E o Meirelles, hein? Quanta lambança!

Do alto de sua prepotência e mandonismo – ele realmente é quem manda no governo porque todo ele está a serviço da mesma elite de que provém o ministro – Henrique Meirelles se declara candidato à Presidência da República, defendendo que o governo Temer terá candidato próprio. E, óbvio, ele seria o mais indicado segundo ele mesmo.

Depois de eleito deputado federal pelo PSDB, Henrique Meirelles trocou a eleição pelo cargo de Presidente do Banco Central: o governo Lula precisava indicar alguém que a elite (não tem nada de mercado, é elite mesmo) queria para continuar a enforcar o Brasil. Fez isso em troca dos vinténs que transferiu como renda para o trabalhador brasileiro. Pouco, mas foi o primeiro governo da república brasileira que enxergou o pobre como merecedor de seus direitos e não da caridade daqueles mesmos que os fazem pobres.

Pois Meirelles gostou tanto do poder que, eleita Dilma para o primeiro mandato, mandou recado: quero permanecer. Não permaneceu! Foi trocado. Voltou para a iniciativa privada, onde estão seus “eleitores”. Inclusive para a JBS de que foi presidente do Conselho (mas “isso não vem ao caso” nem para a CPMI da JBS!).

Garantida a condenação de Lula pelo TRF-4, como todos sabemos, assanha-se a arrogância de Meirelles. Parte do pressuposto – como também pensam os factoides e farsantes Huck e Dória – de que uma vez candidato, sem Lula no páreo, estarão eleitos pelo dinheiro que jorrara da elite que sempre explorou este país, inclusive vendendo-o a preço de banana desde que saia com algum lucro em seus bolsos. A elite brasileira é ave de rapina, sempre foi. E tem nojo de pobre!

Acontece que há outro candidato, além de Lula: Geraldo Alckmin, que não empolga ninguém, mas que vai trabalhando sorrateiramente para costurar sua candidatura em seu partido, aquele que é da base de Michel Temer, “pero no mucho”.

Auto lançada a candidatura do “homem dos bancos”, a vaca foi para o meio da sala da política e está sujando à vontade. E aí mesmo aqueles que proclamavam que continuariam apoiando “o que é bom para o Brasil” (segundo eles, a Reforma da Previdência, este assalto à vida dos trabalhadores) de dentro do PSDB começam a ameaçar, a espernear, a dizer que “assim não dá”. Ou seja, explicitamente assumem que o que pensam como “bom para o Brasil” só é bom se for bom para eles!!! Como a candidatura do ministro do Temer (e eu que pensava que a gente estava livre de fantasmas desde que o Serra ficou fora da caixinha!) não lhes sendo bom, então o que “era bom para o Brasil” deixou de ser bom e não querem mais votar na famigerada reforma…

E aí saem as “forças políticas” tentando apagar o fogo, tirar a vaca de dentro da sala… E o gato angorá, o famoso Moreira Franco, aquele que ganhou o estatuto de ministro para escapar das garras do justiceiro, vem a público pensando que está jogando água na fervura, mas efetivamente está é atiçando o fogo, ao defender que haverá, sim, candidato do governo, procedente dos “partidos aliados” (lembrem, o PSDB é e não, como sempre):    

— O nome virá com naturalidade, não temos que falar nisso ainda. O Meirelles é um quadro, mas temos que ter calma. O nome será escolhido com a participação dos partidos coligados — afirmou o ministro, sem comentar as declarações do ministro da Fazenda: — É natural que as candidaturas surjam, mas não é saudável que se comece pelos nomes. Temos que começar pelo que nos une. Temos uma base com ferramentas para uma candidatura extremamente forte, com mobilização eleitoral muito forte e que pode sobretudo garantir a governabilidade no futuro — disse Moreira Franco. https://oglobo.globo.com/brasil/meirelles-aprofunda-impasse-entre-pmdb-psdb-para-2018-22149938#ixzz50NqeFUgr 
Notem, estou citando uma fonte deles, daqueles que defendem Temer e seu governo com unhas e dentes!!! Nem eles conseguem esconder as derrapadas políticas do gato angorá. Mas como imaginam que o povo brasileiro não pensa, imaginam que a gente não está percebendo que eles estão pondo para escanteio o candidato do PSDB, que bem merece não ser eleito, mas cuja presença na política nacional, agora, mostra as lambanças deste grupelho de golpistas.

João Wanderley Geraldi é reconhecido pesquisador da linguística brasileira e formou gerações de professores em nosso país. Há já alguns anos iniciou esta carreira de cronista-blogueiro e foi juntando mais leitores e colaboradores. O nome de seu blog vem de sua obra mais importante, Portos de Passagem, um verdadeiro marco em nossa Educação, ao lado de O texto na sala de aula, A aula como acontecimento, entre outros. Como pesquisador, é um dos mais reconhecidos intérpretes e divulgadores da Obra de Mikhail Bakhtin no Brasil, tendo publicado inúmeros livros e artigos sobre a teoria do autor russo.