Cada vez mais a gente descobre: não existe o fundo do poço. O poço da ilegalidade e do mau caratismo de decisões fundadas nos desejos e convicções introjetados nas mentes pelo martelar contínuo da mesma mídia é um bom exemplo do que seja o infinito. Um exemplo didático da infinitude do universo.
Não importa a vergonha por que o sistema passa no mundo. Qualquer decisor está acima destas vergonhas e legalidades. Como disse o vice-presidente Pedro Aleixo quando da edição do AI-5: o problema é o guarda da esquina. Empodeirados a mais não poder, exerce-se o poder e ponto final. Que estrilem as leis, que estrilem os desabonados Esquivel e Leonardo Boff e outros menos votados. E apliquem multas a quem continua a se manifestar contra a prisão de Lula… sabem, uma multa que se aplica a anônimos é uma inovação legal. Mas de inovações estamos repletos e de saco cheio: o Dr. Angélico escreveu estas anomalias numa sentença, logo são lei – uma condenação por atos inespecíficos em tempos indeterminados… Haja inovação! Nem os Imperadores Romanos chegaram a tanta inovação no direito romano. Eram ao menos mais diretos: mandavam matar.
As lágrimas de Leonardo Boff e sua foto, sentado à frente da sede da Polícia Federal da república curitibana, acabarão ganhando o mundo. E são fotos que não estavam no cardápio que o sistema queria servir ao mundo. O sistema pensava que a foto de um Lula algemado ganharia mundo. Mas foi a foto de um Lula carregado pelo povo que ganhou as páginas dos principais jornais, além de circular entre milhões nas redes sociais.
E o sistema não quer parar de produzir fatos e fotos que o desabone. Continuará a “proferir” decisões as mais estapafúrdias, desde que com isso consiga manter o isolamento de Lula, apostando no esquecimento.
Acontece que o povo brasileiro não esqueceu até hoje Getúlio Vargas, mas nem sabe quem foi Lacerda! O estadista de Higienópolis, FHC, tentou enterrar a memória de Getúlio, e enterrou a si mesmo nas babas de sua vaidade.
D. Maria I, a Louca, a primeira cabeça coroada que pisou nosso solo com seu filho regente d. João VI, ressuscitou a loucura dos serventuários do poder. Desde tempos imemoráveis de nossa história a elite brasileira foi espetaculosa.
Mas os espetáculos de agora, de espetáculo a espetáculo, estão resgando a fantasia.
Quando aparecerá a nudez?
João Wanderley Geraldi é reconhecido pesquisador da linguística brasileira e formou gerações de professores em nosso país. Há já alguns anos iniciou esta carreira de cronista-blogueiro e foi juntando mais leitores e colaboradores. O nome de seu blog vem de sua obra mais importante, Portos de Passagem, um verdadeiro marco em nossa Educação, ao lado de O texto na sala de aula, A aula como acontecimento, entre outros. Como pesquisador, é um dos mais reconhecidos intérpretes e divulgadores da Obra de Mikhail Bakhtin no Brasil, tendo publicado inúmeros livros e artigos sobre a teoria do autor russo.
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