Os últimos acontecimentos dão razão a Kiko Nogueira quando profetizou que as manifestações ao estilo da ocorrida em Charlottestville (Virgínia-EEUU) viriam a acontecer em nosso país, com o avanço da extrema direita.
É inacreditável que a polícia paulista invada uma audiência pública no campus de uma universidade, a Unifesp, em Santos, para fazer valerem seus argumentos através da força e da ameaça (inclusive de morte). Não compareceram como cidadãos para discutir, mas como policiais militares, uniformizados e armados! Ameaçadores. Acostumados a usar da autoridade, foram autoritários, impuseram “vitórias” e com seus parceiros nazifascistas aproveitaram a ocasião para propaganda eleitoral a favor de Bolsonaro. Querem pouco estes polícias: falsificar a história (o golpe militar de 1964 deve ser encoberto com o nome de revolução de 1964; direitos humanos devem desaparecer porque só aplicáveis a quem eles entendem ser “direitos” (por exemplo, aqueles que pagam propinas para terem segurança em seus estabelecimentos estariam, obviamente, em os humanos direitos; os que não pagam estariam entre o sem direitos e por isso sujeitos à matança); querem que a escola feche os olhos para a existência de diferentes modos de ser e estar no mundo. Querem, pois, uma escola falsa, falsa para apagar a história e a realidade.
Enquanto isso tudo acontecia em Santos, como se não bastasse, o MBL nazifascista denuncia “anonimamente” professores e diretores de escolas junto ao Ministério Público Federal que dá ouvidos às denúncias e chamam diretores para prestar esclarecimentos… E notem: procuradores não são ignorantes como a maioria da polícia! São formados por nossas universidades, sabem que as denúncias ferem o direito ao conhecimento e atentam contra a liberdade de ensinar e de aprender. Que aprenderam estes procuradores em seus cursos superiores? A se pensarem superiores??? Como fazem parte do “estamento” ou da “casta” do judiciário, e já que juízes são deuses, eles devem se considerar no mínimo arcanjos em luta contra os demônios, isto é, contra qualquer cidadão desde que eles tenham “convicção” de que ele seja qualquer coisa que eles decidirem que está fora da lei…
E juízes ao estilo Sérgio Moro condenam por fatos “inespecíficos”, partidos em “tempos indeterminados”!
Realmente estamos nos aproximando muito rapidamente a um regime nazifascista no Brasil. Os inocentes batedores de panelas, fardados com suas camisas amarelas, despertaram o monstro existente na elite, na classe média e nos elevados a autoridades em nossas instituições. Até mesmo ministros do STF se dão ao direito de chamar de “organização criminosa” um partido, mesmo que não tenha provas que lhe permitam dizer isso, porque se tornaram não mais ministros da corte suprema, mas simplesmente militantes partidários e golpistas de primeira hora, como é o caso do ministro Gilmar Mentes, aquele que mantinha conversações com o paladino da honradez, o cassado senador Demóstenes Torres e que ficou de cabelos em pé imaginando a possibilidade de estarem estas “conversas republicanas” sendo gravadas!!!
Tudo indica: Lula será preso; Alckmin e sua criatura Dória brigam entre si, uma briga de foice e martelo, só para lembrar um símbolo que detestam; José Serra está fora da casinha – menos para receber alguns milhões dos irmãos Batista. Sobrará o “sóbrio”, o “cometido” Bolsonaro. Que merda de país o golpe de 2016 está produzindo!!!! E na história ficará registrado este golpe parlamentar como o início de uma ditadura em que a polícia e procuradores pdoerão fazer o que quiserem sob as bênçãos do poder judiciário.
João Wanderley Geraldi é reconhecido pesquisador da linguística brasileira e formou gerações de professores em nosso país. Há já alguns anos iniciou esta carreira de cronista-blogueiro e foi juntando mais leitores e colaboradores. O nome de seu blog vem de sua obra mais importante, Portos de Passagem, um verdadeiro marco em nossa Educação, ao lado de O texto na sala de aula, A aula como acontecimento, entre outros. Como pesquisador, é um dos mais reconhecidos intérpretes e divulgadores da Obra de Mikhail Bakhtin no Brasil, tendo publicado inúmeros livros e artigos sobre a teoria do autor russo.
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