Não importa de que disciplina você dá aulas, não importa o nível de ensino em que você atua. É PRECISO VER COM OS ALUNOS O FILME “A ONDA”.
Este é um apelo de professor aposentado!!! Já não tenho turmas, já não dou aulas. Mas participei da formação de muitos professores e é a eles que peço: levem urgentemente este filme para a sala de aula (de preferência a versão alemã, Die Welle, dirigido por Dennis Gansel; não encontrando, a versão norte-americana, The Wave, dirigido por Alex Grasshoff).
Estamos vivendo já há um bom tempo, mas agora recrudesce, a emergência de uma SS brasileira, que segue o mesmo modelo do surgimento da SS hitlerista. Inicialmente, ações de militantes simpáticos a Hitler. Foram num crescendo até a “a noite dos cristais”. Sempre trabalho voluntário e militante, sem um comando específico e sem hierarquia. Eles também tinham apenas um líder que pregava a violência e que apontava o inimigo (no caso alemão, os judeus, os comunistas, os homossexuais; no caso brasileiro, qualquer adversário político ou que não comungue os mesmos lemas – que eles não professam ideias, repetem lemas – e a comunidade LGBTQ).
Os fatos alarmantes que chegam ao conhecimento de todos deveriam envergonhar até os conservadores de direita, como FHC ou Roberto Freire. Não envergonham. Eles estão agindo precisamente como agiram os conservadores alemães! Na Alemanha, deu no que deu.
Alguém imagina que estes jovens que esfaqueiam, que desenha a canivete suásticas no corpo de adversário, que agridem com garrafas quebradas, que agem em bando (nunca estão sozinhos, porque sozinhos são covardes), publicados os resultados das eleições, simplesmente voltarão para suas casas, com calma, tranquilos, simplesmente felizes com a sua possível vitória? Jamais! Então, vitoriosos, se sentirão mais do que nunca autorizados…
E estão sendo autorizados pelo nosso sistema policial, pelo nosso judiciário! Depois serão também autorizados oficialmente pelo Executivo. Cerrarão fileiras na SS-Brasil, na forma de uma organização social financiada pelo governo, como foi a SS de Hitler.
Pra evitar isso, meu apelo: qualquer que seja a versão, vejam o filme A ONDA em sua escola. Organizem-se em grupo de professores para fazer isso e não serem perseguidos. O momento é de coragem. Se não a tivermos agora, também não a teremos daqui a alguns meses quando entraremos todos em atividades clandestinas para sermos fieis a nossos princípios e a nossos ideais.
João Wanderley Geraldi é reconhecido pesquisador da linguística brasileira e formou gerações de professores em nosso país. Há já alguns anos iniciou esta carreira de cronista-blogueiro e foi juntando mais leitores e colaboradores. O nome de seu blog vem de sua obra mais importante, Portos de Passagem, um verdadeiro marco em nossa Educação, ao lado de O texto na sala de aula, A aula como acontecimento, entre outros. Como pesquisador, é um dos mais reconhecidos intérpretes e divulgadores da Obra de Mikhail Bakhtin no Brasil, tendo publicado inúmeros livros e artigos sobre a teoria do autor russo.
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