por João Wanderley Geraldi | out 5, 2018 | Blog
A inclusão de um de um minicurso ou de um grupo de reflexão sobre a produção de textos escolares no contexto de uma Jornada Nacional de Literatura é, por si só, motivo para uma reflexão. Afinal, neste encontro, não são os escritores, iniciantes ou consagrados, aqueles que ouvimos e sobre cujo trabalho nos debruçamos? Literatura é coisa séria. O que tem a ver com literatura as mal enjambradas letras e textos produzidos por alunos de escolas? Seguramente, a resposta é tudo e nada ao mesmo tempo, porque escritores existem apesar de nossa atual escola. E neste sentido, nada a ver. Mas a escola que temos não é a escola que queremos, e aí há tudo a ver.
Retomando os passos de três encontros que tematizaram a produção de textos em ambiente escolar, tenta-se aqui responder quais os liames que podem ligar esta produção escolar à produção estudada e adulta do trabalho estético com a linguagem.
- Para muitos brasileiros, o tempo único de convívio com a literatura é o tempo da escola. Infelizmente, por maiores que possam ser os esforços de professores e alunos, temos trabalhado num contexto social mais amplo em que o acesso ao mundo literário (e mesmo ao mundo da escrita não literária: jornais, revistas, boletins) é proibido para aqueles que pertencem a classes sociais desprivilegiadas. Assim, o tempo de escola obrigatoriamente deveria ser o tempo de ler e escrever (e preferencialmente, ler e tentar escrever literatura).
- Em sociedades letradas como a nossa, nem todos exercerão ofícios que demandem escrever, mas de todos demanda-se a leitura porque através dela convivemos com diferentes formas de compreensão do mundo e das gentes e serão estas compreensões que motivarão as ações do cidadão e de suas lutas mais amplas do que aquela da mera sobrevivência. A formação de uma cidadania leitora é condição de desenvolvimento humano.
- Mas a leitura exige o objeto que se lê. E o objeto que se lê é produto de um trabalho árduo. Por trás dele, escondem-se sujeitos-autores que, debruçando-se sobre o vivido nele enxergam mais porque mais sobre ele refletem e, na sua reflexão, desenhando um mundo que não foi, oferecem a seus leitores um mundo que poderia ter sido. Aproximando-nos pela leitura deste mundo que não foi nem é nele encontramos outros modos de compreender o mundo em que vivemos e, por isso mesmo, podemos transformá-lo.
- Ora, se a escola é um lugar fundamental para a constituição de leitores, é também o espaço primeiro dos ensaios de escrever. Uma sociedade futura de leitores exigirá uma sociedade em que escritores possam transitar, possam escrever e exercer com liberdade o trabalho com a linguagem para oferecer aos leitores futuros nos objetos estéticos de seu trabalho. Sendo a escola o lugar da aprendizagem da escrita e sendo a escrita o modo de existência da literatura contemporânea, nada mais necessário do que inserir a produção de textos escolares no espaço do trabalho estético com a escrita.
Tomando estes quatro pontos como orientadores da reflexão sobre a produção de textos escolares e reconhecendo a distância que separa as primeiras letras e textos dos alunos das amadurecidas e doidas letras e textos de escritores, da experiência desses, buscou-se o princípio fundamental que deveria orientar o trabalho com produção de textos na escola: um texto é sempre uma versão, a ele devendo-se retornar continuamente até dá-lo por pronto, sabendo-se que sempre será possível uma nova versão. Trata-se de pensar a produção de textos não como tarefa, mas como trabalho.
Enquanto trabalho, a produção de textos implica:
- Sujeitos que trabalham. Aqui, encontram-se professores e alunos que, debruçando-se sobre suas experiências e a dos outros, retomam-nas como temas de seus textos para da experiência retirarem o seu próprio sumo, aquilo que nos serve de lição para experiências futuras. Trata-se de um trabalho com ideias para encontrar no muito que já foi dito o espaço do dizer único e pessoal;
- Ferramentas de produção. Aqui, encontram-se os recursos expressivos que, submetidos à ação dos sujeitos, tornem-se, de matérias primas possíveis, materiais em uso de modo que não apenas o que se diz seja o fio condutor do dizer, mas também o modo de dizer conduza os sentidos do dizer. As ações que se fazem com a linguagem (persuadir os outros, divertir, alertar, informar, assustar) são frutíferas quando as ações que se fazem sobre a linguagem apresentam-nos um dizer carregado de sentidos. Trata-se de debruçar-se sobre as estratégias do dizer para encontrar nelas o melhor caminho para o que se diz;
- Razões para escrever. Aqui, é preciso ultrapassar a mera relação tarefeira e escolar, em que se escreve para mostrar ao professor que se sabe escrever e, com isso, obter o grau necessário à aprovação. Trata-se de encontrar no próprio gesto de escrever as razões reais para dedicar-se a ele: querer compartilhar da experiência humana, registrando as impressões próprias e inalienáveis de seu próprio viver para com ele engravidar o viver dos outros.
- Um texto em busca de leitores. Assim concebida a produção de textos, seu complemento necessário e constitutivo é o leitor. Por isso, os textos escritos na escola não podem fechar-se nas quatro paredes da sala de aula ou morrer sob o olhar de, talvez, quatro olhos do professor. A noção de produção de textos, concebida como trabalho de sujeitos no espaço temporal e físico da sala de aula, implica como seu corolário a circulação dos textos produzidos porque na sua recepção é que o texto se realiza como tal.
Posta a produção de textos nestes dois quadros – um mais amplo, aquele social do mundo da escrita e sua circulação, outro mais restrito, aquele da sala de aula – qual o papel do sujeito professor no processo de produção? Como leitor privilegiado de escritores iniciantes, seu papel é fundamentalmente aquele do co-autor que, aproveitando-se de seu maior convívio com textos escritos, é capaz de formular ao iniciante um conjunto de questões que lhe permitirão retornar a seu texto, reelaborá-lo, reescrevê-lo não como uma simples higienização de problemas gramaticais, mas como aquele que, conhecendo as condições de enunciação de seu aluno, pode apontar para enunciados produzidos para neles fazer emergirem tais condições: o sujeito, sua história, seus pontos de vista, suas articulações com o convívio com os outros, fazendo a ponte de diálogo constante do texto que agora se produz com os textos já existentes.
Os exercícios práticos,[no minicurso] pautados nesta concepção, tomaram dois textos produzidos por escritores iniciantes – um aluno de 3ª. série e um aluno de 4ª. série – como objeto de um trabalho de reescrita a partir da atenção às estratégias de dizer e às exclusões postas em funcionamento, face ao ambiente escolar, no dizer dos sujeitos-alunos.
As operações básicas e possíveis de serem conduzidas pelo professor co-autor do texto do aluno incidem fundamentalmente sobre as possibilidades de acréscimo de elementos considerados não nucleares pelo escritor iniciante, mas que davam ao fato narrado seu caráter de unicidade; operações de supressão ou pela redundância de informações ou pela sua obviedade; operações de deslocamento de elementos textuais; operações de substituição, buscando novas formas de dizer, às vezes sem dizer, às vezes dizendo de outra forma [como se pode constatar, se tratam sempre de operações que incidem sobre o estilo, sobre as estratégias do dizer, e não sobre filigranas gramaticais, ainda que estas possam estar presentes não como a operação em si, mas como o que simplesmente lhes subjaz].
Bibliografia
Geraldi, J. W. Portos de passagem. São Paulo : Martins Fontes, 1991.
Jesus, Conceição A. Reescrita de textos: para além da higienização. Dissertação de mestrado em Linguística Aplicada, 1995.
Nota
- Fui convidado para ministrar um minicurso, pela comissão organizadora da VI Jornada Nacional de Literatura, evento que criou tradição nacional, reunindo escritores, professores, jornalistas na cidade de Passo Fundo (RS), no campus da Universidade de Passo Fundo. Cada um dos professores destes minicursos entregou um texto curto sobre seu minicurso. Como tal, em se tratando de um curso, não se esperaria aqui um artigo ao estilo formal e academicizado. Este foi meu texto que acabou indo para os Anais (editado pela EDIUPF em 1997). Para mim, além do contato com os professores que participaram deste minicurso, valeu muito ter conhecido durante o período intenso de três dias (15 a 18 de agosto de 1995) alguns dos escritores convidados. Assim, tive o prazer de conviver com o silêncio de Luís Fernando Verissimo, ser convidado pelo crítico Fábio Lucas para juntos escutarmos “Arnaldo Jabor, o crítico a favor” como ele o denominou e o que nos valeu algumas risadas antes e durante a exposição do inflamado defensor do governo neoliberal de FHC, conversas longas com Regina Leite Garcia; reencontro com o escritor Deonísio da Silva. Ter reencontrado Eric Nepomuceno (que revi neste ano [2018] no Clisertão em Petrolina-PE, a me mostrar que continuamos peregrinos…).
por José Kuiava | out 3, 2018 | Blog
Na luta política, todas as armas são boas? De imediato, preciso engrandecer e melhorar a pergunta. Nas lutas e nas disputas pelo poder hegemônico de governar o país é permitido o uso de todas as armas – argumentos ideológicos antiéticos e antimorais, armadilhas fetichizadas, trapaças de valentia, acusações falsas, mentiras douradas, promessas falsas, ameaças de morte, denúncias ameaçadoras, enganações, declarações de preconceitos sociais, homofóbicos, anti-homossexuais, preconceito aos pobres…?
Numa sociedade de democracia representativa de péssima qualidade e legitimidade bastarda como a nossa do nosso neoliberalismo hegemônico e dominador, por força das classes de centro-direita em união pelo jogo de interesses com as classes de direita conservadoras, todas em união harmoniosa com os três poderes máximos da nação – executiva, legislativo e judiciário – a conquista do poder do Estado ocorre pelo poder dos votos populares. É a tal da hegemonia consentida pela maioria absoluta de votos. Portanto, pela vontade dos eleitores. Assim, o poder hegemônico se veste e reveste de legalidade constitucional, não importa de quais classes sociais provenha a hegemonia.
Agora, vem a outra pergunta: o poder que os políticos eleitos exercem nestas situações é sempre legítimo? Ou, é legítimo o poder de um presidente golpista que tem apoio de 2% dos brasileiros, hoje? Será legítimo o poder de um candidato – se eleito – que declara e ameaça os trabalhadores das classes sociais pobres de bandidos, criminosos, preguiçosos…? E quais são os motivos, as razões do voto dos eleitores? Alguns votam por questão de coerência ideológica, por relações de classes sociais, por força de princípios éticos, morais, religiosos. Outros eleitores votam porque acreditam nos candidatos e nos partidos políticos, nas propostas reais e verdadeiras de governo. Há ainda os eleitores que votam nos candidatos que a imprensa induz, seduz pelo mercado de pesquisas forjadas, elevando os candidatos de sua preferência a índices fictícios, aí há eleitores que votam no candidato que está no topo, pois não querem perder, votam em quem ganha. Há indícios de que 15% dos eleitores votam em candidatos que estão na frente pelas pesquisas do Ibope. Estas, as pesquisas do Ibope, já viraram mercadoria de altíssimo valor.
E o que pensar e dizer dos eleitores que votam em candidatos que proclama: a) “o erro da ditadura foi torturar e não matar”; b) “eu seria incapaz de amar um filho homossexual, prefiro que um filho meu morra num acidente do que apareça com um bigodudo por aí”; “não te estupro porque você não merece”; “Pinochet deveria ter matado mais gente”, que proclama muitas outras coisas horrorosas? As eleitoras e os eleitores que votam neste candidato é porque pensam igual ao candidato. Não? Tem certeza que não? Digam com sinceridade as razões que justificam o voto neste candidato. Por gentileza.
Neste jogo da política é chegar ao poder – à presidência da república – pelo processo eleitoral, isto é, processo democrático, uma hegemonia consentida. Uma vez no poder da presidência da república, implantar um governo autoritário, uma ditadura civil-militar para garantir a estabilidade e a segurança do bloco econômico dominante – dos cartéis do capital nacional e capital estrangeiro. Sempre às custas dos trabalhadores e das classes sociais pobres.
Assim, os ricos, os mais ricos vão continuar a não pagar impostos.
por João Wanderley Geraldi | out 2, 2018 | Blog
A PF concluiu que Adélio Bispo de Oliveira, em sua tentativa de homicídio, agiu sozinho quando feriu o candidato fascista em Juiz de Fora: “Ficou claro que o motivo era o inconformismo político do senhor Adélio com os projetos políticos do candidato. A conclusão é que no dia desse ato, Adélio agiu desacompanhado de qualquer pessoa, não contou com a participação de ninguém”, afirmou o delegado Rodrigo Morais Fernandes, responsável pelo caso. [agenciabrasil.ebc.com.br]
O juiz federal Bruno Savino autorizara o contato do demente com a imprensa, negando pedido do PSL contra a entrevista, protocolado pelo deputado Fernando Franscischini na 3ª. Vara Federal de Juiz de Fora. Dizia-se que uma entrevista com Adélio iria ao ar na TV assim que encerrada a campanha eleitoral para o primeiro turno.
Estava, portanto, preparada a bala de prata… que poderia tanto ser lançada contra a candidatura de Fernando Haddad (como costumeiramente se fez contra o PT, desde o famoso falso sequestro de Abílio Dinis com o sequestrador vestindo uma camiseta da campanha de Lula, seguida pelos famosos “dossiês” denunciados pelo outro demente, José Serra), mas que também poderia ser atirada contra o próprio candidato do fascismo brasileiro. Adélio Bispo poderia negar que agiu a mando de Deus, e dizer que o PT mandou matar o fascista, ou poderia dizer que as próprias hostes fascistas haviam encomendado o crime…
Mas no TRF3, o desembargador Nino Toldo concede liminar suspendendo as entrevistas agendadas com Adélio Bispo, atendendo pedido do MPF. Claro, o assunto foi para o STF. Se o sorteio “cego” deste desmoralizado tribunal entregar o caso a Luiz Fux, dependendo da informação de qual seria a hipótese que se concretizaria nas entrevistas, que deveria ser aquela favorecendo seu candidato, o Geraldo ali da esquina, o ministro concederia ou não, monocraticamente, o direito à entrevista [e talvez determinasse que nada poderia vazar antes de se encerrar o período da campanha eleitoral, afinal Fux é foda e não tem limites morais].
Creio que a segunda hipótese é a mais provável, já que a imprensa toda vem batendo no candidato fascista, e está em polvorosa para conseguir de alguma forma emplacar o candidato de direita no segundo turno, evitando um confronto entre o PT (sempre um partido moderado mas a que a imprensa, que gosta de mentir a torto e a direito, têm chamado de extremista de esquerda) e a extrema direita que o centro-direita sempre abafou e teve como aliada mas que agora mostrou sua cara e não quer cair fora do jogo. Afinal, o STF ainda não se pronunciou e poderá fazer isso assim que encerrada a campanha… golpe por golpe, estão já acostumados. E Fux decidiria, se fosse o caso, em sentido contrário àquele da decisão sobre uma possível entrevista de Lula.
Se Bispo declarasse que o próprio candidato esfaqueado e sua campanha houvesse encomendado o crime, tudo se tornaria uma encenação que roubaria os votos fascistas e os canalizaria novamente para a centro-direita representado pelo candidato da Opus Dei, Geraldo Alckmin. Esta a bala de prata da direita.
Acontece que as pesquisas vêm mostrando que os eleitores da extrema direita não mudarão seus votos e considerarão falso qualquer golpe articulado pelos eternos golpistas, o centro-direita que se tem por “direita esclarecida”, liderada pelo estadista de Higienópolis, FHC e seus asseclas. Se as pesquisas têm razão, a bala de prata não surtiria o efeito desejado.
Está feito o imbróglio. Nem Fux salva… e o segundo turno será mesmo disputado por Fernando Haddad contra o fascismo… e a centro-direita representada pelo PSDB ficará em cima do muro, como gosta… mas o centrão que apoia sua candidatura desembarcará com armas e bagagens na candidatura fascista. Edir Macedo, o bispo, cardeal ou papa da Igreja Universal já desembarcou…
O centro-direita realmente chegará a sua estação final, como declarou o Prefeito de Manaus e um de seus líderes, Artur Virgílio: “O PSDB acabou”.
Enquanto isso, não se surpreendam jamais com nossos ministros do STF… seu presidente, nesta segunda-feira em comemoração aos 30 anos da Constituição de 1988, falou sobre os anos de regime militar no Brasil. Para ele, os militares serviram como uma ferramenta de intervenção que, em vez de funcionar como moderadores, optaram por ficar no poder. Com isso, os militares se desgastaram com ambos os lados, direita e esquerda, que criticaram o governo militar. “Por isso, não me refiro nem a golpe nem a revolução de 64. Me refiro a movimento de 1964”.
Ora, os militares se referiam ao “Movimento Revolucionário de 1964”, e bem assessorado pelo General Rocha Paiva, o acólito de Gilmar Mendes, o ministrinho Dias Toffoli repete a farsa: nem golpe nem revolução, mas “movimento”. Faltam apenas alguns passos para o nosso presidente do desmoralizado tribunal começar a apoiar uma intervenção militar se o candidato a vice, o General Mourão, não assumir o Palácio do Jaburu… e de lá comandar o capitão para que faça o que a ordem do dia mandar!
por João Wanderley Geraldi | out 1, 2018 | Blog
Não tem jeito mesmo. Quando Lewandowski peita o Luiz Fux e o presidentinho da STF, o senhor Dias Toffoli, tão seguro com a decisão de “presidente da corte” assumida por seu vice enquanto ele estava no país (vai ser assim descartado a torto e a direito lá na casa do… ), nosso Dr. Angélico não aguenta mais ver somente cair seu prestígio. Libera trechos da delação premiada – que ele não aceitou porque o delator não tinha provas a apresentar – de Antonio FDP Malocci, este misto de Pedro Malan, o neoliberal, com maluco italianado.
Ou seja, o Dr. Angélico não aceitou a delação premiada do dito cujo porque ele não tinha qualquer prova; a PF firmou o acordo de delação e encaminhou ao juiz o depoimento (o depoimento é a prova, como se sabe, na longa vara de Sérgio Moro). Agora, o nosso juiz aceitou a “verdade sem provas” e fez publicar para assim interferir, de alguma forma, nos resultados eleitorais.
Seria a outra bala de prata? Como tudo indica que a bala Adélio Bispo Oliveira não vai dar certo, já que até o atestado de insanidade mental já foi tornado público, tornou-se necessária outra bala, feita às pressas e para isso serviu o depoimento de Malocci. A imprensa tratará tudo como “verdade provada” sem fazer qualquer referência à falta de provas para as afirmações que fez o ex-ministro, ex-prefeito envolvido com o escândalo do recolhimento de lixo na cidade de Ribeirão Preto.
Até uma criança consegue entender o que eles querem esconder: afirma o depoente que quando Lula perguntava quem era o responsável pela nomeação dos diretores corruptos da Petrobrás, o ilibado Palocci respondia que era o Lula… Santa Paciência!!! Todo mundo sabe que as indicações eram políticas, e que a nomeação, obviamente, passava pela Presidência da República e pelo Conselho Administrativo da Petrobrás… O falso e farsante ministro respondia, segundo o que diz de boca cheia a TV golpista, que o responsável era o Lula!!! Isto está igual à declaração de Leo Pinheiro: quando assumi o negócio, me disseram que o apartamento estava destinado ao Presidente… Vai tudo do mesmo jeito, no mesmo feitio. Mas serve para os interesses.
Acontece, Dr. Angélico, que os votos não irão para seu candidato e para o seu partido, o PSDB… Não adianta mais. Claro que vocês querem o seguinte raciocínio do eleitor:
- Haddad é o candidato do Lula
- O Lula foi o responsável pela roubalheira na Petrobrás (que no período teve 26 bi d lucro por ano!)
- Então o Haddad é ladrão.
Mas vocês também querem o seguinte raciocínio para que os votos sejam endereçados ao Geraldo Alckmin
- O Aécio Neves é ladrão
- O Geraldo é do mesmo partido
- Mas o Geraldo não é ladrão.
O silogismo que vale para Haddad, não pode valer para o Geraldo, o santo de pau-oco. A Opus Dei garante: ele já confessou e foi perdoado no sigilo do confessionário.
Esta segunda foi de matar… um peita, outro larga flatos sem provas como sempre… Mas ganha os holofotes e a imprensa golpista agradece de coração que o Angélico lhe traga a bala de prata que não tinha mais…
E olha que estamos apenas no primeiro dia da última semana da campanha… O que nos aguardarão os próximos dias??? Fux e Toffoli vão bater mais que boca com Lewandowski? Haverá outros flatos a serem soltos angelicamente? Barroso – não posso esquecer a musiquinha “Meu boi barroso, meu boi pitanga… o seu lugar é lá na canga” – vai mandar o Adélio Bispo Oliveira falar que foi o PT que mandou matar o Coiso? A Rede Globo vai descobrir uma mina de dinheiro em algum lugar que o Leo Pinheiro dirá que foi destinado a Lula???
A direita não perde o vício de dar golpes, mesmo sobre a extrema-direita!!!
por João Wanderley Geraldi | out 1, 2018 | Blog
O ministro Fux, que comprou o cargo de desembargadora do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro para sua filha, que chegou lá sem ter jamais assinado uma petição em juízo como advogada, sempre disposto a ultrapassar todo e qualquer limite de moralidade, desautorizou a decisão de Ricardo Lewandowski que autorizava a entrevista, que seria feita por Fernando Moraes, com o Presidente Lula.
A decisão monocrática do bolsonarista Luiz Fux contraria toda a prática do STF! Produz censura prévia, fere o princípio constitucional de liberdade de expressão… Lula está preso, mas não perdeu seus direitos políticos. Pode não ser candidato, porque o golpe de 2016 não quer e o judiciário, como instituição líder do golpe, dá a bênção ao que necessário for para a continuidade do golpe. Mas Lula tem direito à expressão, ao menos até o bolsonarista Fux entrar em jogo…
Acontece que este ministro amigo da Rede Globo, figura de uma antipatia singular e ampla, não tomaria esta decisão sem o apoio do dorminhoco presidente do STF… O sistema de “sorteio” cego do STF é cômico; a prática é suplantada pelos interesses mais imediatos do golpe: sobre um mesmo assunto, todo o processo deveria cair nas mãos do mesmo ministro, exceto quando o general assessor trazido para o comando do STF por Dias Toffoli decidir que não é assim. Rocha Paiva deve ter mandado o “sorteio” cego distribuir para Fux um processo sobre o mesmo tema que já estava nas mãos de Lewandowski… Incrível.
Enquanto isso, Dias Toffoli dormia e continuará a dormir nos próximos dois anos. Se havia alguém que tinha esperança que os tempos calamitosos de D. Carmen Lúcia tinham acabado, agora está vendo que eles se aprofundaram sob a batuta do ex advogado de sindicatos, vendido ao golpe: não desautorizou Fux. Segundo o jornalista Luís Nassif, não só desautorizou, mas seguramente teria participado da decisão!!!
Que concluir? Que o STF já está sob o comando militar. E Dias Toffoli continuará a ser a marionete, antes de Gilmar Mendes, agora do general Rocha Paiva. E Fux e Barroso e Carmen Lúcia e a colegial Rosa Weber poderão continuar a fazer o que querem quando querem e como querem, porque se já não havia constituição, não havia jurisprudência, agora também não há sequer respeito entre os pares… Que Ricardo Lewandowski se lixe.
Mas como a Folha de S. Paulo recorreu e o recurso está nas mãos de Lewandowski, logo saberemos se o presidente do impeachment que garantiu o aumento de mais de 40% para o Judiciário em 2016, vai retornar ao bom aprisco dos “homens de bem” – que é como se consideram os golpistas – ou se vai manter alguma hombridade e honestidade consigo próprio, atendendo ao que requer a abominável Folha de S. Paulo, que já percebeu que o golpe ficou sem candidato e que a aventura bolsonarista acabaria com seu próprio negócio, e agora quer publicar uma entrevista com o Presidente Lula que ajudou a pôr na cadeia, mesmo que não houvesse crime. Isto nos tempos de eu guri, se chamava puxa-saquismo… logo, a FSP estará lambendo Haddad…
E nós, pobres mortais, esperemos que Dias Toffoli jamais acorde de seu sono de “A Bela Adormecida” e que nenhum sapo o venha beijar… exceto, obviamente, o general assessor.
por João Wanderley Geraldi | set 30, 2018 | Blog
HERZOG
Foi preso
Torturado
Cacetado
Suicidado
Subiram-no à forca
Ficou esticado
Calado
Amordaçado
Está sepultado
Enfim, Calado.
(A União fez a forca)
CANÇÃO PARA UM DESAPARECIDO
(O estudante Três Rios de Oliveira, que morava em Apucarana, Paraná, foi perseguido pelos órgãos de segurança, acusado de subversivo e foi encontrado morto, metralhado por comandos de caça anticomunistas)
Herói tombado pelos bandidos
Menino prodígio
Onde está você?
Quem te perseguiu?
Torturou?
Metralhou?
Quem te matou?
Por quê?
– Se opôs ao poder!
Onde está você?
Forte, foi e lutou
Foi cedo, nenhum alô deixou.
Lutou pela pátria,
Por outra Pátria?
Aquela que desejo
(Que desejamos!)
Onde está você?
Foi há tanto tempo!
Os livros ficaram
Os amigos esperaram
Mas, nada de você…
(in. Fel & Mel. Cascavel : Assoeste, 1984)
Comentários