“Quando temos 20 anos, Somos incendiários, mas depois dos 40 nos tornamos bombeiros”.
Assim falava e escreveu o escritor polonês Witold Gombrowicz.
De imediato, nos deparamos com uma dúvida e uma pergunta atrozes. É verdade? É verdadeiro o escrito do escritor? E porque ele escreve o que escreveu? Para quem e em quais circunstâncias escreveu? Porque aos 20 anos somos corajosos e combativos, encaramos os poderosos e autoritários sem medo, e quando passamos dos 40 anos nos acomodamos, nos omitimos, possuídos de medos dos mandões autoritários?
Aqui precisamos aprender com a história, examinando os movimentos das forças em confronto, a luta de classes sociais, as armas de dominação e de insubordinação das organizações em suas relações sociais, políticas e militares.
A atual situação política do Brasil, sob o comando da truculência – nada inteligente – de um governo autoritário de extrema direita conservadora, requer e exige movimentos de organizações cidadãs de muita força de protestos e contestações públicas.
Na história mais recente da humanidade, a juventude teve e continua tendo um papel, uma tarefa, importantíssimos, poderosos e imprescindíveis frente às crises sociais, políticas, econômicas, culturais, impostas por governos imperialistas, fascistas autoritários.
As juventudes, principalmente as estudantis, nas ruas, nas avenidas, nas praças, nas universidades, demostraram força e coragem nas mobilizações e manifestações públicas contra políticas antidemocráticas.
As barbáries políticas de governos de extrema direita populista estão crescendo em quantidade e brutalidade no mundo inteiro, em intensidade e velocidade assustadoras.
O avanço da barbárie interna e externa é assustador. Mas, na história há sempre o lado contrário, a parte oposta dos fatos e acontecimentos. As adversidades internas e externas provocam desafios monumentais. E é aqui que a força das juventudes em suas diversidades estudantil e trabalhadora se rebela contra as barbáries políticas e ideológicas das elites do capital.
Neste momento, não dá para desconhecer e esquecer a força dos estudantes no final da década de 1960. No início o mês de outubro de 1968, um fato deixou marcas profundas na história do Brasil – e por pouco não se transformou em tragédia social – o Congresso da UNE, organizado e realizado clandestinamente no município de Ibiúna no Estado de São Paulo. Cerca de mil estudantes universitários e secundaristas, provenientes de todo o Brasil, confinaram-se nas matas do sítio Muduru, nas encostas da serra de São Sebastião, no município de Ibiúna.
Em condições tragicamente precárias de sobrevivência, com pouca comida, sem água, sem agasalhos, sem abrigo, dormindo literalmente na lama em meio à mata por diversas noites, isolados naquele recanto da floresta, discutiam ações e estratégias organizacionais da UNE e dos estudantes para enfrentar a ditadura em todo o território nacional. Aquele evento é um exemplo inédito da história de lutas da juventude estudantil para combater o autoritarismo de um governo.
Agora, os ataques bárbaros à educação pública pelo governo atual da “necropolítica” – deixa morrer pessoas que não são rentáveis” (Clara Valverde, por Cândido Grzybowski) – com corte de verbas às universidades, à ciência e a cultura, estão provocando a reação dos estudantes. Os movimentos de protestos dos últimos dias dos estudantes nas universidades, nas ruas, avenidas, praças em centenas de cidades Brasil afora, é uma prova, um sinal real da quebra da letargia política das juventudes estudantis.
É no movimento, na organização social, que as juventudes tomam conhecimento, constroem consciência e descobrem que nelas – as juventudes estudantis – residem as forças transformadoras desta sociedade e as forças de superação deste governo das barbáries, mantido e sustentado pela harmonia dos múltiplos poderes.
A esperança da transformação nasce, brota e cresce nas forças das juventudes e ações sociais organizadas. Estas juventudes precisam chamar para as ruas até os que votaram no Bolsonaro e que continuam apoiando seu governo desastrado.
Por oportuno, e a pedido do autor, republicamos a crítica ao que agora é mais óbvio do que já era então. Moro e Cia. não julgavam nada. Faziam política da pior espécie perseguindo seus inimigos. Seu INIMIGO.
João Wanderley Geraldi, em de 5 de março de 2016, neste Blog
Ninguém está acima de investigações, nem ex-presidentes da República, uma vez tenha havido qualquer denúncia. Portanto, afirmo desde já que Lula deve ser investigado, como diversas vezes já afirmei aqui. Também reafirmo que o compromisso com a ética era fundamental quando se fundou o PT, fundação de que participei desde os princípios. Infelizmente o poder corrompe. Da picada da mosca azul ninguém está livre, mas a resistência a ela deveria fundar as ações do governo petista.
Mas daí não vai que seja favorável à espetacularização da justiça. Nem a vazamentos prévios, que levam o Jornal Nacional, infelizmente ainda assistido por grande parte da população, a dedicar quase integralmente seu tempo a uma reportagem sobre investigações a propósito de Lula, para na manhã seguinte a PF levá-lo sob vara para depor. Muitos juristas já se manifestaram sobre o assunto, incluindo o ministro Marco Aurélio Mello, STF. Até o Gilmar Mentes desconversou e não apoiou correndo a determinação do juiz Sérgio Moro. Claro, Eliane Castanhede, que é “notável jurista” enquanto jornalista da “massa perfumada”, já se manifestou e foi diversas vezes ao ar na BandNews dizendo que a condução sob vara era legal, legítima. Entre esta notável ‘jurista’ e Marco Aurélio Mello, fico com este último.
Mas hoje leio no Estadão (um jornal que a direita não pode condenar) uma passagem que a imprensa, os jornalistas de plantão no aeroporto de Congonhas, o JN, e nem mesmo o Estadão que deve ter deixado passar um parágrafo perigoso para si chamou atenção. Deve ter sido um engano a publicação.
Todos sabemos que há duas questões em investigação sobre Lula: a propriedade do sítio de Atibaia (que parece pertencer ao filho do Jacó Bittar, ex-prefeito de Campinas e amigo de Lula desde os anos 1970 na luta sindical) e do triplex em Guarujá, aliás desocupado até agora. A segunda questão da mesma investigação tem a ver com as benfeitorias e reformas feitas nestes imóveis, por empresas que estão sob investigação da Lava Jato. Trata-se, portanto, de investigação. E foi para prestar esclarecimentos que Lula foi levado sob vara à PF que se deslocou para o aeroporto de Congonhas. Se chamado a depor em espetáculo mediático, é porque a PF (e o juiz Sérgio Moro) queriam informações sobre as questões em investigação.
Pois hoje publica o Estadão parte do despacho do juiz Sérgio Moro. E pasmem: ele afirma que os imóveis cuja propriedade estão em investigação, tem proprietário já definido. E isto num despacho do juiz que julgará o caso quando do término da investigação. Diz Sérgio Moro que Lula “teria recebido benefícios materiai, de forma sub-reptícia, de empreiteiras envolvidas na Operação Lava Jato, especificamente em reformas e benfeitorias de imóveis de sua propriedade“. Sem qualquer ambiguidade, o “sua” se refere a Lula. Logo, resta a pergunta: por que investigar a propriedade se antes de seu término já está decidido pelo juiz quem é o proprietário. Um tal juiz ainda é juiz? Ou é um político? Com uma afirmação deste teor, o juiz Sérgio Moro se desqualifica explicitamente. Com Bresser Pereira, um dos fundadores do PSDB e ex-ministro de FHC, concordo que o STF vai ter que colocar as coisas nos trilhos jurídicos nesta operação, que fere o direito em comezinhas ‘mínimas’, como o sigilo dos depoimentos para os advogados dos delatores… Categoricamente, Sérgio Moro não é mais juiz, é ator de uma comédia jurídica.
Uma vez li um livro sobre comunicação social(não lembro título e autor) que mostrava como jornalistas conseguem fazer passar informações mesmo quando estas informações não deveriam ser ‘publicadas” segundo os donos dos meios de comunicação. Acho que aqui houve o caso! Algum redator fez a citação, o editor de política não percebeu ou não leu! Correm o risco de demissão, que não será política, será ‘técnica’.
Desde que por voto da maioria dos brasileiros a extrema direita subiu a rampa do Planalto, acompanhada como sabemos hoje pelas milícias com que convive a família que se pensa imperial, “fui decidido” que não falaria diretamente de política já que o enfrentamento, como sempre sucede, deve se dar nas mãos dos jovens. E como se viu foram os jovens que foram para as ruas em defesa de seu futuro.
Comportei-me surpreendentemente bem: escrevi textos sobre o cotidiano, olhei para os quero-queros, descobri histórias entre os corvos, entre os abutres… mas chega um tempo em que o sentimento implode e não aguenta deixar calada a razão. Se esta diz que há que cuidar de si, ela também diz, junto com Giordano Bruno, que “o silêncio indigno de peixes” torna os movimentos de individualismo que fazemos também indignos. Afinal, sempre repeti a máxima bakhtiniana: “não há álibi para a existência”.
E hoje chegou meu tempo de BASTA! Estamos vivendo sob um governo de destruição e de ameaças constantes. E orquestradas. Sintonizadas. Quem começa pode ser qualquer um: o pai Bozo ou um dos filhos; o número 1, o número 2, o hoje acuado número 3, recolhido aos corredores do senado escondendo-se das investigações que descobrem suas falcatruas antes de chegar ao Planalto.
O número 4 é aprendiz. Por enquanto, apenas namora todas as meninas do condomínio, garantindo que não há qualquer relação especial entre o miliciano vizinho, dono de 117 fuzis, acusado de executor de Mariele – solto pela justiça, já está em liberdade. Só apareceu aí para dar conta de que o namoro dele com a filha do miliciano vizinho não significa que existem relações entre as duas famílias (ainda que fotos do pai abraçado com o miliciano estejam à disposição de quem quer ver).
Quanto à filha… ora, como sabem, foi produto de uma “fraquejada”. É um zero à esquerda, não tem voz nem vez. Afinal, ao Bozo só interessa reproduzir portadores de pintos (alguns detratores dizem que há obsessão por pintos na família). Que galinheiro aguenta tantos pintos?
Até há uma semana, a Reforma da Previdência era cantada em prosa e verso e traria o emprego, o desenvolvimento, a retomada da economia… tudo. O Posto Ipiranga tem até planos de levantar a economia, mas ameaça como seu patrão: só os concretizará se a reforma for aprovada.
E como Paulo Guedes é a voz do neoliberalismo mais tacanho, a “família imperial” já nem precisa mais ameaçar que o país vai quebrar se o Congresso não aprovar o que o Posto quer (para os bancos, para o seu banco, o BTG Pactual que deveria ser proibido de receber a chamada “capitalização” para gerir, porque seria legislar em causa própria). Isto já estão fazendo os urubólogos de sempre na imprensa oficial e oficiosa. E os congressistas estão acuados, mas reagem.
Mas este final de semana a ameaça foi iniciada pelo Imbecil mor. Se não aprovarem o PLN 4 – a transferência de todos os recursos da seguridade social e outros tantos para o ministério da Economia, deixando-o livre para gastar segundo seus anseios – não haverá mais pagamentos para aposentados, dependentes, servidores e todo mundo a partir do dia 25 de junho!!! O pai ameaçou, lá veio o Carluxo chamar os generais para a briga, para a defesa do Papai presidente. E enquanto isso se tornou o foco da imprensa alternativa, Papai recebeu o corregedor da justiça para uma conversa de pé de ouvido sobre as investigações contra o número 4, com a presença deste no palácio…
Aliás, o Palácio anda muito mal frequentado. E quem mais gosta de andar por lá é um sujeito que exerce a presidência de outro poder, mas que não passa de um bajulador de qualquer fascista que esteja a seu alcance, seja ele o presidente, seja ele um assessor de seu supremo. O problema é que ameaças geram reações. Os ameaçados, mesmo temendo, podem cansar das chicotadas, isto é, das twittadas porque os ameaçadores não tem capacidade para muitos toques no teclado (terão força além das redes?)
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“FIM DO BOLSA DITADURA. Parabéns Min. @DamaresAlves ! Já foram gastos bons bilhões nessas indenizações e pensões, maioria concedidas aos “amigos do rei”. Reconstruir o país leva tempo e quem mete a mão na massa por vezes é atacado, mas estamos aqui para defender o certo, o justo”, publicou Eduardo.
Não aguento. Kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk. Estou rindo à toa. Estou rindo à toa. Caiu a ficha?
Quando neste blog afirmei que um juiz que faz parte da investigação não pode julgar, estava acertando sem ter as provas. Agora temos as provas e o tal de Moro e seu acólito Dallagnol não passam de criminosos chicanistas! Fizeram e aconteceram.
Não conseguiram apenas abocanhar os milhões para a tal Fundação, porque aí o escândalo ficou muito evidente. O que não se sabe ainda é se há outras cifras monetárias ou cifras morais envolvidas neste escândalo que já está sendo chamado de MOROGATE.
Afinal, agora que a ficha caiu, talvez se investigue a denúncia de Tacla Durán dos 5 milhões e o pedido para dar um desconto, mas que o advogado disse que precisava consultar o DD… Claro, na época a grande imprensa interpretou que DD é relativo ao número de chamadas à longa distância… kkkkkk
Não consigo parar de rir à toa. E agora o Bozo que quer nomeá-lo de qualquer modo apesar da promessa aos evangélicos de enviar para ao STF um pastor qualquer, um bispo (quem sabe Edir Macedo? Ele não é formado em direito, mas não faz mal, ele é mestre e doutor como o é a ministra Damares, aquela da goiabeira).
Ficou urgente mandar o Moro para frente… que se cuidem os atuais ministros do STF (menos o Barroso e o Fux, que estes não correm risco) de algum acidente nos próximos dias que lhes roube a vida para dar conta de levar logo o Morogate para lá, neste cargo vitalício!
Kkkkkkkkk. E viva quem furou o sistema e deixou a gente saber de tudo, com provas… que obviamente os “juízes” como o Dias Toffoli vão considerar inválidas. Afinal, Toffoli não passa de um lambe-botas do Bozo e fará no STF o que o Bozo quiser que faça, ou seja, nunca vai agendar qualquer julgamento sobre o escândalo que hoje se abate sobre o Brasil, com repercussão no mundo inteiro.
Kkkkkkkkkkkk
Vamos rir. A seriedade do fascista Moro ruiu…………. kkkkkkkkkkkkkkkk
O crítico de arte reúne neste volume obras de nove artistas plásticos contemporâneos, e faz isso depois de uma apresentação em que defende uma tese bastante interessante: a arte expressa um determinado conceito de realidade, não uma realidade em si porque há pluralidade de pontos de vista. E mais interessante ainda é a aproximação que faz, na sua introdução, das expressões dos artistas contemporâneos com aquelas que produziram os viajantes, no que se costumou chamar de “literatura de viagem”, em que se noticia a uma sedenta Europa o que vão encontrando no novo e desconhecido mundo.
São registros e muitos deles com desenhos e pinturas: O registro que temos de alguns séculos de Brasil deve-se, em grande parte, aos viajantes. A Missão Artística Francesa, de 1816, marcou definitivamente a arte brasileira, pois forneceu método e aprendizado artístico, sistema filosófico de entendimento e representação da realidade e objetivos concretos de carreira e atividade artística. Mas o que então se pretendia era retratar a realidade: classificar para conhecer, fixar para compreender. E neste sentido os tempos são outros. E o autor convoca como um anti-herói de nosso tempo São Tomé, do “ver para crer”.
Hoje não necessitamos ver para crer: não vemos, mas sabemos que existem: vírus, bactérias, átomos, moléculas atômicas, energias no campo da física, buracos negros. Hoje conhecemos muita coisa com base em cálculos matemáticos, e não pela visão. Para o autor, três descobertas marcam simbolicamente o “novo conceito de real”: da física (Teoria da Relatividade), da psicologia (Teoria do Inconsciente) e da arte (Cubismo). “Nos três casos trabalhamos com deduções, com a estrutura da realidade, com as manifestações e efeitos do existente. São Tomé não gostaria da nossa época”.
Tomando como “novos viajantes” o conjunto de nove artistas plásticos cujas obras “retratam” o Brasil, Jacob Klontowitz, nos fornece novas leituras dos trabalhos que apresenta. Ao apresentar cada artista, seleciono aqui fotos de suas obras que aparecem neste instrutivo livro de arte:
Siron Franco
A obra comentada é o Monumento às Nações Indígenas, trabalho exposto em Goiânia, em colunas de três ou quatro lados, cada um deles com independência e cada uma de suas paredes funcionando como forma artística. O trabalho foi concebido para as comemorações dos 500 anos da “descoberta” e o início do novo milênio, e realizado em longo período, desde 1993 quando já estavam prontas 493 colunas e a cada ano foi sendo acrescentada uma nova coluna, chegando em 2000 a 500, cujo conjunto é uma só escultura, mas que se abre para inúmeros murais que permitem “infinitas permutações”.
A obra comentada é o Monumento às Nações Indígenas, trabalho exposto em Goiânia, em colunas de três ou quatro lados, cada um deles com independência e cada uma de suas paredes funcionando como forma artística. O trabalho foi concebido para as comemorações dos 500 anos da “descoberta” e o início do novo milênio, e realizado em longo período, desde 1993 quando já estavam prontas 493 colunas e a cada ano foi sendo acrescentada uma nova coluna, chegando em 2000 a 500, cujo conjunto é uma só escultura, mas que se abre para inúmeros murais que permitem “infinitas permutações”.
Ana Maria Pacheco
A artista não reside no Brasil, mas “a memória é a melhor mestre do que a vivência direta, em certos casos”. O autor diz que fez um levantamento das máscaras na cultura primitiva e popular do Brasil (Máscaras Brasilerias, edição da Rhodia) e toma a elas como matriz aproveitada por Ana Maria Pacheco. A respeito da obra, diz: Num universo de seres de sonho, de uma multidão que marcha insone em direção ao destino. Sonho e insônia, o paradoxo desse trabalho. Seres envolvidos em trevas e brumas, inconscientes, lúcidos na tragédia que se adivinha. Talvez, afinal de contas, não estejamos diante de realidades opostas, sonho e vigília, destino e desejo, consciência e inconsciência, voluntariedade e prisão, lucidez e algemas. Sombra e luz. São determinantes do ser contemporâneo, cidadão que duvida de seu poder de exercer a cidadania, vítimas de arranjos internacionais e de dramas que não compreende e, finalmente, seres vítimas dos próprios desejos que, isto sim, não é determinado pela conjuntura internacional, preconceitos, civilização, mas o resultado do caminho da espécie. (grifos meus)
Francisco Brennand
Impossível ir a Recife e não visitar a velha fábrica de cerâmica, fundada pelo pai do artista em 1917, e hoje transformada em um grande atelier e grande espaço (são 20 mil metros) onde se encontram as obras de Brennand. (Mas quase nada está à venda!) É uma obra que não caminha por linhas retas, não se desenvolve historicamente em ralação a si mesma, não tem a preocupação da coerência ou do diálogo com o público. Neste andar sem rumo, nestas palavras soltas como quer o artista, nós terminamos por encontrar um texto de grande significação e destinado a compor a fisionomia de um mistério. Há coerência par ao observador. Certamente, quando não tratamos da estética ou da proposta política, nos resta a história da linguagem humana cuja principal qualidade é a vitalidade. … Nunca uma obra de arte será um t exto completo. O que importa é que estas frases esgarsas iluminem a nossa consciência, nos aterrorizem e nos consolem.
Franz Krajcberg
O soldado polonês, enojado do ser humano depois da segunda guerra, recolhe-se ao mundo da natureza. E é com seu material – galhos, raízes, troncos carbonizados – que traz “o mundo para o mundo dos homens”. Acontece que o artista, nauseado com a crueldade e a monstruosidade da guerra, vem à natureza e nela encontra uma metáfora cruel da guerra e dos mortos nas árvores carbonizadas. Se os materiais, em si, não falam, o artista tem esta capacidade de os colocar no mundo da linguagem, para leituras em aberto.
Antonio Hélio Cabral
Dentre os nove artistas, este é, para mim, o mais incompreensível. As fotos aqui presentes me espantam e me soltam: que significam? Olho-as extasiado, mas isso não me satisfaz… e então é que entra a função do crítico, que nos ajuda a ver com seu olho informado. Nós estamos habituados a pensar na pintura como uma mancha organizada de luz solar. Ou de alegria sensual renovadora da nossa esgotada sensibilidade urbana. A pintura de Antonio Hélio Cabral, contudo, é exatamente o contrário disso. Estas pinturas não parecem ter sido pintadas com plena luz. Alguma coisa se terá filtrado por cortinas espessas. Ou alguma coisa terá sido filtrada por uma visão indagador ada realidade. Melhor ainda, nada terá sido filtrado, pois nada terá vindo do exterior. A luz não é plena e nem solar, pois essas obras foram realizadas na mansarda, num local que é só de Cabral e que nada tem a ver com esses vários ateliers aos quais ele nos habituou em tantos anos. Certamente Cabral teve um único atelier em toda a sua vida, a luz jamais se filtrou pelas vidraças ou foi amortizada por cortinas espessas. Aqui a iluminação é de outra ordem, o que preside essa pintura é a mais violenta das emoções, o sentimento do homem no lugar do sentimento do mundo.
Israel Pedrosa
O artista usa o Tarô, as cartas do Tarô para contar a história brasileira. Não é uma história de desânimo, mas de otimismo, ao contrário do que “é inegável que, devido aos graves problemas sociais e morais, a população descrê, em boa parte, das suas capacidades , da sua história e das suas realizações”. Às figuras históricas são conferidas realidades psicológicas, míticas e simbólicas, aproveitando-se dos nomes das próprias cartas do Tarô. Sua escolha para a carta da Morte é Marta Rocha, símbolo da mulher bela. Há sentidos possíveis: a beleza é efêmera? Mas também, como aponta o crítico, “a mulher é a que gera vida. Beleza e morte, geratriz e desintegração, a mulher e o esqueleto”.
João Câmara
O crítico apresenta o artista como aquele que revolucionou a arte brasileira, concedendo-lhe um parâmetro “do qual não mais se afastará”. Trata-se da junção entre o realismo e o imaginário, recuperando “a imagem como narrativa da história e como história da narrativa”. Segundo o crítico A arte de nossa época, mais do qualquer outra, testemunha humanamente a realidade. Este dado, o do testemunho e o da reflexão pessoal, encontra nesse artista um de seus maiores cultores.
Roberto Magalhães
Artista do movimento pop conserva algo da brincadeira infantil. “A coerência de um artista como Roberto Magalhães está justamente na capacidade manifesta de ser o mesmo ser que procura, de maneira não agressiva, o tempo todo.” Para o crítico, “A coerência está na busca, não no achado.”
Carregador de banana. 1984. Óleo sobre tela
Quem sou? De onde vim? Para onde vou? 1992. Pastel e óleo sobre papel
Maria Bonomi
Trabalhando com xilogravura, esta é uma artista da floresta, com suas gravuras em grande formato, que para o crítico reintroduziram “validade inesperada ao abstracionismo gestual que parecia esgotado”.
Referência: Jacob Klintowitz. Os novos viajantes. São Paulo : SESC, 1993.
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