Desde que por voto da maioria dos brasileiros a extrema direita subiu a rampa do Planalto, acompanhada como sabemos hoje pelas milícias com que convive a família que se pensa imperial, “fui decidido” que não falaria diretamente de política já que o enfrentamento, como sempre sucede, deve se dar nas mãos dos jovens. E como se viu foram os jovens que foram para as ruas em defesa de seu futuro.
Comportei-me surpreendentemente bem: escrevi textos sobre o cotidiano, olhei para os quero-queros, descobri histórias entre os corvos, entre os abutres… mas chega um tempo em que o sentimento implode e não aguenta deixar calada a razão. Se esta diz que há que cuidar de si, ela também diz, junto com Giordano Bruno, que “o silêncio indigno de peixes” torna os movimentos de individualismo que fazemos também indignos. Afinal, sempre repeti a máxima bakhtiniana: “não há álibi para a existência”.
E hoje chegou meu tempo de BASTA! Estamos vivendo sob um governo de destruição e de ameaças constantes. E orquestradas. Sintonizadas. Quem começa pode ser qualquer um: o pai Bozo ou um dos filhos; o número 1, o número 2, o hoje acuado número 3, recolhido aos corredores do senado escondendo-se das investigações que descobrem suas falcatruas antes de chegar ao Planalto.
O número 4 é aprendiz. Por enquanto, apenas namora todas as meninas do condomínio, garantindo que não há qualquer relação especial entre o miliciano vizinho, dono de 117 fuzis, acusado de executor de Mariele – solto pela justiça, já está em liberdade. Só apareceu aí para dar conta de que o namoro dele com a filha do miliciano vizinho não significa que existem relações entre as duas famílias (ainda que fotos do pai abraçado com o miliciano estejam à disposição de quem quer ver).
Quanto à filha… ora, como sabem, foi produto de uma “fraquejada”. É um zero à esquerda, não tem voz nem vez. Afinal, ao Bozo só interessa reproduzir portadores de pintos (alguns detratores dizem que há obsessão por pintos na família). Que galinheiro aguenta tantos pintos?
Até há uma semana, a Reforma da Previdência era cantada em prosa e verso e traria o emprego, o desenvolvimento, a retomada da economia… tudo. O Posto Ipiranga tem até planos de levantar a economia, mas ameaça como seu patrão: só os concretizará se a reforma for aprovada.
E como Paulo Guedes é a voz do neoliberalismo mais tacanho, a “família imperial” já nem precisa mais ameaçar que o país vai quebrar se o Congresso não aprovar o que o Posto quer (para os bancos, para o seu banco, o BTG Pactual que deveria ser proibido de receber a chamada “capitalização” para gerir, porque seria legislar em causa própria). Isto já estão fazendo os urubólogos de sempre na imprensa oficial e oficiosa. E os congressistas estão acuados, mas reagem.
Mas este final de semana a ameaça foi iniciada pelo Imbecil mor. Se não aprovarem o PLN 4 – a transferência de todos os recursos da seguridade social e outros tantos para o ministério da Economia, deixando-o livre para gastar segundo seus anseios – não haverá mais pagamentos para aposentados, dependentes, servidores e todo mundo a partir do dia 25 de junho!!! O pai ameaçou, lá veio o Carluxo chamar os generais para a briga, para a defesa do Papai presidente. E enquanto isso se tornou o foco da imprensa alternativa, Papai recebeu o corregedor da justiça para uma conversa de pé de ouvido sobre as investigações contra o número 4, com a presença deste no palácio…
Aliás, o Palácio anda muito mal frequentado. E quem mais gosta de andar por lá é um sujeito que exerce a presidência de outro poder, mas que não passa de um bajulador de qualquer fascista que esteja a seu alcance, seja ele o presidente, seja ele um assessor de seu supremo. O problema é que ameaças geram reações. Os ameaçados, mesmo temendo, podem cansar das chicotadas, isto é, das twittadas porque os ameaçadores não tem capacidade para muitos toques no teclado (terão força além das redes?)
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“FIM DO BOLSA DITADURA. Parabéns Min. @DamaresAlves ! Já foram gastos bons bilhões nessas indenizações e pensões, maioria concedidas aos “amigos do rei”. Reconstruir o país leva tempo e quem mete a mão na massa por vezes é atacado, mas estamos aqui para defender o certo, o justo”, publicou Eduardo.
João Wanderley Geraldi é reconhecido pesquisador da linguística brasileira e formou gerações de professores em nosso país. Há já alguns anos iniciou esta carreira de cronista-blogueiro e foi juntando mais leitores e colaboradores. O nome de seu blog vem de sua obra mais importante, Portos de Passagem, um verdadeiro marco em nossa Educação, ao lado de O texto na sala de aula, A aula como acontecimento, entre outros. Como pesquisador, é um dos mais reconhecidos intérpretes e divulgadores da Obra de Mikhail Bakhtin no Brasil, tendo publicado inúmeros livros e artigos sobre a teoria do autor russo.
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