Raramente ouço rádio. No carro, prefiro ouvir música selecionada por mim. Hoje fui buscar a Judite (minha GPS) que estava sendo realimentada por técnicos. E escuto a CBN Brasil, num curtíssimo período entre 13,10 e 13,25. Foi o suficiente para prestar a atenção no emprego do discurso direto e indireto usado pela mídia. Em reportagem de Brasília, sobre parlamentares que respondem processos no STF, afirma-se que um em cada três líderes estão sendo processados. Entre eles, Agripino Maia, Humberto Costa e Russumano. Havia outros citados cujos nomes me escapam, inclusive um do PSDB, ex-governador afastado da Paraíba…
Na reportagem, o único que teve direito à voz própria foi Agripino Maia, que se defendeu dizendo que tem argumentos suficientes para derrubar a denúncia que é inverídica (desvio de dinheiro na construção da arena de Natal). Agripino falou na CBN Brasil durante 5 minutos. Os outros tiveram direito ao discurso indireto, em que a repórter disse que eles disseram que os processos a que respondem não influem em seus trabalhos como líderes.
Como se vê, o direito à fala é severamente controlado. Aliás, Foucault já mostrou isso e todos não se cansam de repeti-lo. Isto também me lembrou de texto que escrevi no passado sobre o direito à fala na nossa sociedade. Como ele está inédito, vou partilhá-lo aqui no próximo post.
João Wanderley Geraldi é reconhecido pesquisador da linguística brasileira e formou gerações de professores em nosso país. Há já alguns anos iniciou esta carreira de cronista-blogueiro e foi juntando mais leitores e colaboradores. O nome de seu blog vem de sua obra mais importante, Portos de Passagem, um verdadeiro marco em nossa Educação, ao lado de O texto na sala de aula, A aula como acontecimento, entre outros. Como pesquisador, é um dos mais reconhecidos intérpretes e divulgadores da Obra de Mikhail Bakhtin no Brasil, tendo publicado inúmeros livros e artigos sobre a teoria do autor russo.
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