Sim. O Bolsonaro, em mais uma viagem presidencial, foi para o Muro das Lamentações de Jerusalém – ruína sagrada do Templo de Salomão, que o general Tito deixou de lembrança amarga para toda vida dos judeus de todo mundo. Os judeus transformaram em relíquia sagrada do templo – símbolo da aliança perpétua de Deus com o povo judeu. Bolsonaro, lá sorridente, deixou todos nós aqui no mundo das lamentações – terra maltratada e mal respeitada por ele. Um lamentável desalento. Sem muro de lamentações.
Fato simples e inédito. Em vez de comemorar e festejar os 55 anos do lamentável golpe civil-militar de 1964 e os 20 anos de perseguições e torturas da ditadura, Bolsonaro determinou a celebração do dia 31 de março na Ordem do Dia, a ser lida em todos os quartéis e viajou para Israel para se alentar no Muro das Lamentações. Atitude egoísta lamentável.
Em Israel, foi recepcionado em pompas e circunstâncias por Benjamin Netanyahu. Um espetáculo real ao vivo, com cenas de apertos de mãos, abraços apertados e beijos (laterais). Muito ridentes – riso falso – os dois se exibiram ao mundo inteiro diante de câmeras de todos as partes do planeta. Netanyahu, para os eleitores de Israel e Bolsonaro, para…para, quem mesmo? Um abraço vazio de espiritualidade e fé.
Muro das Lamentações, o lugar mais sagrado para o judaísmo e um dos lugares mais sagrados para os cristãos, foi profanado. Bolsonaro postou as duas mãos abertas – pelas palmas – no muro. Botou um papel com pedidos nas fendas do muro: Deus olhe pelo Brasil! Penso, com sinceridade e humildade, que Bolsonaro deveria aproveitar a oportunidade para compensar os gastos do dinheiro público de todos nós com a viagem e pedir desculpas e perdão pelos males que cometeu e que vem cometendo ao povo brasileiro. Deveria ter deixado o papel nas frestas do Muro das Lamentações e escrito as lamentações pelas mentiras e os golpes que aplicou na campanha eleitoral e que vem aplicando nos cem dias de seu governo. Seria a expiação mais pura e perfeita dos seus males. Seus e dos seus escolhidos, fiéis mais próximos.
Sim, Bolsonaro deveria conceder exílio a si mesmo e pedir asilo ao Netanyahu e ficar na terra sagrada para sempre. Se Jair Messias Bolsonaro fizesse este ato sagrado, todos os brasileiros estaríamos protegidos pela era messiânica contemporânea nas terras sagradas do Brasil – longe do Messias Bolsonaro.
O fato mais lamentável é a cena quando Bolsonaro faz mira com uma metralhadora super moderna lá, em Jerusalém, terra sagrada de espiritualidade, pregação e paz.
Por fim, Bolsonaro confirma e reafirma que o nazismo e o fascismo foram de esquerda. Pessoalmente, nunca imaginei que teríamos no Brasil governantes tão desconhecedores da história. A sensação é que temos um caso real quando junta ignorância com maldade. A ignorância recheada com más intenções sempre gera tragédias.
Professor, pesquisador, escritor
José Kuiava é Doutor em Educação pela Faculdade de Educação da Unicamp (2012). Atualmente é professor efetivo- professor sênior da Universidade Estadual do Oeste do Paraná. Tem experiência na área de Educação, com ênfase em Planejamento e Avaliação Educacional, atuando principalmente nos seguintes temas: autobiografias.inventário da produção acadêmica., corporeidade. ética e estética, seriedade, linguagem, literatura e ciências e riso.
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