por João Wanderley Geraldi | ago 15, 2017 | Blog
Os últimos acontecimentos dão razão a Kiko Nogueira quando profetizou que as manifestações ao estilo da ocorrida em Charlottestville (Virgínia-EEUU) viriam a acontecer em nosso país, com o avanço da extrema direita.
É inacreditável que a polícia paulista invada uma audiência pública no campus de uma universidade, a Unifesp, em Santos, para fazer valerem seus argumentos através da força e da ameaça (inclusive de morte). Não compareceram como cidadãos para discutir, mas como policiais militares, uniformizados e armados! Ameaçadores. Acostumados a usar da autoridade, foram autoritários, impuseram “vitórias” e com seus parceiros nazifascistas aproveitaram a ocasião para propaganda eleitoral a favor de Bolsonaro. Querem pouco estes polícias: falsificar a história (o golpe militar de 1964 deve ser encoberto com o nome de revolução de 1964; direitos humanos devem desaparecer porque só aplicáveis a quem eles entendem ser “direitos” (por exemplo, aqueles que pagam propinas para terem segurança em seus estabelecimentos estariam, obviamente, em os humanos direitos; os que não pagam estariam entre o sem direitos e por isso sujeitos à matança); querem que a escola feche os olhos para a existência de diferentes modos de ser e estar no mundo. Querem, pois, uma escola falsa, falsa para apagar a história e a realidade.
Enquanto isso tudo acontecia em Santos, como se não bastasse, o MBL nazifascista denuncia “anonimamente” professores e diretores de escolas junto ao Ministério Público Federal que dá ouvidos às denúncias e chamam diretores para prestar esclarecimentos… E notem: procuradores não são ignorantes como a maioria da polícia! São formados por nossas universidades, sabem que as denúncias ferem o direito ao conhecimento e atentam contra a liberdade de ensinar e de aprender. Que aprenderam estes procuradores em seus cursos superiores? A se pensarem superiores??? Como fazem parte do “estamento” ou da “casta” do judiciário, e já que juízes são deuses, eles devem se considerar no mínimo arcanjos em luta contra os demônios, isto é, contra qualquer cidadão desde que eles tenham “convicção” de que ele seja qualquer coisa que eles decidirem que está fora da lei…
E juízes ao estilo Sérgio Moro condenam por fatos “inespecíficos”, partidos em “tempos indeterminados”!
Realmente estamos nos aproximando muito rapidamente a um regime nazifascista no Brasil. Os inocentes batedores de panelas, fardados com suas camisas amarelas, despertaram o monstro existente na elite, na classe média e nos elevados a autoridades em nossas instituições. Até mesmo ministros do STF se dão ao direito de chamar de “organização criminosa” um partido, mesmo que não tenha provas que lhe permitam dizer isso, porque se tornaram não mais ministros da corte suprema, mas simplesmente militantes partidários e golpistas de primeira hora, como é o caso do ministro Gilmar Mentes, aquele que mantinha conversações com o paladino da honradez, o cassado senador Demóstenes Torres e que ficou de cabelos em pé imaginando a possibilidade de estarem estas “conversas republicanas” sendo gravadas!!!
Tudo indica: Lula será preso; Alckmin e sua criatura Dória brigam entre si, uma briga de foice e martelo, só para lembrar um símbolo que detestam; José Serra está fora da casinha – menos para receber alguns milhões dos irmãos Batista. Sobrará o “sóbrio”, o “cometido” Bolsonaro. Que merda de país o golpe de 2016 está produzindo!!!! E na história ficará registrado este golpe parlamentar como o início de uma ditadura em que a polícia e procuradores pdoerão fazer o que quiserem sob as bênçãos do poder judiciário.
por João Wanderley Geraldi | ago 14, 2017 | Blog
“Mesmo que os senhores tivessem feito algo de bom, estão aqui tempo demais e eu lhes digo: Vão embora, queremos ver-nos livres dos senhores. Por amor a Deus, vão embora!” (Cromwell, aos membros do Parlamento conhecido por “Longevo”)
Desde que venho ventilando a possibilidade de os eleitores realizarem a principal reforma política necessária ao país, seguindo o lema NÃO REELEJA NENHUM DEPUTADO OU SENADOR, venho recebendo apoios ao movimento “Constituinte-Já” como uma saída para a crise que estamos vivendo.
Eu fico a imaginar e a me perguntar: quem seriam os constituintes? Mesmo que se defendam eleições específicas para a Assembleia Constituinte, e outras para a Câmara e para o Senado, estes poderiam, no exercício de suas prerrogativas, alterarem a atual Constituição, enquanto a Assembleia estaria elaborando a nova Carta Magna.
Mas os eleitos de hoje, no atual panorama político, seriam do mesmo quilate daqueles que elaboraram a Constituição Cidadã, promulgada em 1988? Quando elegemos os constituintes, vivíamos o período da redemocratização, depois de longo período do obscurantismo da ditadura militar. Agora estamos vivendo um período inverso: estamos saindo da democracia para uma ditadura do judiciário, apoiada pela mídia e pela polícia. E todos sabemos que Congresso temos: uma vergonha! Venais, votos conseguidos a peso de reais.
Ora, no sistema em vigor, quem seria eleito para a Assembleia Constituinte? Se não forem os próprios atuais deputados e senadores (alguns deles o seriam, indubitavelmente), seriam seus filhos, netos, parentes próximos… Como estamos acostumados, de um ACM para um ACM-Neto; de um Tancredo Neves ao neto Aécio Neves… Se houver uma eleição para uma Assembleia Constituinte exclusiva, com mandato determinado, certamente nossos atuais deputados e senadores preferirão a reeleição para se conservarem por mais tempo no balcão de negócios em que se transformou nosso Parlamento. Mas terão influência decisiva em quem será eleito para a Assembleia Constituinte. Os Bolsonaros filhos, os Caiados filhos, os Romero Jucá filhos, os Moreira Franco netos; os Eliseu Quadrilha bisnetos; Os Aecinhos primos; e netos, bisnetos e primos escreverão a Constituição que deputados e senadores, pagos pelos cofres do Tesouro Nacional, mandarem que escrevam, seguindo os ditames do “mercado” a que, já declarou Rodrigo Maia, estar a serviço!!!
Se não houver eleição exclusiva, já imaginaram uma Assembleia Constituinte sob a presidência de Rodrigo Maia, ou de Eunício Oliveira, ou, Deus nos livre, de José Serra ou Tasso Jereissati? Tudo o que resultará de uma Constituinte, neste momento, será a destruição dos preceitos constitucionais de 1988. Desaparecerá da Constituição a questão da seguridade social, que será deixada para lei ordinária; desaparecerão os direitos conquistados a duras penas e para liquidá-los bastará uma minoria simples no Congresso!!!
Há boa vontade e boa intenção no movimento Constituinte-Já, mas mantidas as condições atuais que permitem a uma rede de televisão dominar a informação (ainda que tenha saído enfraquecida no episódio da “absolvição” a Temer) só nos restará temer o resultado das eleições dos Deputados Constituintes, cuja maioria virá da Bíblia, da Bala e do Boi! E ainda poderá dizer que foi “democraticamente” eleita!!!
Os tempos são outros! Não há no ar sede de democracia! Sede de participação! O que há no ar é coisa bem distinta: uma vontade de encontrar soluções trazidas por “salvadores” da Pátria, ao estilo Hitler!!! Ou como explicar o avanço no imaginário do povo de um Bolsonaro ou de um Moro, ambos com ideias nazi-fascistas?
por João Wanderley Geraldi | ago 13, 2017 | Blog
O valioso tempo dos maduros
Contei meus anos e descobri que terei menos tempo para viver daqui para a frente do que já vivi até agora.
Tenho muito mais passado do que futuro.
Sinto-me como aquele menino que recebeu uma bacia de cerejas.
As primeiras, ele chupou displicente, mas percebendo
que faltam poucas, rói o caroço.
Já não tenho tempo para lidar com mediocridades.
Não quero estar em reuniões onde desfilam egos inflamados.
Inquieto-me com invejosos tentando destruir quem eles admiram, cobiçando seus lugares, talentos e sorte.
Já não tenho tempo para conversas intermináveis,
para discutir assuntos inúteis sobre vidas alheias que nem fazem parte da minha.
Já não tenho tempo para administrar melindres de pessoas, que apesar da idade cronológica, são imaturos.
Meu tempo tornou-se escasso para debater rótulos, quero a essência, minha alma tem pressa.
Sem muitas cerejas na bacia, quero viver ao lado de gente humana, muito humana; que sabe rir de seus tropeços, não se encanta com triunfos, não se considera eleita antes da hora, não foge de sua mortalidade, quero caminhar perto de coisas e pessoas de verdade.
O essencial faz a vida valer a pena.
E para mim, basta o essencial!
(Mário Coelho Pinto de Andrade, poeta angolano)
(Agradeço à Bia Citelli que me indicou o poema)
por João Wanderley Geraldi | ago 12, 2017 | Blog
Acabei! Um tijolaço de 896 páginas. No final do exemplar, escrevi: Excelente! Excelente!. Para se aventurar na leitura, há que preparar um tempo, disponibilidade e persistência. Quem chega ao fim descobre: este excelente romance de Jonathan Littell merece todo o esforço. E a leitura começará a fluir quando o leitor desistir de compulsar o glossário para compreender todas as siglas do estado nazista, ou desistir de querer compreender as equivalências dos títulos militares, porque do contrário se tornará especialista em “ober” “sturm”, obersturm”, “obersturmbann” ou “standarten”… todos seguidos de “führer”. Se o leitor se contentar em saber que todos são oficiais nazistas, e que a SS e a SD estavam sob as ordens de Himmler e eram responsáveis pelo extermínio de judeus, comunistas, ciganos, homossexuais, e se for passando por cima dos significados especializados da Staatpolizei, da Gestapo, do RSHA ou HSSPF, mas compreender que um KL é um campo de concentração, seguramente o leitor se deixará envolver pela prosa estupenda de Jonathan Littell.
O autor pesquisou o cotidiano alemão da Segunda Guerra durante cinco anos e construiu uma narrativa em forma de memórias do personagem Maximilian Aue, doutor em Direito Internacional, engajado no partido nacional socialista, um bem intencionado alemão que apostou na ideologia nazista e que se incorporou a SS, embora fosse ele mesmo homossexual.
Poupado na caça aos nazistas promovidas no pós-guerra, tornou-se um gerente de uma pequena indústria no interior da França. E como tal foi leitor dos livros que se produziram sobre a Segunda Guerra, sobre o nazismo, das memórias de oficiais, dos autos dos processos (trabalho que de fato teve o autor do livro). E resolve contar sua história acrescentando pontos, chamando para aspectos não elucidados pelos demais, e ao mesmo tempo contando toda sua trajetória, seus sucessos e fracassos, suas certezas e suas poucas dúvidas. Não deixava de tê-las. E mais do que dúvidas, repugnâncias quando obrigado a comandar e a fuzilar pessoalmente famílias judias, incluindo mulheres e crianças.
Há inúmeros resumos da obra à disposição na internet, de modo que é desnecessário refazer o trajeto todo da narrativa. O autor teve a perspicácia de construir sua personagem com problemas e desvios desde o ventre materno: gêmeo de uma irmã (Uma), é por ela apaixonado. Pegos de surpresa por padrasto e mãe no sótão da casa, já adolescentes, quando estavam se dedicando a jogos amorosos, foram separados e enviados para colégios distantes um do outro. Pela vida toda, o enfim Obersturmbannf!uhrer, condecorado duas vezes, nunca superou o trauma da paixão… e adulto, mesmo sendo um membro da SS, que estava fuzilando homossexuais, não deixou de ter seus prazeres homoafetivos. Neste sentido, é uma crítica contundente à ideologia nazi e a seus preconceitos, contar a história da guerra pela voz de um gay!
Outro aspecto da narrativa que chama atenção foi a estratégia de deslocar a personagem pelos diferentes fronts da guerra. Vemo-lo na Ucrânia, realizando a tarefa de retaguarda que cabia à SS: matar judeus e possíveis inimigos! Realizar as “actions”, organizar, fuzilar, aniquilar uma raça! O Dr. Aue, ainda que oficial, em geral fazia o trabalho burocrático e de controle, produzindo relatórios e mais relatórios.
Da Ucrânia ele é transferido para a Crimeia, para o front mais ao Leste, onde os chefes militares organizavam (e sonhavam) atingir a Mongólia… a pretensão alemã era de domínio territorial do mundo, do vasto mundo euroasiático. Desta frente da guerra, por desentendimento e como castigo, é enviado para Stalingrado, quando o exército alemão já está cercado. Acompanha aí a batalha rua a rua, em que jamais a Alemanha saiu vitoriosa. É ferido: um tiro atravessa sua cabeça! Um amigo consegue ludibriar a polícia que fazia a seleção de feridos “recuperáveis”, roubando uma placa que identificava outro ferido, e por isso ele é transportado e acaba se recuperando depois de longo tratamento. Esta licença médica permite ao leitor acompanhar um cotidiano desconhecido: aquele dos que não estão no front, que vivem a vida no estado nazista. Foi durante esta licença que o então Obersturmführer recebeu sua Cruz de Ferro, condecorado pelo próprio Reichführer Himmler. Na folga, resolve visitar a mãe e padrasto de quem se afastara há muito tempo. Lá, tudo dá a entender, deve ter tido um acesso de loucura e ter assassinado a ambos (é o que os policiais Clemens e Weser tentam descobrir e que não o deixam em paz até o final da narrativa).
Recuperado, ele passa a servir em Berlim, junto aos altos comandos nazistas. É encarregado por longo tempo de tratar da questão do trabalho dos judeus, uma força de produção que a Alemanha não podia dispensar em seu esforço de guerra. Trava aí seu conhecimento mais profundo com Eichmann, cujo obtuso preconceito racial impede o trabalho que deveria desenvolver, pois ele significava “salvar” do massacre imediato inúmeros judeus… É particularmente interessante o episódio da evacuação dos judeus da Hungria!
Nos bombardeios de Berlim, acaba adoecendo e recebe nova licença média: vai para a casa de sua irmã Una e de seu marido, na Pomerânia. Aqui o leitor encontrará páginas ontológicas de devaneio sexual, de loucura, de solidão e de desespero.
A guerra já estava chegando ao fim: os russos estavam chegando. E chegaram. Aue e o amigo Thomas que o recupera no velho casarão fogem, atravessam as linhas russas e conseguem retornar a Berlim quando a guerra já estava chegando ao fim. A narrativa dos últimos dias da Guerra, dos desencontros, dos desacertos, das infidelidades e das fidelidades constituem um ponto alto da narrativa.
Acompanhar a Segunda Guerra pela narrativa de um oficial SS alemão, que não esconde os crimes cometidos, que reflete sobre o cotidiano de um povo que se deixou convencer e se converteu a uma ideologia sabiamente orquestrada pelo marketing político de um Goebbels e pelos discursos inflamados de um Hitler, é uma experiência extremamente chocante e, no caso deste romance, atraente porque há momentos em que você não consegue fechar o livro…
Há inúmeras passagens que mereceriam transcrição. Vou selecionar apenas duas:
- “Muito se discorreu, depois da guerra, para tentar explicar o que acontecera, a desumanidade. Mas a desumanidade, me desculpem, não existe. Existe apenas o humano e mais o humano: e esse Döll é um bom exemplo disso. Quem é Döll senão um bom pai de família que queria alimentar os filhos e que obedecia ao seu governo, ainda que em seu foro íntimo não concordasse plenamente com aquilo [assassinato de famílias judias]? Se houvesse nascido na França ou nos Estados Unidos, teria sido considerado um pilar de sua comunidade e um patriota; mas nasceu na Alemanha, então é um criminoso. A necessidade, os gregos já sabiam disso, é uma deusa não apenas cega, como cruel.” (p. 543)
Para homens cuja ideologia define que o cumprimento do dever é a mais elevada expressão da liberdade humana, ter que matar, cumprir o dever, é um gesto de “liberdade”. Afinal “Que homem sozinho, por vontade própria, pode bater o martelo e dizer: Isso é bom, aquilo é mau?”
- “E você, querido, que faz?”, me lançou uma das bichonas agitando em minha direção uma piteira de um comprimento impressionante. “É um gestapista”, ironizou Cousteau. A bicha pousou os dedos envolvidos em renda nos lábios e deixou escapar um longo “Ohhhh…”. Mas Cousteau já começara uma longa anedota sobre os pupilos de Doriot, que iam chpar o pau dos soldados alemães nas xícaras do Palais Roya; os tiras parisienses que efetuavam batidas regulares naqueles mictórios, ou no sdo subterrâneo dos Champs-Élysées, às vezes tinham ali péssimas supresas; mas, se a Prefeitura reclamava, o Majestic parecia estar se lixando completamente. Aquelas réplicas ambíguas me causavam mal-estar: que jogo estavam jogando aqueles dois? Outros companheiros, eu sabia, contavam menos bravatas e praticavam mais. Mas nenhum deles tinha o menor escrúpulo em publicar denúncias anônimas mas colunas de Je Suis Partout; e se alguém não tivesse o infortúnio de ser judeu, então fazia-se dele um homossexual; mais de uma carreira, de uma vida, viu-se assim arruinada.” (p.470-471)
Associando estas duas passagens, a primeira remetendo à ideologização e bestificação do povo pela propaganda (ou pelos noticiários tendenciosos), e a segunda remetendo a estas “delações premiadas” anônimas (ou “em segredo de justiça”) que destroem reputações e vidas, havendo “tico e teco”, poderá perceber como funciona o sistema nazi-fascista. Coloque à frente nas investigações sujeitos imbuídos do “cumprimento do dever”, entre os alemães ditado por Hitler, entre nós pela arrogância de donos convictos da verdade, e teremos o caldo que produziu o Holocausto e que continua a produzir destruições de vidas graças a convicções forjadas ideologicamente. O apoio popular a atitudes nazi-fascistas contemporâneas é explicável, como se pode explicar o povo alemão da Segunda Guerra.
A crítica vem saudando este As Benevolentes como o novo Guerra e Paz (Tolstoi). De fato, o romance merece a comparação e é uma comparação extremamente elogiosa.
Ficou para mim o intrigante título: por que As Benevolentes? Inicialmente imaginei que prostitutas haviam salvado a personagem nos últimos dias da guerra… mas cheguei ao final do romance e isso não apareceu. Então fui procurar alguma explicação. Encontrei numa resenha:
Uma outra pergunta recorrente que muitas vezes passam despercebidas por todos aqueles que leram o livro é: por que o livro se chama “As Benevolentes”?
A explicação encontra-se nas Erínias gregas (Fúrias para os romanos) que eram personificações da vingança que puniam os mortais por crimes de sangue. As Erínias dividiam-se em Tisífone (castigo), Megera (Rancor) e Alecto (Interminável). Viviam nas profundezas do tártaro, onde torturavam as almas pecadoras julgadas por Hades e Perséfone. Pavorosas, possuíam asas de morcego e cabelos de serpente. As Erínias, também eram chamadas de Eumênides, que em grego significava: “As Benevolentes” é um eufemismo usado para evitar pronunciar o seu verdadeiro nome. (disponível em http://www.bonslivrosparaler.com.br/livros/resenhas/as-benevolentes/2180)
Assim, o livro termina invocando do forma eufemística a vingança que viria e que o povo alemão deveria pagar. Ler As Benevolentes é um aprendizado da história, da história do cotidiano, onde o cinza e a dúvida aparecem como neblina que também se dissipa quando o sol aparece. Hitler apareceu. Aparecerão outros na história cotidiana de outros povos? Quem enxerga, vê.
por João Wanderley Geraldi | ago 11, 2017 | Blog
O Brasil em peso está com os juízes e procuradores. Coitados, não terão os aumentos que estavam previstos pelos órgãos inferiores! Tudo indica que até o auxílio Universidade vai ficar para mais tarde. Mas poderá sair o auxílio refeição. Tratar-se-ia (no bom estilo da moda) de um auxílio suplementar ao auxílio alimentação. Um ficaria para quando os senhores juízes comem em casa; outro para quando fazem refeições fora de casa! Nada mais justo este auxílio, porque como pagar os inúmeros jantares sem uma ajuda de custo?
Penso que o tropeço de Dona Cármen, aquela que preza o português e não quer ser chamada de Presidenta, ainda dará panos para mangas… pode ser que os juízes façam uma operação “lebre”, que seria o contrário de seu normal passo de tartaruga para encerrar qualquer processo (estou na fila no Fórum de Florianópolis há anos esperando que algum juiz ou juíza despache um “de acordo” e mande expedir o formal de partilha!!!! São 8 anos de espera!).Em sinal de repúdio à intolerável decisão do STF, na operação “lebre”, os juízes correrão e darão despachos nos prazos previstos pelos Códigos de Processo!!! Será a Boaventura dos advogados e dos jurisdicionados como gostam de nos chamar – para esta casta, os juízes, não somos cidadãos, somos jurisdicionados como disse a Presidenta da STF, agora saco de pancada porque agiu de acordo com as restrições orçamentárias, consequência da Emenda do Teto que eles mesmos tanto apoiaram!
Os procuradores, coitados, queriam muito menos! E a D. Raquel tinha prometido… agora vai começar a chefiar a Procuradoria sem ter nenhuma balinha a oferecer àqueles quenela não votaram! Ruim, muito ruim.
Pode ser que o povo sai para as ruas em manifestação de solidariedade. Um teto de salário assim tão baixo, uma merreca de pouco mais de trinta e três mil é uma vergonha!!! Nós queremos nossas castas bem pagas! A gente sabe que o teto é coisa para boi dormir: a média de salário dos procuradores paulistas ultrapassa em mais de 10 mil este tetinho… sem tetinha.
Convoco, pois, todos os indignados a vestirem suas camisetas da seleção, empunharem suas bandeiras, retirarem as panelas do armário, e saindo do armário, armarem uma confusão em defesa da casta superior do judiciário. Sabe aquela história, hoje estão tirando deles, amanhã poderão tirar o seu, o que sobrou do seu. Afinal, uma renda anual equivalente ao salário de um mês de nossos dallagnois e nossos moros é pouca gente, daquelas que suam no trabalho, que pode ostentar.
Vamos às ruas, paneleiros! É o mínimo que seus líderes esperam, Olha que o Dallagnol fica braba e arma uma convicção para cima de vocês! E o Santo Altíssimo Juiz costuma, nestes casos, aplicar penas pesadas. Evite incômodos, pegue as panelas e já para as ruas em defesa do aumento salarial de juízes e procuradores.
por João Wanderley Geraldi | ago 10, 2017 | Blog
É o seguinte: quando alguém está no topo, não faltam atualmente delatores para o derrubar. Foi o que aconteceu com Aécio Neves. A PF acaba de dar a público seu relatório: não houve propinas em Furnas. E se houve bandalheira, não tem nada a ver com recebimentos de valores por dirigentes do PP, do PSDB e – pasmem! – PT !!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Deus meu! O PT não recebeu nada das maracutais do Dr. Dimas Toledo em Furnas, um diretor dos tempos de FHC que Lula manteve (porque nada como o PT para manter adversários nos mais diferentes ministérios). Para salvar amigos, a PF inocenta até arqui-inimigos.
E com este relatório, Gilmar Mentes poderá não só arquivar o processo instaurado, como aconselhar veementemente Aécio Neves a pedir uma fabulosa indenização dos cofres públicos. Será ótimo para o senador. Se receber uma dinheirama como indenização – coisa que somente aconteceria para ele – não precisará mais pedir empréstimos a Joesley Batista, aqueles 2 milhões entregues aos assessores daquele deputado dono daquele helicóptero que caiu em uns poucos quilos de cocaína no Espírito Santo. Como se sabe, o piloto era dono de todo o pó, e fazia uma viagem não autorizada… Por que será que a dinheirama do Joesley foi parar na mão dos assessores do deputado amigo (e fornecedor, entenda bem, fornecedor de apoio político e votos )?
Pois temos um inocente. Há outros na lista dos inocentes e a serem inocentados: Romero Jucá, Eliseu Quadrilha, Moreira Franco. Ninguém recebeu nada de ninguém. Somente Lula recebeu um tríplex; somente Lula recebeu um sítio; somente Lula recebeu um terreno para a sede do Instituto Lula, terreno em que jamais esteve a sede, mas de que ele é o “proprietário de fato”; somente Lula pediu recursos para campanhas eleitorais. Aliás, neste aspecto, os outros recebiam sem pedirem e ficavam até constrangidos, como todos sabemos.
Acho que cansei de inocentes. Agora quero estes criminosos! Inocentes não são divertidos, não são arriscados e não apostam em pobres; constituem uma “massa cheirosa”. É bom cheiro demais; é prudência exagerada; é seriedade carrancuda; é inocência prá ninguém botá defeito! E de inocências que tais estamos de saco cheio!
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