beijada à ganância financeira, lucros que obtêm com base em taxas de juros que você mesmo fixa para você mesmo pagar!!!
Vendendo o Parque Ibirapuera, como podem esperar os investidores lucros e retornos? Ora, poderão lotear o parque localizado em zona de alta exploração imobiliária. Talvez cobrar entrada para todo o sujeito que queira passear pelo parque (que brevemente deixará de existir). A venda incluirá o Museu? Quem sabe Dória ponha à venda todas as obras de arte que pertencem ao município… as estaduais, me admira muito, ainda não foram vendidas! Mas Geraldo Alckmin deverá aprender a lição com sua cria, seu pupilo dourado, o Sr. Dória, vendido à população de São Paulo como empresário, como não político. Será que os empresários teriam sempre a opção de vender patrimônio? Ou ao contrário, preferem acumular patrimônio? Um empresário seria o tipo de sujeito ingênuo cujo projeto seria empobrecer a todo custo??? Mas é o que o empresário-prefeito quer que aconteça com a cidade que governa: que empobreça em todos os sentidos, e se torne cinza. Ele muito que gostaria de repetir os crimes do Rio da Guarda, afogando como fez um governador da então Guanabara, os mendigos e moradores de rua. Como não tem costas tão quentes para se assegurar da impunidade, Dória constrói tabiques para esconder mendigos e moradores de rua… e os pinta de cinza, que é segundo ele a cor da limpeza!
E o pior está por vir: a direita tucana não tem outro candidato ao governo do Estado que não este “empresário”… ficará dois anos na Prefeitura, venderá o que puder, para lançar aqui e acolá alguns brilharecos na cidade, umas lantejoulas, umas missangas, e com isso se gabaritar ao salto para o governo do estado.
Estamos fritos e mal pagos…
João Wanderley Geraldi é reconhecido pesquisador da linguística brasileira e formou gerações de professores em nosso país. Há já alguns anos iniciou esta carreira de cronista-blogueiro e foi juntando mais leitores e colaboradores. O nome de seu blog vem de sua obra mais importante, Portos de Passagem, um verdadeiro marco em nossa Educação, ao lado de O texto na sala de aula, A aula como acontecimento, entre outros. Como pesquisador, é um dos mais reconhecidos intérpretes e divulgadores da Obra de Mikhail Bakhtin no Brasil, tendo publicado inúmeros livros e artigos sobre a teoria do autor russo.
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