Cálice da Ilusão, de Adilson de Apiaim

Cálice da Ilusão, de Adilson de Apiaim

O pecado é uma ilusão capital

Inventada para não cair no vício da luta

Uma alma presa no tempo livre de se vender

Escondida pelos muros dos caminhos da alienação

Bebo e me embriago pelo desejo

Cálice de nossas grades

A lei interrompe a vontade impávida

Da lâmina que corta a liberdade

Vou me banhando pela estrada viscosa de dor

Os pingos da esperança me alimentam na travessia

Que esconde o visto escrito

Da lei livre do capital

Para prender a nossa vontade de amar

O dia em que comeram o ministro, de Fausto Wolff

O dia em que comeram o ministro, de Fausto Wolff

Já vou adiantando: o ministro que comeram foi Delfim Neto, memorável enunciador da regra maior do capitalismo canibal: “é preciso fazer o bolo crescer para depois reparti-lo”. Como o tamanho do bolo nunca foi definido e como a ganância do capital não tem limites, jamais se cogitou na divisão. E a miséria e fome se alastraram sob o império da repressão, desde então em benefício do “desenvolvimento”. E o banquete começou

O negócio foi mais ou menos o seguinte: Delfim neto retornava de uma de suas viagens a Londres onde la´me de interpretar “Strangers in the Night” e “My Way” num cabaret do Soho, fora tentar arrancar mais grana {…}

E nesta crônica, onde ficção e realidade se encontram, o ministro respondia a perguntas da imprensa, sempre batendo na mesma tecla: a paciência para esperar o bolo crescer… então um câmara-man da TV Tupi vendo a mão gordinha gesticulando não resistiu: deu-lhe uma mordida e o sangue jorrou. E daí por diante, o canibalismo, o canibalismo, embora não reconhecido oficialmente pelo governo, generalizou-se.

Esta remessa à crônica que dá título à coletânea – são 50 crônicas originalmente publicados no Pasquim – mostra que o jornalista, e professor universitário quando do exílio na Itália e Dinamarca, sempre soube reunir a remessa à realidade, papel do jornalismo, e a elaboração literária de suas crônicas carregadas de ironia e perguntas. Muitas delas são memórias trabalhadas, particularmente aquelas que remetem à vida pessoal, que envolve exílio, falta de dinheiro, amor e sexo.

Leitor do Pasquim nos idos tempos, retornar a estas crônicas – algumas eu não tinha lido – é voltar ao passado e compreender o presente. Fausto Wolff é arguto, e trata de tudo um pouco, mas o pano de fundo é sempre o mesmo – uma opção por um mundo mais justo, sem submeter-se a ditames de uma visão específica, fechada em si mesma. Seus escritos, à época, somente poderiam ter guarida no Pasquim, de que o autor foi um dos editores.

Crônicas semanais, dirigidas aos leitores, desvelam um tempo e o modo de vida de jornalistas e intelectuais durante a ditadura. Fausto foi um destes grandes intelectuais de mesa cativa em bares, convivendo com outros tantos. Mas um intelectual que ia à praia… [para os mais novos, havia um lema então: intelectual não vai à praia, bebe, algo somente concebível no meio carioca]. Aliás, não faltam crônicas contando borres homéricos, ou contando o fazer crônica enquanto a fazia, neste jogo de comentar o que se produz enquanto se produz. Há também crônicas ao estilo de “diário”, uma delas inclusive datando o acontecido no dia, ainda que o registro seja posterior.  Neste sentido, o material aqui reunido pode ser ponto de partida para um estudo da vida cotidiana de nossos escritores durante a ditadura. Um ponto de partida que, reunindo outros cronistas e a produção de outros intelectuais da época, permitirá recuperar a “sobrevivência” num regime de repressão, particularmente quando, hoje, nos aproximamos de outra etapa da repressão, uma constante na nossa história porque a classe dominante brasileira, além de submissa aos interesses do capital externo, tem uma característica permanente: odiar o povo brasileiro, sentir vergonha de ser brasileira e por isso orar para que as multinacionais e o irmão do Norte tomem conta do que aqui há.

De uma crônica em particular – O baixinho e eu – em que o autor inventa uma personagem extraterrestre cujo disco voador ancorou em seu olho esquerdo. Retirou-o de lá, pôs na palma da mão, e começaram a conversar. O baixinho já voltava para seu planeta irritado porque não havia compreendido os homens de cá. E aí aparecem 17 perguntas que o baixinho dirigiu ao narrador que não ele não soube responder (na contagem, o autor pula o número 7 e todos podemos imaginar a remessa à cabala ou algo semelhante). A atualidade das perguntas me leva a transcrevê-las como uma amostra deste estilo de fazer jornalismo e ao mesmo tempo literatura, em que Fausto Wolff é mestre:

  • Por que gastamos tanto dinheiro em bronzeadores, banhos de sol artificial, ficamos horas e horas na praia para ficarmos pretos e mulatos se os pretos e mulatos são considerados inferiores e sofrem grandes desvantagens econômicas e sociais?
  • Por que é que vocês mobilizam milhares de pessoas para fazerem as leis que regulam a conduta de vocês e depois empregam especialistas chamados advogados para romperem estas mesmas leis?
  • Se a vida que os religiosos em geral dizem existir depois da morte é tão boa a ponto de ser classificada como céu ou paraíso, por que os suicidas são considerados pessoas anormais e os homens que matam outros homens para manda-los para a vida eterna são considerados criminosos?
  • Por que é que vocês só comem animais com cornos como vacas e cabritos e não comem animais sem cornos como cavalos e burros?
  • Por que matar vestindo um uniforme (e aparentemente sem lucro pessoal algum) é considerado um ato heroico enquanto que matar em trajes civis é um crime?
  • Por que uma mulher mais velha que sai para jantar abraçada a um homem mais jovem é considerada ridícula quando um homem mais velho aos beijos com uma garotinha é visto com admiração por todos?

8) Por que vocês são tão imbecis a ponto de acreditarem num político candidato a deputado ou a senador que gasta na sua campanha mais do que receberá de salários durante todo o seu mandato?

9) Por que é que o álcool e o cigarro não são só tolerados como têm seu consumo estimulado pela propaganda, apesar dos terríveis efeitos sobre a saúde, e a maconha, a cocaína, o ópio entre outras drogas são proibidas?

10) Por que os homens ricos se irritam tanto quando suas filhas perdem a virgindade e entretanto pagam verdadeiras fortunas para acabar com a virgindade das filhas dos pobres?

11) Por que as mulheres da classe média para cima quanto menos trabalho fazem mais recompensas têm, enquanto que as mulheres pobres quanto mais trabalham mais sofrem?

12) Por que a prostituição é considerada uma praga social, enquanto a sua clientela é vista com naturalidade?

13) Se só existem dois sexos, que diabo de sexo é aquele que vi no baile do Canecão?

14) Se o homem é a obra-prima da natureza, por que cachorros recebem tratamento mais humano que operários e empregadas domésticas?

15) Por que homens que decidem declarar guerra contra um outro país nunca estão no campo de batalha, preferindo deixar este trabalha pra gente que nunca pensou em declarar guerra a ninguém?

16) Por que é que o ouro é tão valioso se, de todos os metais, é o que tem menor utilidade?

17) Se homens e mulheres adoram se ver pelados, por que é que se vestem?

18) Por que é que o homem é capaz de façanhas mais ridículas para ir para a cama com a mulher do próximo mas quando o próximo é ele mesmo se transforma num assassino?

Levando a sério a ironia e o riso, porque eles dizem o que o sisudez não diz – que passe o paradoxo do “levar a sério” – e retirando um pouco do preconceito da pergunta 13, e não por acaso, número 13 que antes do PT era tido como o número do azar – estas perguntas continuam sem respostas e são um bom prato de reflexão com que brindava seus leitores, com ironia e riso, tudo o que se publicou no Pasquim [para os mais jovens, uma dica: já está no terceiro volume a coleção Pasquim. Antologia onde muito do que lá se disse por ser recuperado, incluindo os cartoons].

Por fim, Fausto Wolff é pseudônimo. Também, com o nome de batismo Faustin von Wolffenbüttel, o santo-angelense nascido em 1940, que migrou logo para Porto Alegre (as 14 anos já trabalhava no jornal Diário de Porto Alegre), não teria encontrado o sucesso de Fausto Wolff. O nome de batismo é quase impronunciável para brasileiros…

Referência. Fausto Wolff. O dia em que comeram o ministro. Rio de Janeiro : Codecri. 2ª. ed, 1984.  

 

Texto e discurso: questões epistemológicas para a Linguística(1)

Texto e discurso: questões epistemológicas para a Linguística(1)

As ciências humanas são as ciências do homem em sua especificidade, e não de uma coisa muda ou um fenômeno natural. O homem em sua especificidade humana sempre exprime a si mesmo (fala), isto é, cria texto (ainda que potencial). Onde o home é estudado fora do texto e independente deste, já não se trata de ciências humanas (anatomia e fisiologia do homem, etc.)(Mikhail Bakhtin)

Introdução

Se num passado recente acreditamos que a validade de nossos enunciados era dada pelo fato de eles descreverem o real, hoje perdemos a inocência e ficamos ao léu: donde extrair alguma validação de nossas compreensões? Obviamente esta pergunta somente faz sentido para aquele que pretendem viajar para terras de além das certezas patrocinadas pelas teorias. Somente no interior das teorias podemos falar em critérios de verdade pra validarmos nossas afirmações. Fora delas, parece que vivemos uma teratologia de que não conseguimos escapar.

É mais ou menos óbvio que toda a fala se organiza em função dos objetivos a serem atingidos, constrangido o discurso à situação de sua produção. As remessas a elementos da situação, as ancoragens demonstrativas, todas as expressões de remessas que se fazem com os elementos de mostração com que apontamos, acompanhados de gestos indicativos (por exemplo, no uso dos pronomes demonstrativos) ou pelos dêiticos pessoais, temporais ou espaciais (eu, agora, aqui) parecem garantir uma fidelidade entre a expressão linguística e o mundo real. Sabemos, no entanto, que isso não acontece: cada história é contada segundo os interesses daquele que narra; todo fato tem sempre sus versões, é inescapável que opinemos quando pretendemos apenas descrever, até pela seleção lexical que fazemos ao falar de algo: um mesmo objeto no mundo, como o planeta Vênus, é mostrado ora como “estrela da manhã”, ora como “estrela da tarde”, e nem estrela é… Se este exemplo é clássico, e serviu de base para teorias semânticas de base lógica, mais significativas são, do ponto de vista do discurso, as formas de retomadas, as nominalizações, quando examinamos sequências discursivas como o exemplo abaixo:

Após explodir uma parede com uma bomba […] um grupo de 20 homens encapuzados e armados com fuzis e metralhadoras levou mais de R$ 10 milhões […]. A PM chegou quando os criminosos fugiam […]

Independentemente da adequabilidade ou não da retomada de “um grupo de 20 homens” por “criminosos” – aqui obviamente adequada [mesmo que os banqueiros sejam mais criminosos do que os ladrões] – o que se quer exemplificar é que estes usos fazem passar como definições o que de fato são predicações feitas pelo falante e através delas emitem-se opiniões, constroem-se realidades. É neste sentido que, com a língua, não representamos o mundo, mas construímos uma realidade sobre o mundo.

Tínhamos, no entanto, uma escapatória para estes usos aparentemente “espúrios” da linguagem comum: acreditou-se que a ciência efetivamente falava a realidade, representava a realidade. Que a garantia de verdade dos princípios científicos nos era dada pela relação entre seus enunciados e o mundo real, como se uns e outro coincidissem. O século XX, desde Einstein, começa a destruir estas certezas e cada vez mais os cientistas sabem que não expressam o real quando falam do mundo, mas expressam o que conseguem dele captar com os instrumentos de que dispõem. Perdemos as certezas e com isso a ingenuidade. O uso ordinário da linguagem e o uso da linguagem científica já não são assim tão díspares como imaginávamos. E por isso a questão das validações das afirmações científicas se restringe, hoje, ao interior das próprias teorias que permitem as enunciações feitas.

No movimento próprio do fazer ciência, a Linguística erigiu-se como tal apostando nas possibilidades de um dizer sobre a língua (e a linguagem) que fosse validado pelos princípios assumidos pela teoria. O festo inaugural de Saussure, afirmando que uma das tarefas da Linguística era definir seu próprio objeto, colocou esta ciência de forma clara na modernidade: sobre o objeto construído se pode dizer verdades, mas estas verdades não são relativas ao real, mas a este objeto. Obviamente isto teve um custo enorme: o estruturalismo delimitou fortemente o campo de estudos, excluindo de seu âmbito fenômenos que tradicionalmente foram estudados na área de Letras, entres estes, os textos e os discursos.

A insatisfação com os resultados

 

É bem verdade que a Linguística, ao redefinir o objeto de estudos, fez uma opção fundamental – e talvez este seja para a “cidade das letras” o seu pecado original: a autoridade sobre a língua é do falante e não do escritor. Tradicionalmente, estávamos habituados a estudar regras de funcionamento da língua com base no texto escrito, preferencialmente o texto literário. Todos nós encontramos as exceções: a regra estabelecia algo, mas um ou outro exemplo de escritor infringia a regra e, como escritor não “comete infração” – apenas os falantes são apontados como errados – havia a exceção aberta pelo gramático.

Ao eleger a fala como o campo de estudos – e o falante como autoridade em matéria de língua – o estruturalismo excluiu, no entanto, o texto ou o discurso, que são efetivamente as unidades de fala: nós produzimos textos quando falamos. Nós não falamos orações, palavras, morfemas ou fonemas. E o que importa quando falamos não é o reconhecimento do que se repete, do que retorna, mas o sentido que se constrói a cada interlocução, e os sentidos demandam compreensões dos sujeitos envolvidos. O discurso necessariamente coloca o sujeito em relação; os sentidos colocam necessariamente em relação elementos externos ao linguístico porque incluem a história, o já conhecido, mas também o acontecimento, o “aqui e agora” da enunciação.  

Mesmo o desenvolvimento dos estudos sobre a língua, no recorte que exclui o discurso e os textos, produziu um conjunto de insatisfações teóricas e práticas. Do interior mesmo do projeto de descrição da língua emergiram fenômenos significativos que exigiram a inclusão do discurso para que a própria língua fosse descrita e seus fenômenos explicados. Retomo aqui uma breve listagem destes fenômenos:

  1. a dêixis – pessoa, tempo e espaço expressam-se nas línguas conhecidas através de “signos referencialmente vazios” (o que não significa serem semanticamente indeterminados), demandando a remessa às instâncias discursivas para preencher suas referências;
  2. as modalidades, recursos através dos quais se marca no enunciado a atitude do locutor em face do que profere;
  3. a performatividade, em que a enunciação identifica-se com o próprio ato e cuja realização obedece a “condições de felicidade” definidas nas relações sociais externas ao sistema, no interior das quais as formas linguísticas adquirem ou fazem sentido;
  4. a polissemia e o duplo sentido, em que, na combinação sintagmática dos elementos do sistema, ao mesmo tempo dois ou mais significados se presentificam em um só signo para que o sentido se produza;
  5. a argumentação, cuja orientação vem marcada não só pelos “conteúdos” mas também pelos torneios sintáticos de construção;
  6. a implicação, um não dizer que se deduz do dito e do fato de dizer;
  7. a polifonia e a heterogeneidade, fenômenos aparentemente da fala mas que ‘impregnam’ os elementos do sistema linguístico e não podem ser desconsiderados em sua descrição (Geraldi, 1996:11-12).

Estes fenômenos e os poucos resultados práticos que a Linguística forneceu para a compreensão dos discursos e dos textos levaram à expansão de seu objeto. De um lado, a crença na cientificidade da Linguística levou à proposta inicial de uma “gramática do texto”, considerando que este era nada mais nada menos do que um nível de análise, articulando-se aos níveis fonológico e morfossintático. Apostava-se na manutenção dos mesmos princípios de descoberta, na manutenção do modelo de fazer ciência da linguagem, incluindo, agora, os textos. De outro lado, a Análise do Discurso propunha uma terceira categoria – a categoria do discurso – que mediaria a língua e a fala. Esta não era um simples uso livre daquela, mas regulada pelo discurso a que cada fala se subordinava e se subordina. Em vez de pensar dicotomicamente, haveria um terceiro elemento entre o sistema e seu uso, o que implica necessariamente uma revisão dos fundamentos da Linguística.

Texto e discurso

Ambas as disciplinas – a Análise do Discurso e a Linguística Textual(2) – têm algumas característica em comum:

  1. nenhuma delas considera o discurso ou o texto uma mera sequência de de unidades menores, como a oração, mas tomam o discurso ou o texto como uma unidade;
  2. ambas elaboraram conceitos analíticos que remetem muito mais a processos do que a entes: coesão e coerência textuais são processos e como tais estão marcados no texto, mas não são entes nele localizáveis como se fossem expressões específicas; o já-dito e a ideologia que orientam o dizer do discurso não são objetos discretos e separáveis do discurso, mas eles estão sempre presentes. Isto significa que estas disciplinas, diferentemente das demais disciplinas linguísticas, dedicam-se aos estudos dos processo e não das ontologias;
  3. ambas as disciplinas têm claro que um texto ou um discurso não resulta de uma atividade ou comportamento que segue um conjunto de regras. Muito mais do que regras, ambas apontam para regularidades, para estabilidades e instabilidades, para relações internas e externas, para ancoragens no linguístico do que é social e histórico.

A estas poucas características comuns a ambas as disciplinas, outras podem ser acrescentadas. O que não significa que uma e outra se diluem num mesmo arcabouço teórico. Ao contrário, suas aproximações somente podem ser frutíferas considerando-se o fenômeno que estudam e não os objetos que constroem.

Sem qualquer pretensão de estabelecer as linhas demarcatórias de uma e outra disciplina, talvez seja útil considerar que ambas tomam como fenômeno de partida a existência de um processo de relação entre sujeitos (com Bakhtin, esta relação poderia ser chamada de interação verbal). Nesta relação os sujeitos operam com recursos expressivos segundo um conjunto de constrições que não são apenas de ordem gramatical. Nesta atividade, que não se realiza fora da esfera da comunicação e, portanto, fora de uma determinada formação social, os discursos também são constringidos pelo já-dito, pelo pertencimento dos sujeitos a determinadas posições sociais e são marcados pelas instituições em que ocorrem. É por isso que podemos falar em discurso jornalístico, discurso religioso, discurso científico etc. Para a Análise do Discurso importam estas relações que, aparentemente externas, se marcam, se presentificam no discurso. Estes discursos, que encontram no social (memória e acontecimento) sua materialidade, por seu turno se materializam em texto: necessariamente todo discurso se “textualiza”, torna-se uma sequência. A Linguística Textual toma este fato como seu foco e é a partir desta textualização que constrói suas categorias de análise.

Certamente um dos argumentos mais importantes para a defesa que o texto e o discurso estão demandando a redefinição do objeto da Linguística é que um discurso e seu texto, no sentido do parágrafo anterior, não resultam da aplicação de regras; ao contrário, não há um conjunto de regras que, uma vez seja seguido, resulte num texto/discurso. Assim é uma crença absolutamente inadequada imaginar que se um estudante sabe as características, por exemplo, de um gênero discursivo, ele estará apto a produzir um discurso dentro deste gênero. Produzir um discurso (ou um texto) exige muito mais do que conhecer as formas relativamente estáveis dos gêneros discursivos: há que se constituir como locutor, assumir o papel de sujeito discursivo, o que impõe necessariamente uma relação com a alteridade, com o outro. E uma relação com o outro não se constrói sem sua participação, sem sua presença, sem que ambos saiam desta relação modificados.

Em um e outra disciplina trabalha-se com indícios, com recortes, com indicações para dar contra de processos. Neste sentido, estas disciplinas estão bastante longe da Linguística bem comportada que se praticou e se pratica nas pesquisas que visam estabelecer classificações, definir entes e descrever regras de combinação. Por isso, o texto e o discurso trazem uma inflexão profunda na rota dos estudos linguísticos e isto está tão presente na área que estamos começando a falar muito mais em estudos da linguagem do que em estudos linguísticos ainda que estes possam ocupar grande parcela daqueles, mas certamente sem esgotá-los. Talvez depois de um séculos de tentativa de convívio com as ciências bem estabelecidas, a Linguística esteja reencontrando o encanto da relação com sues parceiros tradicionais: a filologia, a história, a literatura, enfim. Escolher este novo caminho certamente implica abandonar a segurança dos enunciados para preferir as incertezas da enunciação, aceitar a subjetividade e a criação como terrenos próprios da linguagem e seu movimento; enfim, preferir o acontecimento à estrutura, apostar na instabilidade para nela encontrar sentidos novos.

Neste caminhar não há corrimãos, nem sequer caminhos, talvez possamos dizer, como o viajante de Antonio Machado (2205):

He andado muchos caminhos

he habierto muchas veredas;

he navegado en cien mares,

y atracado en cien riberas.  

  

Nestes novos caminhares, certamente estamos reconstruindo parentescos, reencontrando novas parcerias. O programa moderno, que se inaugura numa leitura de Saussure, ofereceu-nos a possibilidade do estudo rigoroso de um objeto que se fecho em si mesmo – a língua. Em consequência, inspirada numa vontade de verdade científica, a Linguística se associou às metodologias próprias das ciências duras, especialmente à matemática e, mais recentemente, à neurologia. Hoje, talvez estejamos fazendo outros pactos, com os estudos da ordem das humanidades e abandonando o sonho da cientificidade, da objetividade e das fórmulas prontas, os princípios de descoberta, com que falamos sobre a língua. Mas chegamos a estes novos tempos carregados de contrapalavras – aquelas que a pesquisa objetiva conseguiu produzir e aquelas com que queremos recensear noções para construir compreensões. Estas compreensões sempre passam por duas etapas: o ponto de partida (um texto dado, um fenômeno localizado) e os contextos passados; e um ponto de chegada, à frente – presunção de um contexto futuro.

Mas sabemos, sobretudo nós linguistas, que ao ultrapassarmos o nível da oração – e já dentro deste nível em muitos casos – temos inúmeras dificuldades com o modelo científico que herdamos, já que

a interpretação das estruturas simbólicas tem de entranhar-se na infinitude dos sentidos simbólicos, razão por que não pode vir a ser científica na acepção de índole científica das ciências exatas. A interpretação dos sentidos não pode ser científica, mas é profundamente cognitiva. Pode servir diretamente à prática vinculada às coisas. “Cumpre reconhecer a simbologia não como uma forma não científica mas como forma heterocientífica do saber, dotada de suas próprias leis e critérios internos de exatidão” (Aviérintsiev) (Bakhtin, 2003:399)

Se queremos incluir entre nossos objetos der estudo os modos de construção das significações, dos sentidos, das compreensões e das interpretações, mantendo discursos e textos como nossos objetos preferenciais, aos quais chegamos com um custo considerável para nossa fama de cientistas bem sucedidos, talvez tenhamos que reconhecer que nosso objeto – agora a linguagem e seu funcionamento e não mais a língua e seu sistema de relações internas – faz parte de um tipo de atividade humana que não se deixa reduzir ao positivismo. Ela se acrescentaria a outros tipos de atividades já reconhecidos no passado como não redutíveis a um tratamento positivista:

No último texto que escreveu, Freud pesarosamente reconheceu, como tinha feito em várias ocasiões anteriores, os limites e as frustrações de seu trabalho: “É quase como se a análise fosse a terceira daquelas profissões ‘impossíveis’ nas quais se pode estar antecipadamente certo de que se vai obter resultados pouco satisfatórios. As outras duas, conhecidas há muito mais tempo, são a educação e o governo” […]. Talvez ele estivesse pensando na perplexidade de um filósofo mais antigo: “Existem duas invenções humanas que que podem ser consideradas mais difíceis que quaisquer outras”, havia advertido Kant, “a arte do governo e a arte da educação; e as pessoas continuam a discutir inclusive seu significado” (Donald, 2000:63).

Não por acaso, as três artes – governo, educação, psicanálise – operam com a linguagem e todas elas têm como seu lugar de existência o sujeito que através da linguagem se constitui e constitui governo, educação e subjetividade e por estar neste universo discursivo, é por ele constituído. Por que a linguagem, esta atividade constitutiva das três práticas apontadas por Kant e Freud, deveria ser redutível ao positivismo científico?

NOTAS

  1. Normalmente, eu devo textos! Escrevo sempre sob a pressão do compromisso assumido para a fala num evento. Quando me pedem artigos para revistas ou capítulos de livro, em geral encaminho um destes textos revisados. Neste caso, no entanto, não tenho a menor lembrança que este texto tenha sido escrito para algum evento. Ele deve ter sido composto em função do livro em que foi publicado e certamente resulta de recortes de coisas ditas ou escritas em outros lugares. E certamente ele responde a um convite de minha ex-orientanda e colega, a Profa. Dra. Marina Célia Mendonça, uma das organizadoras do volume: Sentidos em movimento. Identidade e argumentação. Organização de Maria Flávia Figueiredo, Marina Célia Mendonça e Vera Lúcia Rodella Abriata. Editora da Unifran, Coleção Mestrado em Linguística, vol 3, 2008. Posteriormente, com pequenas alterações para evitar repetições no mesmo volume, incluí este texto na coletânea Estudos Bakhtinianos (São Carlos : Pedro & João Editores, 2010)
  2. A “Gramática do Texto” evoluiu para a Linguística Textual [abandonando a ideia de uma “gramática” em benefício da elaboração de princípios reguladores do texto] ; a Análise do Discurso tem diferentes orientações teóricas e até mesmo denominação, como “Análise Crítica do Discurso”; “Análise do Discurso de Linha Francesa”, entre outras formas correntes de designação.

Referências

Bakhtin, M. “Metodologia das ciências humanas” in. ______ Estética da criação verbal. Introdução e tradução do russo de Paulo Bezerra; prefácio à edição francesa de Tzvetan Todorov, 4ª. ed, São Paulo : Martisn Fontes, 2003.

Donald, J. “Liberdade bem regulada” in. Silva, Tomás Tadeu (org) Pedagogia dos monstros. Belo Horizonte : Autêntica, 2000.

Geraldi, João W. Linguagem e ensino: exercícios de militância e divulgação. Campinas : Mercado de Letras/ALB, 1996

Machado, Antonio. Obras completas. Barcelona : RBA Coleccionables, 2005, vol. I

Um Deus para cada

Um Deus para cada

Deus está nos pobres. Ao menos a possibilidade d’Ele estaria. Em meu último texto aqui no blog, terminei dizendo que Ele não existe. Um texto que se chama imprecisão linguística.

A leitura é algo que me movimenta, embora deva reconhecer que pelos últimos laudos médicos, o sedentarismo precisa ser abolido da minha rotina, só ler não está dando certo.  Sempre me perguntam se leio muito, e o que gosto de ler, a resposta imediata é que não sei, algumas vezes gosto de ler, literatura, outras sobre política, outras sobre educação, questões raciais, macroeconomia… História, pedagogia… Leituras são possibilidades várias.

Algumas leituras produzem outros textos em mim, são mais fortes, e me arrebatam para o ato de reescrevê-los, mas com outros contornos e destaques que minha leitura possibilita. É assim hoje, um exercício despretensioso do possível.  Ainda sob o impacto do texto do historiador Carlos D’Incao sobre o que a prisão de Prestes teria a ensinar a Lula, e descobrimos que na verdade sob este argumento, pretende ensinar a nos todos.

Impossível ler e não se indignar com o fato de que os tribunais nazistas, devo repetir em grito: NAZISTAS(porque é assim que ecoa o termo na minha cabeça), manifestaram maior compaixão do que os tribunais brasileiros, permitindo que a filha de Prestes e Olga vivesse.

É claro que o caso de Olga, até pelos símbolos que carregam, precisariam de um projeção maior, até para quebrar a visibilidade e desnudar a fragilidade das instituições, que demonstram muito mais apreço pelo poderio econômico que pela democracia, pelos direitos humanos, e pela vida.

Uma parcela da população sabe bem o que significa a justiça brasileira, os governos executivos e legislativos, a mídia, e, sobretudo, as classes dominantes. Isso porque as pessoas em geral, em maior ou menor grau, já foram alcançados pela indiferença, pela exclusão, pela miséria, pela violência, relacionamentos afetivos, mercado de trabalho, estética, educação, encarceramento, mercado financeiro, uma indústria de eugenia que corrobora para o empobrecimento, adoecimento e apagamento da população negra.

As elites do Brasil nunca se sentiram envergonhadas de suas barbaridades… Com algumas poucas medidas socioeconômicas, Lula tirou da miséria 40 milhões de brasileiros, o que vale dizer que esses milhões de indigentes nunca tinham sido motivo de vergonha para aqueles que estavam no poder.

Ser classe dominante no Brasil significa ser, antes de qualquer coisa, cruel e desumano. Não há no seu dicionário a palavra “compatriota” e muito menos “compaixão”.

É interessante pensar que as elites estabeleceram por meio de uma postura frequente de aniquilação de um grupo social a normalização de situações de crueldade, de total falta de humanidade. Todos os dias jovens negros são mortos, todos os dias mulheres negras são violentadas, pessoas morrem de fome e são atingidos em sua existência.

Assim, se sobre a vida e a morte o poder é de Deus, os ricos assumem a feição de divindade capaz de exterminar e determinar quem merece a vida.  Um deus minúsculo que se dobra aos caprichos conservadores, às barganhas e às garantias de uma vida promissora para seletos grupos que torcem o nariz para pobres.  Um deus que não se preocupa com os meninos que morrem vítimas das balas perdidas, de fome, de miséria, de violência e violações de direitos, que velhos não se aposentem, que pessoas morram nas filas dos hospitais sem atendimento, sem saneamento. 40 milhões saídos da pobreza deixaram o deuzinho do próprio umbigo tão triste. Odiosa na verdade. Fazendo arminha com a mão.

O movimento da leitura me trás de novo a esse lugar de  imprecisão e busca, quero achar o melhor termo, escolher o melhor vocábulo que me faça acreditar.

E me encontro no sorriso do menino que diante das dificuldades mantém os olhinhos brilhantes para a venda de bala no sinal, ele se alegra com muito pouco, não quer saber da vida individual de ninguém que abre ou fecha as janelas do carro, apenas dança e se equilibra entre um carro e outro, um balé indevido e triste. Nesse lugar há deus, ainda não sei se maiúsculo e soberano, ele veste roupas simples, é franzino na maioria das vezes… Se choro, turvo meus olhos e vejo nele meu filho ou filha, é um deus que caminha com os pobres, em romarias, em marchas, aprisionados, … Se ele existir, quem conseguiria vê-lo em faces injustiçadas?

“FALEM MAL, MAS FALEM DE MIM”

“FALEM MAL, MAS FALEM DE MIM”

Este dístico, de sentido trapaceiro, já foi falado e proclamado muitas vezes por muitos políticos, muito despudorados, para ganhar muita popularidade e muitos votos dos eleitores muito ingênuos e  muito mal informados. Era falado com a maior cara-de-pau para gozar e rir dos opositores, dos adversários políticos e dos críticos. Quer dizer, rir daqueles que falassem mal deles, os políticos trapaceiros.

Hoje, aqui no Brasil, por ato de ignorância dos políticos no governo, o dístico foi invertido, foi virado ao avesso. Ficou assim: falem de mim, mas falem bem. Não se atrevam falar mal. Se falarem mal, vão levar bala – de chumbo – na cabeça. Os críticos perdem o emprego, se falarem a verdade.

Assim, não tem jeito de falar dos políticos e dos assessores do governo que temos. Se falar bem deles, seria uma mentira, uma inverdade, uma imoralidade.  Se falar mal deles, é um perigo. Vai levar bala na cabeça. Perder o cargo e o emprego, o que já está acontecendo.

O ímpeto autoritário do atual governo só poderia ser contido pelo poder Legislativo e pelo poder Judiciário. Seria o justo e o lógico. Porém, aqui também prevaleceu a autocracia do poder Executivo. Foi determinada a harmonia, a relação amorosa matrimonial dos três poderes. Nenhum dos dois poderes – não executivos – pode gozar da autonomia e da independência à revelia do poder de governar.

Ainda outro dia, o presidente Bolsonaro, em posse de plenos poderes e de postura de autoridade encenada, falou a verdade: “tenho uma caneta mais poderosa que Rodrigo Maia”. E deu a dica: “eu governo por decretos”. Quer dizer, não precisa da bexiga dos seus ministros e de ninguém mais. Sobre posse, porte e uso de armas, o presidente já emitiu sete decretos. Tempos atrás, ainda antes de ser presidente, ele falou para uma mulher que o contestou: “não te estupro por que você é muito feia, não merece”.

Deixou claro que se a mulher fosse uma aliada política e bonita ele a estupraria. Ele está pouco se lixando se estuprar uma mulher é crime hediondo. Nem por isso – crime por preconceito e por danos morais – foi punido e  condenado pela justiça seletiva e imparcial. “Isso não vem ao caso”.

Dias atrás, desfez e humilhou a rainha da Inglaterra quando disse que “não queria ser transformado numa rainha da Inglaterra no Brasil”. E advertiu a chanceler alemã Merkel: “o presidente do Brasil que está aqui não é como alguns anteriores que vieram aqui para serem advertidos por outros países”. E falou isso na presença de mais de 20 presidentes e primeiro-ministros dos maiores países do mundo. E o seu braço direito – segurança mais próximo e poderoso – acrescentou: “esses países que criticam o Brasil vão procurar sua turma”.

E  o que fala e diz o ministro da educação, sem nenhuma educação? “As drogas do Brasil de hoje são as universidades”. O avião da FAB da comitiva do presidente Bolsonaro, já carregou Lula e Dilma, muito mais pesados que os 39 quilos de cocaína na mala do militar preso em aeroporto da Espanha, comentou.

E o que pensar e dizer do ministro da Justiça parcial? Da justiça seletiva que pratica na cara de todos nós? Insiste em mentir que o que falam que falou não é verdade e negar o conluio com o cúmplice Procurador Dallagnol porque não é verdade. Pode mentir? Um ex-juiz e agora Ministro da Justiça pode fazer a manipulação da opinião pública? O código de ética permite fazer propaganda subliminar ao ministro da Justiça para a produção de novos políticos?

E o que esperar de um ministro do meio ambiente antiecológico, a favor do desmatamento sem limites, da posse de terras das reservas indígenas? E como aceitar a Ministra da Mulher fundamentalista? E como suportar o ministro das Relações Exteriores que envergonha o Brasil lá fora com as bobagens ideológicas que fala?

Terminando, penso e estou convencido que é falso e antiético parecer ser honesto, sem ser honesto.

É preciso ser honesto para parecer ser honesto.

FALTA COMPOSTURA, SOBRA MEDIOCRIDADE

FALTA COMPOSTURA, SOBRA MEDIOCRIDADE

Seguindo o modelo do chefe, nossos ministros também tem usado as redes sociais para demonstrarem sua falta de compostura. Nem se fale no “piti” do General Augusto Heleno que em reunião oficial bate na mesa e berra querendo prisão perpétua para Lula. Isso é até compreensível num governo composto por quadros tão técnicos como é este chefiado pelos filhos do Presidente. É parte do jogo do puxa-saquismo.

Aliás, o mesmo ministro foi a palanque no domingo, para falar ao lado do filho Eduardo Bolsonaro, fazer comício na vociferação dos bolsomínios contra o Congresso, contra o STF e a favor de Moro, o juiz parcial e cuja parcialidade os manifestantes aplaudem. Certamente sendo um general aposentado, o ministro Augusto Heleno sabe que a farda que vestiu lhe impunha certo decoro e não uma ação desastrada e desastrosa como esta. Mas como está de pijama, pode ter esquecido. Acontece que continua, queira ou não, a representar sua corporação… E a esperança seria de compostura em função disso, porque como ministro de Bolsonaro não precisa ter qualquer compromisso com compostura, podendo seguir o seu chefe que em plena marcha com Jesus, e ao encontro de Jesus, faz gesto de arma de fogo atirando para alguém que supostamente estaria já dominado e no chão! Mas compostura não é o que se pode esperar. Há mais, muito mais. Para além da imaginação.

A resposta do ministro Augusto Heleno ao suposto “pito” de Ângela Merkel ao governo pelo descompromisso real com o meio ambiente é calamitosa:

— Esses países que criticam? Vão procurar sua turma.

Mandar um país procurar sua turma, para além da linguagem chula, é  insensato. Fora da Alemanha, é no Brasil está o maior número de empresas alemãs e seus maiores investimentos! Mandar “procurar sua turma” tem expressões equivalentes num bom português que nem me atrevo a colocar aqui… E mandar fazer isso a uma chefe de governo é mais do que a fixação machista em pinto, uma das características deste governo.

Por seu turno, para não ficar para trás, nosso ministro da educação, um sujeito sem educação e nenhum bom gosto literário também veio importunar, prestando-se ao puxa-saquismo geral e a defesa do chefe, querendo justificar os 39kg de cocaína no segundo avião da comitiva presidencial. Tascou (porque este ministro não fala, no máximo tasca):

Coitada da Damares: estão lhe roubando a cena!!! Augusto Heleno e Abraham Weintraub vieram aperfeiçoados… e sem goiabeira alguma. Damares terá que ensaiar mais, resmungar mais, exigir “religiosidade” nas resoluções da ONU… mas que se entenda gênero como sexo, e sexo não é masculino e feminino, mas macho e fêmea…

Ao mesmo tempo, o ex-juiz, o impoluto incensado neste domingo, declarou que o transporte da droga pelo militar é uma ação individual… Realmente, este cara sabe das coisas! Sabe o valor de 39kg de cocaína! E sabe que com o soldo o sargento pode fazer investimentos desta monta! Afinal, para quem cria provas inexistentes, que custa mais uma mediocridade destas?