Nos prometeram o retorno dos investimentos, depois do impeachment: não vieram. Nos prometeram o mesmo, depois da Reforma Trabalhista: não vieram. Nos prometeram mais uma vez, o mesmo, depois da condenação de Lula: não vieram. Nos prometeram outra vez assim que Lula fosse preso: certamente, agora virão os descalabros, os desaforos, as imputações injustas, as conversinhas de controladores de voo, tudo sob as bênçãos do Judiciário e da Polícia. Mas os investimentos e a retomada do crescimento ficarão para depois… das eleições que não existirão.
O progresso não veio, mas veio a desordem, a destruição total das instituições, o desmanche das empresas públicas, a venda descarada do patrimônio nacional. Terreno preparado para uma explicitação da noite tenebrosa que nos caldeirões da bruxaria estão cozinhando com pressa.
O desemprego cresceu, mas a Rede Globo bombardeia: a indústria cresceu como nunca! Moro (no sentido de habito, não do juiz) numa cidade razoavelmente grande para os padrões brasileiros. Suponho que os novos empreendedores das esquinas e ruas que tudo vendem, estão esperando os empregos prometidos pelo condutor do austerocídio brasileiro. Aquele que disse que ser Presidente da República é seu destino: o fantasma vetusto e ultrapassado Henrique Meirelles!
Sabem que dirão agora? Que nada veio porque não se fez a Reforma da Previdência!!! O golpe veio porque havia desequilíbrio fiscal… e agora há o quê? Vão inventar alguma forma de expressão para o rombo atual, ao estilo do governador Geraldo Alckmin, de um partido que governa São Paulo há quase trinta anos sem fazer qualquer investimento em captação de água. Quando faltou, não houve racionamento – embora nas torneiras da periferia ela só aparecesse uma vez por semana. O que havia, segundo o Picolé de Chuchu era uma “crise hídrica”. O rombo atual se chamará como? Eis uma sugestão: “a arrecadação não reagiu como esperado”. Assim, ao mesmo tempo que desaparece esta coisa de chamar de rombo, de desequilíbrio fiscal, a gente usa uma expressão que faz lembrar os tempos de urubólogo de Sardenberg na Rede Globo, que previa a catástrofe para amanhã, e no dia seguinte dizia: “o mercado não reagiu como esperado” porque tinha vergonha de dizer “como desejado por nós!” Hoje ele não é mais urubólogo, está cheio de encômios para tentar cobrir o sol com peneira.
E enquanto eles fazem tudo isso, levando de roldão a todos, a esperança renasce e tem endereço na Superintendência da Polícia Federal de Curitiba. Para desespero da ditadura jurídico-midiática armada pela polícia, a prisão abriu as porteiras para a liberdade de sonhar apesar da tenebrosa noite que nos impõem e continuarão a nos impor por um bom tempo, infelizmente, porque novos Lulas nascem diariamente neste país.
ps. Impossível não compartilhar este texto do historiador e professor da Universidade Federal da Bahia, Rodrigo Perez Oliveira. Fica a sugestão:
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João Wanderley Geraldi é reconhecido pesquisador da linguística brasileira e formou gerações de professores em nosso país. Há já alguns anos iniciou esta carreira de cronista-blogueiro e foi juntando mais leitores e colaboradores. O nome de seu blog vem de sua obra mais importante, Portos de Passagem, um verdadeiro marco em nossa Educação, ao lado de O texto na sala de aula, A aula como acontecimento, entre outros. Como pesquisador, é um dos mais reconhecidos intérpretes e divulgadores da Obra de Mikhail Bakhtin no Brasil, tendo publicado inúmeros livros e artigos sobre a teoria do autor russo.
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