Lições irrefutáveis de uma boca suja
Não sei ser breve
não sei ser reles
não sei ser pano quente
sobre os fatos,
eis minha desgraça
Há papalvras cortadas
nas cartas que escrevo
há palavras que engulo
no seco,
viva a minha mentira
Me estendo na lama,
e assm acho alguma luz.
E falo desnecesseriamente a todos
A minha prolixidade
absurdamente de infância
já nãi vai à escola
só sabe ser lama,
A crueldade das pessoas
Esses meus colegas lamacentos
Já não me arrancam lágrimas
hoje me rendem versos
Confio na minha poesia
com o mesmo afinco
com que desconfio
dos ouvidos atentos a ela.
Naufrágio
De repente
o tempo é uma onda de tsunami
que passa por entre os dedos
e sangra a sua inutilidade,
O tempo pode ser tão sujo
como um esgoto
que pouco a pouco
inunda a cidade
o tempo às vezes é imundo,
o anti-tempo à piedade
Sonhei que tinha a chave do tempo,
muito longe numa caixinha
de madeira dourada,
mas a perdi em uma onda de ideias
e a caixinha morreu
……………………………………..
afogada
(Morgana Rech, Casa de Vidro, Rio : Editora Multifoco, 2014)
João Wanderley Geraldi é reconhecido pesquisador da linguística brasileira e formou gerações de professores em nosso país. Há já alguns anos iniciou esta carreira de cronista-blogueiro e foi juntando mais leitores e colaboradores. O nome de seu blog vem de sua obra mais importante, Portos de Passagem, um verdadeiro marco em nossa Educação, ao lado de O texto na sala de aula, A aula como acontecimento, entre outros. Como pesquisador, é um dos mais reconhecidos intérpretes e divulgadores da Obra de Mikhail Bakhtin no Brasil, tendo publicado inúmeros livros e artigos sobre a teoria do autor russo.
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