Essa palavra presa na garganta!

A cada dia, apesar de todas as adversidades, nas escolas, institutos e universidades públicas são realizadas inúmeras ações que constroem o desenvolvimento do país na ciência, na tecnologia, na inovação, na formação de pessoal, na inclusão social etc..

Entretanto, as universidades públicas têm sido palco de verdadeiros espetáculos em torno de operações policiais desproporcionais. E por que desproporcionais? Porque políticos do mais alto escalão têm sua cara e sua voz estampadas em vergonhosas filmagens que denunciam seus atos de corrupção e, mesmo assim, são absolvidos. Em outra proporção, as universidades são ocupadas por policiais, agentes fiscais e auditores que conduzem coercitivamente os servidores e armam o circo… e só depois a atribuição de responsabilidades é apurada. Algumas, tarde demais…

Por que a Torre de marfim quer tanto derrubar o equilibrista?!   

Em dias de muita dureza, é preciso procurar conforto na arte… Quando vejo a UFPR, UFSC, UFRGS, UFMG como alvo de truculências, me lembro também de Paulo Leminski, Dalton Trevisan, Érico Veríssimo, Mário Quintana, Nelson Gonçalves, Darcy Ribeiro, Paulinho Pedra Azul, Murilo Rubião, Milton Nascimento, Guimarães Rosa e tantos outros.

E é preciso lembrar que não se está sozinho….

“Há muito tempo que eu saí de casa
Há muito tempo que eu caí na estrada
Há muito tempo que eu estou na vida
Foi assim que eu quis, e assim eu sou feliz

Principalmente por poder voltar
A todos os lugares onde já cheguei
Pois lá deixei um prato de comida
Um abraço amigo, um canto pra dormir e sonhar

E aprendi que se depende sempre
De tanta, muita, diferente gente
Toda pessoa sempre é as marcas
Das lições diárias de outras tantas pessoas

E é tão bonito quando a gente entende
Que a gente é tanta gente onde quer que a gente vá
E é tão bonito quando a gente sente
Que nunca está sozinho por mais que pense estar

É tão bonito quando a gente pisa firme
Nessas linhas que estão nas palmas de nossas mãos
É tão bonito quando a gente vai à vida
Nos caminhos onde bate, bem mais forte o coração.”

(Gonzaguinha)

 

Cristina de Araújo escreve neste blog às segundas-feiras.

Professora, pesquisadora e escritora
Cristina Batista de Araújo é professora Adjunta da Universidade Federal de Mato Grosso, desde 2009. Doutora em Letras e Linguística, pela Universidade Federal de Goiás. Tem experiência na área de ensino de língua portuguesa, tendo atuado durante 14 anos na Educação Básica pública e privada e em Escola do Campo. Desenvolve pesquisas em Análise do Discurso, com ênfase em linguagem, educação e mídia. Coordena grupo de estudantes-pesquisadores em nível de graduação e pós-graduação nos seguintes temas: letramento, ensino de língua, comunicação e mídia, discurso, história e subjetivação. É autora da obra Discurso e cotidiano escolar: saberes e sujeitos.