Até juíza chama Bolsonaro de fascista

A determinação da juíza Dra. Maria Aparecida das Costa Bastos de mandar retirar, sob pena de prisão do diretor da Faculdade de Direito da Universidade Federal Fluminense, em Niterói, por a faixa dizia DIREITO UFF ANTIFASCISTA foi além dos serviços de servidão voluntária que tem caracterizado a ação de juízes e tribunais regionais eleitorais.
Ao considerar que uma faixa contra o fascismo, como consideraram a aula sobre fascismo na UFRJ, atos de campanha contra o candidato de extrema direita Jair Bolsonaro, os senhores e senhoras juízas estão chamando o Cujo de fascista! E por isso mesmo dando razão à atividade universitária de, na sua liberdade acadêmica, informar e ensinar o que é o fascismo. Uma obrigação da universidade. Que os juízes, mesmo confirmando o que sabe, que o candidato é fascista, não permitem que a universidade cumpra.
Estamos numa situação absolutamente esdrúxula. Um judiciário partidarizado que não aceita encarar a realidade porque dominado pela paixão política. Mas, de outro lado, de tão subjugado que está, acaba por produzir raciocínios cuja compreensão exige que um enunciado não proferido venha à tona, precisamente aquele que este mesmo judiciário quer negar: estamos à beira do fascismo!
No entanto, este mesmo judiciário ouve com entusiasmo discursos fascistas como aquele proferido pelo candidato Bolsonaro no domingo passado, para seus fieis seguidores que povoavam a Av. Paulista. Nesta fala ele cometeu inúmeros crimes, inúmeras ameaças de morte.
Obviamente, nenhum processo judicial contra isso será instalado. Se para fazer de conta a procuradora geral ou algum substituto qualquer impetrar qualquer coisa diante das mais altas instâncias deste mesmo judiciário, obviamente o despacho será ao estilo introduzido em nosso direito pelo juiz Luís Felipe Salomão: como não há crime quando se calunia descaradamente, também não haverá crime quando se ameaça.

João Wanderley Geraldi é reconhecido pesquisador da linguística brasileira e formou gerações de professores em nosso país. Há já alguns anos iniciou esta carreira de cronista-blogueiro e foi juntando mais leitores e colaboradores. O nome de seu blog vem de sua obra mais importante, Portos de Passagem, um verdadeiro marco em nossa Educação, ao lado de O texto na sala de aula, A aula como acontecimento, entre outros. Como pesquisador, é um dos mais reconhecidos intérpretes e divulgadores da Obra de Mikhail Bakhtin no Brasil, tendo publicado inúmeros livros e artigos sobre a teoria do autor russo.