Os que mandam no Brasil, hoje, acreditam que a melhor maneira de encarar, enfrentar e combater os criminosos é estar armado. Ser como eles, os criminosos, com revolver na cintura, na bolsa, na mochila, na gaveta, no armário, debaixo do travesseiro…Por vontade, obra e força de Jair Bolsonaro temos o decreto das armas assinado. Agora é ser armado ou não ser armado, eis a questão. Cada um decide. E viva o mercado de armas e escolas de tiro!
Na condição de possíveis e prováveis vítimas, até então, indefesos à violência de assaltantes, de ladrões, de criminosos, podemos agora comprar armas e andar armados. Temos o direito por lei de nos armar.
Este ato poderoso do presidente me faz lembrar do velho credo demagógico, inventado, proclamado e praticado por imperadores da história bem antiga. Os imperadores diziam e proclamavam aos seus povos, para justificar as invasões e o domínio de povos, civilizações e nações vizinhas: si vis pacem, para bellum. Isto é: “Se você quer paz, prepare-se para a guerra”. A lógica racional é: se você estiver bem armado e preparado para a guerra, o inimigo vai pensar duas vezes antes de te atacar. Porém, se você não estiver bem armado e treinado para lutar, qualquer bunda mole te ataca e domina.
O fato triste e desolador é que esta declaração imperial e inventada e proclamada na história antiga, virou demagogicamente um provérbio popular. E pior, está em vigor hoje no mundo inteiro. Por conta e força desta declaração, imperadores, presidentes, ditadores do mundo inteiro e de todos os tempos, mal intencionados, mentem, convencem e seduzem demagogicamente seus povos a acreditar e a apoiar a organização e manutenção de forças armadas – exército, marinha e aeronáutica – sem limites de tamanho, de poder tecnológico e de custos elevados, sempre e só por conta do estado.
Nos primórdios da história, os vastos e mais poderosos armamentos causavam as tragédias mais devastadoras e bárbaras na terra e nas águas. Mais tarde e atualmente as armas mais potentes e devastadoras da vida dos seres humanos, dos animais, da vida ecossocial do planeta terra, servem-se dos céus, do espaço cósmico, provocando tragédias que podem por fim à vida no Planeta Terra. A ciência e o capital estão a serviço do poderio bélico destrutivo devastador.
E por falar em capital, fica aqui uma pergunta, uma questão, sem respostas. O decreto que o Bolsonaro assinou, por acaso não estaria atendendo interesses do capital – indústria e comércio das armas? Neste modelo capitalista, o criminoso não estaria produzindo fortunas para poucos? Ou, o que seria das forças armadas, das polícias civis e militares, federais e estaduais, das armas, dos equipamentos de guerra, dos fóruns da justiça, dos juízes, dos advogados… se não tivesse os criminosos em alta e elevada escala?
Por fim, cuidado! A violência gera violência. Este dístico é verdadeiro, científico. O princípio mais verdadeiro, pedagógico, humano, ético, de combater o criminoso é a educação. Educar todas as crianças, os adolescentes e os jovens até à escala de universidade. Se começar hoje essa educação de qualidade para todos, daqui a 20 anos não teríamos novos criminosos.
Última pergunta: armar as pessoas – os cidadãos de bem – reduz crimes e acaba com os criminosos?
Professor, pesquisador, escritor
José Kuiava é Doutor em Educação pela Faculdade de Educação da Unicamp (2012). Atualmente é professor efetivo- professor sênior da Universidade Estadual do Oeste do Paraná. Tem experiência na área de Educação, com ênfase em Planejamento e Avaliação Educacional, atuando principalmente nos seguintes temas: autobiografias.inventário da produção acadêmica., corporeidade. ética e estética, seriedade, linguagem, literatura e ciências e riso.
Vc tem razão: o decreto é apenas para aumentar a venda, beneficiar os fabricantes de armas… sequer para defesa o decreto é útil, porque vc pode possuir, mas não pode portar…