Quantos reitores serão necessários

para continuarmos a ouvir o silêncio retumbante das universidades brasileiras?

Quantas ‘conduções coercitivas’ de reitores, vice-reitores e professores serão necessárias

… para continuarmos a ouvir a voz sepulcral das universidades brasileiras?

Quantos atos de força, todos para intimidar e mostrar quem manda, serão necessários

… para continuarmos a ouvir a covardia do “não tenho nada a ver com isso”?

Quantas operações de supostas investigações sigilosas com  coerções espetaculosas serão necessárias

… para continuarmos a receber “declarações burocráticas” de que as instâncias universitárias não se ponunciarão em nome do sigilo?

Quanto de arbítrio será necessário 

… para uma mobilização que não se restrinja apenas à universidade atacada?

Ouçamos o todos o 

REQUIEM DE MOZART ENQUANTO OS SINOS BADALAM EM TOQUE FÚNEBRE PELA UNIVERSIDADE BRASILEIRA.

QUANTO PIOR, PIOR

O velho dístico revolucionário “quanto pior, melhor”, virou do avesso. Quer dizer, inverteu ao contrário o sentido e o significado de estímulo e entusiasmo para a luta das massas populares nos movimentos sociais para liquidação do sistema capitalista e mudou para  “quanto pior, pior” na conjuntura calamitosa do Brasil de hoje. O governo e os políticos corruptos, reinantes em todas as escalas e em todos os órgãos do Estado, o conchavo e o conluio dos 3 poderes, sempre e rigorosamente a favor do bloco no poder e das elites do capital, os 13 milhões de desempregados, as reformas golpistas do trabalho, da educação, da previdência – fazendo tábua rasa das conquistas sociais, educacionais e culturais das massas trabalhadoras – os supersalários e superbenefícios dos senadores, deputados, vereadores, governadores e prefeitos, juízes, promotores, os baixos salários dos professores,  o congelamento do salário mínimo e a diminuição dos programas sociais, nada disso é suficiente para os trabalhadores, os servidores, os funcionários, os desempregados se organizarem em movimentos sociais e políticos capazes de transformar esta conjuntura brasileira. Se o dístico revolucionário ainda estivesse prenhe do seu sentido original, organizaríamos e faríamos parte de movimentos sociais de luta para as transformações necessárias e possíveis. Acontece que os intelectuais orgânicos das elites aprenderam muito e rapidamente com as lições da história – nas lutas das classes sociais – e vem instruindo com inteligência e esperteza estratégica os governantes e comandantes do bloco no poder para eles acalmarem as massas de sofredores insatisfeitos, promovendo e concedendo pequenos benefícios e melhorias ocasionais, em caráter de urgência, frente a cada crise conjuntural. A estratégia é a seguinte: conceder migalhas para não perder o pão todo e as padarias, os moinhos… para sempre. Esta é a maneira mais segura do capitalismo recompor-se das crises conjunturais. Promover mudanças tão somente conjunturais, sem afetar a estrutura de produção, a arquitetura da sociedade de classes desiguais.

O igualmente velho e perverso princípio positivista, segundo o qual é preciso dizer e proclamar à exaustão e de múltiplas maneiras uma coisa na teoria – junto à opinião pública – para poder fazer o seu contrário na prática, está em pleno e maldoso uso nas bocas infestadas de ácaros da corrupção e da mentira dos atores do Planalto e dos atores e personagens das telas televisivas da grande mídia nacional. Assim, as mentiras ditas muitas vezes, de maneiras diferentes, por bocas diversas em horários, dias e meses seguidos acabam aparentando verdades na visão e opinião dos telespectadores. Parece até que a inteligência e a vontade do povo brasileiro não estão à altura e em condições de unidade e consciência política para perceber as mentiras e as falsidades dos enunciados – cheios de “pompe et circonstance” – do Temer, do Meirelles, do Gilmar Mendes, do Maia, Segóvia, etc,etc,etc…

Assim é, nada de partidos políticos nas escolas e nada de ciência política na educação. Assim será, como necessidade da “modernização” do Brasil.

E o Meirelles, hein? Quanta lambança!

Do alto de sua prepotência e mandonismo – ele realmente é quem manda no governo porque todo ele está a serviço da mesma elite de que provém o ministro – Henrique Meirelles se declara candidato à Presidência da República, defendendo que o governo Temer terá candidato próprio. E, óbvio, ele seria o mais indicado segundo ele mesmo.

Depois de eleito deputado federal pelo PSDB, Henrique Meirelles trocou a eleição pelo cargo de Presidente do Banco Central: o governo Lula precisava indicar alguém que a elite (não tem nada de mercado, é elite mesmo) queria para continuar a enforcar o Brasil. Fez isso em troca dos vinténs que transferiu como renda para o trabalhador brasileiro. Pouco, mas foi o primeiro governo da república brasileira que enxergou o pobre como merecedor de seus direitos e não da caridade daqueles mesmos que os fazem pobres.

Pois Meirelles gostou tanto do poder que, eleita Dilma para o primeiro mandato, mandou recado: quero permanecer. Não permaneceu! Foi trocado. Voltou para a iniciativa privada, onde estão seus “eleitores”. Inclusive para a JBS de que foi presidente do Conselho (mas “isso não vem ao caso” nem para a CPMI da JBS!).

Garantida a condenação de Lula pelo TRF-4, como todos sabemos, assanha-se a arrogância de Meirelles. Parte do pressuposto – como também pensam os factoides e farsantes Huck e Dória – de que uma vez candidato, sem Lula no páreo, estarão eleitos pelo dinheiro que jorrara da elite que sempre explorou este país, inclusive vendendo-o a preço de banana desde que saia com algum lucro em seus bolsos. A elite brasileira é ave de rapina, sempre foi. E tem nojo de pobre!

Acontece que há outro candidato, além de Lula: Geraldo Alckmin, que não empolga ninguém, mas que vai trabalhando sorrateiramente para costurar sua candidatura em seu partido, aquele que é da base de Michel Temer, “pero no mucho”.

Auto lançada a candidatura do “homem dos bancos”, a vaca foi para o meio da sala da política e está sujando à vontade. E aí mesmo aqueles que proclamavam que continuariam apoiando “o que é bom para o Brasil” (segundo eles, a Reforma da Previdência, este assalto à vida dos trabalhadores) de dentro do PSDB começam a ameaçar, a espernear, a dizer que “assim não dá”. Ou seja, explicitamente assumem que o que pensam como “bom para o Brasil” só é bom se for bom para eles!!! Como a candidatura do ministro do Temer (e eu que pensava que a gente estava livre de fantasmas desde que o Serra ficou fora da caixinha!) não lhes sendo bom, então o que “era bom para o Brasil” deixou de ser bom e não querem mais votar na famigerada reforma…

E aí saem as “forças políticas” tentando apagar o fogo, tirar a vaca de dentro da sala… E o gato angorá, o famoso Moreira Franco, aquele que ganhou o estatuto de ministro para escapar das garras do justiceiro, vem a público pensando que está jogando água na fervura, mas efetivamente está é atiçando o fogo, ao defender que haverá, sim, candidato do governo, procedente dos “partidos aliados” (lembrem, o PSDB é e não, como sempre):    

— O nome virá com naturalidade, não temos que falar nisso ainda. O Meirelles é um quadro, mas temos que ter calma. O nome será escolhido com a participação dos partidos coligados — afirmou o ministro, sem comentar as declarações do ministro da Fazenda: — É natural que as candidaturas surjam, mas não é saudável que se comece pelos nomes. Temos que começar pelo que nos une. Temos uma base com ferramentas para uma candidatura extremamente forte, com mobilização eleitoral muito forte e que pode sobretudo garantir a governabilidade no futuro — disse Moreira Franco. https://oglobo.globo.com/brasil/meirelles-aprofunda-impasse-entre-pmdb-psdb-para-2018-22149938#ixzz50NqeFUgr 
Notem, estou citando uma fonte deles, daqueles que defendem Temer e seu governo com unhas e dentes!!! Nem eles conseguem esconder as derrapadas políticas do gato angorá. Mas como imaginam que o povo brasileiro não pensa, imaginam que a gente não está percebendo que eles estão pondo para escanteio o candidato do PSDB, que bem merece não ser eleito, mas cuja presença na política nacional, agora, mostra as lambanças deste grupelho de golpistas.

O estudante brasileiro é um incapaz?

Nas últimas semanas, tenho lido algumas das várias manifestações sobre uma tal “ideologia de gênero”, como se existisse, inclusive, apenas uma única ideologia em embate. Algumas das manifestações, coerentes com seus autores e/ou agentes enunciadores, chegam a ser apocalípticas:

O tempo urge! Está para ser ultimado o decreto sobre a Base Nacional Curricular Comum em nosso país que, se for deixado com a menções sobre a ideologia de gênero, nos deixará à mercê de um futuro perigoso” (JB, 13/11/2017)

O MEC introduziu dezenas de referências à Ideologia de Gênero em todas as matérias que compõem a Base Nacional Comum Curricular, que será obrigatória, a partir do ano que vem, a todas as escolas públicas e privadas do Brasil.” (CITIZENGO, 05/09/2017)

 

Como estou em um constante retorno à Base Nacional Comum Curricular para estudos, resolvi fazer uma rápida consulta no texto para checar como o gênero aparece por lá. Vamos aos dados:

  • No documento de 396 páginas, a palavra gênero é utilizada 135 vezes, mas, a maior parte desse uso é para se referir a gêneros textuais, discursivos, digitais e literários na área de Linguagens, predominantemente Língua Portuguesa e em Língua Inglesa (104 usos), e para gêneros artísticos e musicais em Artes (04 usos).

 

  • Há duas menções ao termo identidade de gênero; uma no texto introdutório da Base e uma na disciplina de Ciências e uma em História. E, apesar de ser coisa diversa, o termo identidade de gênero tem sido forçosamente associado ao que se está construindo como “ideologia de gênero”.

 

  • As outras 24 utilizações da palavra gênero estão em expressões como questões de gênero, marcadores de gênero, preconceito de gênero, diversidade de gênero.

 

O texto que introduz a BNCC afirma:

 

p. 11 – A equidade reconhece, aprecia e acolhe os padrões de sociabilidade das várias culturas que são parte da identidade brasileira. Compreende que todos são diversos, que a diversidade é inerente ao conjunto dos alunos, inclusive no que diz respeito às experiências que trazem para o ambiente escolar e aos modos como aprendem.

Assim, a equidade requer que a instituição escolar seja deliberadamente aberta à pluralidade e à diversidade, e que a experiência escolar seja acessível, eficaz e agradável para todos, sem exceção, independentemente de aparência, etnia, religião, sexo, identidade de gênero, orientação sexual ou quaisquer outros atributos, garantindo que todos possam aprender.

 

Outro trecho apresenta o seguinte:

p. 19 –  Exercitar a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e a cooperação, fazendo-se respeitar e promovendo o respeito ao outro, com acolhimento e valorização da diversidade de indivíduos e de grupos sociais, seus saberes, identidades, culturas e potencialidades, sem preconceitos de origem, etnia, gênero, orientação sexual, idade, habilidade/necessidade, convicção religiosa ou de qualquer outra natureza, reconhecendo-se como parte de uma coletividade com a qual deve se comprometer

 

Se tais afirmações causam tanto desespero a alguns grupos, é necessário a eles que repensem sua forma de estar no mundo, assim como é necessário rever suas bases ideológicas e/ou dogmáticas que os tornam tão vulneráveis e suscetíveis nas discussões. Caso contrário, será necessário questionar, não a elaboração de currículos, mas a própria existência da escola.

Não há sentido se em uma escola não se puder:

p. 193 –  Problematizar preconceitos e estereótipos de gênero, sociais e étnico-raciais relacionados ao universo das lutas e demais práticas corporais e estabelecer acordos objetivando a construção de interações referenciadas na solidariedade, na justiça, na equidade e no respeito;

p. 301 – Selecionar argumentos que evidenciem as múltiplas dimensões da sexualidade humana (biológica, sociocultural, afetiva e ética) e a necessidade de respeitar, valorizar e acolher a diversidade de indivíduos, sem preconceitos baseados nas diferenças de sexo, de identidade de gênero e de orientação sexual.

É preciso problematizar essa crença de que os estudantes são frágeis, ingênuos e que só tem acesso ao mundo por meio daquilo que seus adultos tutores lhes apresentam. Por muito tempo as crianças foram tratadas como meras crias humanas, como adultos imperfeitos, como um cidadão em potencial que se define entre os lugares de filho (família) e de aluno (aluno). Não se pode limitar a pensar que o estudante seja apenas um alumno ou um infante (cuja etimologia remete àquele que não fala) que “deve ser formado para o futuro”. Como sujeito de um mundo em dispersão, é preciso se dar conta de que o jovem estudante está imerso em um universo de informações e experiências que extrapolam os limites, as certezas e as prerrogativas que seus “tutores” lhe oferecem.

Os jovens estudantes não são ingênuos. Parece-me que os ingênuos são outros!

 

Cristina de Araújo escreve neste blog às segundas-feiras. 

Domingo: o Padre Nosso de Jacques Prévert

                                                                                                         Padre Nosso

                                                                                         Padre nosso que estais no céu

                                                                                                 Permancei lá

                                                                                       Que nós ficaremos pela terra

                                                                                       Que é algumas vezes tão bela

                                                                                  Como os mistérios de Nova Iorque

                                                                                      E ainda os mistérios de Paris

                                                                                  Que se equivalem ao da Trindade

                                                                                    Com o pequeno canal de Ourcq

                                                                                        A grande muralha da China

                                                                                                   O rio de Molaix

                                                                                         Os confeitos de Cambrai

                                                                                           Com o oceano Pacífico

                                                                                   E as duas fontes das Tulherias

                                                                             Com os bons meninos e os caras maus

                                                                             Com todas essas maravilhas do mundo

                                                                                              Que estão aqui

                                                                                       Na terra simplesmente

                                                                                 De graça para todo o mundo

                                                                                                Espalhadas

                                                               Maravilhadas elas mesmas por serem tais maravilhas

                                                                                Mas que não ousam confessá-lo

                                                              Como uma bela moça nua que não ousa se mostrar

                                                                      Com as assustadoras desgraças do mundo

                                                                                          Que são legião

                                                                                    Com os legionários

                                                                                    Com os torcionários

                                                                              Com os patrões deste mundo

                                                                        Os patrões com seus padres poltrões e

                                                                                          mercenários

                                                                                     Com as estações

                                                                                     Com os anos

                                                                 Com as belas moças e os velhos chatos

                                                              Com a palha da miséria apodrecendo no aço

                                                                                     dos canhões.

Textos sobre textos: Eleazar ou A Fonte e a Sarça

Neste curto romance (novela?), o escritor francês Michel Tournier (mais conhecido entre nós pelo seu excelente Sexta-feira ou os limbos do Pacífico) elabora uma parábola em que faz um pastor reviver, pela fé, a história de Moisés. Em nota de pé de página, o autor afirma que a inspiração da história veio de uma pergunta, retirada literalmente do livro Moisés, de André Chouraqui:

A proibição que Jeová fez a Moisés de entrar na Terra Prometida escandalizava há séculos milhares de gerações de teólogos judeus e cristãos. Como o melhor dos filhos de Israel, o maior dos profetas e o único a anunciar a Torá ao lado da Sarça Ardente no Sinai, pôde ser tratado assim pelo divino mestre de toda justiça?

A história é de um jovem filho de família protestante que por algum tempo esteve junto a um marceneiro aprendendo, mas sua morte súbita desfez o sonho do rapaz de substituí-lo na oficina. Vai à feira Galway com um galho no gorro, na esperança de encontrar um mestre, mas seu pai, no entanto, negociava com um criador o trabalho de seu filho como pastor.

Vivendo como pastor de ovelhas, Eliazar descobre sua vocação para pastor de homens. E faz seus estudos de religião e teologia para começar a pregar na sua região natal da Irlanda, numa comunidade incrustrada entre católicos. Acaba se casando com a filha de um rico proprietário, Ester. Com ela teve dois filhos: Benjamin e Cora.

Em certo momento de êxtase – momentos frequentes ao longo da narrativa – sente-se iluminado e compreende que as Escrituras lhe destinam: ser um novo Moisés sem conduzir, contudo, o povo hebreu as terras de leite e mel, mas conduzir sua família para o novo mundo.

Embarcam e por 40 dias no barco Hope atravessam o oceano e chegam à Virgínia. De lá partem em caravana de imigrantes para o oeste: a Califórnia (novo Canaã) é o destino. Percorrem grande trecho junto com a caravana, mas novamente inspirado e relutante contra os pecados cometidos por seus companheiros de viagem, separa-se do grupo para sozinho conduzir sua família através do deserto, atravessar a Serra Nevada e chegar à Califórnia.

As peripécias da viagem são narradas e seus episódios sempre compreendidos à luz da Bíblia, do Antigo Testamento, da figura de Moisés. Todas alegrias e desventuras têm uma interpretação bíblica. Eliazar somente se pergunta se também a ele seria impedido de chegar à terra prometida, a terra da abundância.

Consegue escapar de um ataque de índios por um “milagre”: algumas noites anteriores ao ataque, o melhor arqueiro do grupo havia destinado uma flecha à lua. A lua sempre a devolvia e aquele que a encontrasse teria sua proteção. Acontece que daquela vez a flecha atingiu uma das carroças da família. Cora, uma personagem um pouco retraída e um pouco mística, pede ao pai que não retire a flecha. Pois é esta flecha que, reconhecida pelo cacique Serpente de
Bronze, acaba protegendo a família.

Seguindo pelo caminho, entram no deserto. E como lhe dissera o guia da caravana, você saberá se está no caminho certo se nele for encontrando carroças abandonadas, corpos insepultos, esqueletos… são daqueles que se arriscaram pelo caminho que Eliazar acabou escolhendo.

Seu próximo encontro será com um bando de criminosos que assaltavam caravanas. Um destes bandidos, providencialmente chamado José, aproxima-se da família para descobrir sua capacidade de resistência. Depois acaba se juntando a ela e com ela organiza a defesa contra seus antigos companheiros  de crime, já que havia sido conquistado pelas pregações do pastor Eliazar. Embora tenham se salvado, o pastor acaba ferido.

Para ele isso foi um sinal de Jeová: ele, como Moisés, não entrará na Terra Prometida. Efetivamente não entra: quando chegam às pradarias californianas, vendo as plantações de frutas, Eliazar retorna para a floresta encarregando José (Josué na Bíblia) para conduzir sua família. Mas não consegue caminhar muito. No dia seguinte, sua mulher Ester, seus filhos Benjamin e Cora, e o novo membro do grupo José o encontram morto na floresta, e o enterram.

O segundo título do romance é explicativo: entre a fonte (de leite e de mel), e a sarça (ardente) do deserto, Moisés ouviu da Sarça Ardente a voz de Jeová. Castigado, fica no deserto com a sarça sem chegar à fonte.

Outra alusão constante é à Irlanda como a terra verde, de fontes, águas e brumas… Mas estas não são fontes de “leite e mel” da terra prometida. São na verdade, na compreensão que faz de si e da vida o pastor Eliazar O’Braid, apenas empecilhos que não lhe permitiam compreender efetivamente o Antigo Testamento. Sua iluminação precisará da luz do deserto para chegar e para que ele compreendesse: seu destino, como parábola, era ser um Moisés da imigração ao oeste americano. 

Uma bela parábola!

 

Referência: Tournier, Michel.  Eleazar ou a Fonte e a Sarça. Rio de Janeiro : Bertrand Brasil, 1998.