Conselhos ao que já se considera o novo presidente, sendo ainda vic

A fila de automóveis, em comovente procissão, que se dirige ao Palácio Jaburu, residência do atual vice-presidente, o intimorato traíra Michel Temer, busca seu espaço nos ministérios do novo governo, quando ainda há governo porque um processo não chega a seu final antes do julgamento, exceto para a imprensa brasileira em que uma denúncia, seja qual for, é já uma verdade a ser espalhada por todos os cantos, destruindo as pessoas e suas reputações! Não esqueçamos jamais a Escola Base e a sacanagem da Folha de S. Paulo.

Serra se encera para ficar brilhoso e escorregadio, isto é, competente para qualquer ministério para o qual venha a ser convidado, desde que venha a ser convidado. Seu sonho de ser presidente  foi arquivado, de modo que lhe sobra no executivo somente exercer  cargos, desejados maiores, mas podem ser pequenos mesmo, como o Ministério do Turismo ou da Cultura. Em ambos ele criará ‘genéricos’ desde que lhe sobre alguma pecúnia. Obviamente, antes de aceitar os pequenos desejando os grandes ministérios, haverá dossiês. Que Henrique Meirelles e Armínio Fraga se preparem. Afinal, como sabe o Aécio, sempre há dossiês onde há Serra. E também sabe como o golpe pode ser público e baixo, afinal mereceu o artigo plantado por Serra ou serristas “Po de parar governador” na imprensa paulista.

Barros Paes se candidata ao ministério da educação, afinal está na Fundação Airton Sena, e o Alfa & Beto e o programa Acelera precisam de uma forcinha. Claro, você terá que conciliar estes interesses com outros, provenientes da Fundação Banco Itaú ou da Fundação Lehman. Infelizmente não dá para nomear três ministros para o mesmo ministério… Você terá que escolher!” Antes de fazer isso, converse muito para conciliar os diferentes interesses ou para fazer uma partilha adequada entre os três.

Gosto mesmo é de pensar em Bolsonaro no Ministério da (in)Justiça, comandando a PF. Ele merece sair da Câmara, afinal ele a considera algo inútil e afirma que a fecharia no primeiro dia se fosse presidente da república. Então, Michel Temer, traga-o para seu ministério. Se não houver vaga, crie um ministério, talvez o Ministério da Tortura: GESTAPO, KGB, KKK: Ku Klux Kan ou STASI são nomes apropriados para  este ministério, afinal há que ter singeleza e discrição, sem abrir demais as vocações reais, assim com discrição como se faz corrupção. A incompetência nesta área da corrupção é terrível: os exemplos recentes nos mostram que os caminhos devem ser trilhados com cuidados, sem cair na tentação dos mesmos esquemas já azeitados.

Eduardo Cunha acumulará os cargos de presidente da Câmara de Deputados, de vice-presidente (ocupará ele o Palácio Jaburu, para não deixá-lo vazio? Afinal, o vazio em política é sempre ocupado por outrem), além do cargo de réu do STF. Três cargos para um só é um exagero, Temer. Você deve distribuir de forma mais ampla estes cargos para que ninguém reclame de ter sido deixado para trás.

Para o Ministério renomeado, da Família e dos Direitos Humanos, a pessoa mais gabaritada para um governo comandado por você, é o Malafaia. Não o deixe de lado. Traga-o para o seu governo, para tranquilizar a classe média que, do contrário, irá para a rua novamente.

Qual será o prêmio para Sérgio Moro e para o procurador Dallagnol? Este último poderia vir a substituir o Rodrigo Janot, que terminado o seu tempo na PGR vai residir nos EEUU; Sérgio Moro, a partir de dezembro estará livre (quando, como deseja, se encerrará a Lava Jato) e poderá ocupar uma cadeira no STF (mas não esqueça, não substitua o Gilmar Mentes, este deve ficar por lá até apodrecer definitivamente).

Ah! Não esqueça de prestar vassalagem diária ao Farol Apagado de Alexandria, nosso estadista de Higienópolis. Não esqueça, ele é extremamente vaidoso, e fará biquinhos se você não ajoelhar-se ante sua pequena estatura.

João Wanderley Geraldi é reconhecido pesquisador da linguística brasileira e formou gerações de professores em nosso país. Há já alguns anos iniciou esta carreira de cronista-blogueiro e foi juntando mais leitores e colaboradores. O nome de seu blog vem de sua obra mais importante, Portos de Passagem, um verdadeiro marco em nossa Educação, ao lado de O texto na sala de aula, A aula como acontecimento, entre outros. Como pesquisador, é um dos mais reconhecidos intérpretes e divulgadores da Obra de Mikhail Bakhtin no Brasil, tendo publicado inúmeros livros e artigos sobre a teoria do autor russo.