A escalação está feita – 12 candidatos!

Votar em quem e por quê? Eis a questão.

Sinceramente, estou assustado. Atormentado e irritado. As ideias, o pensamento e o sentimento ficam turbilhando na minha cabeça, pulsando forte meu coração.

A crise catastrófica do Brasil de hoje não se restringe à situação econômica voraz, que atormenta o povo brasileiro de hoje – desemprego impiedoso nas alturas, inflação intencional maldosamente descontrolada, corrupção desavergonhada continuada sem eira nem beira, privatizações do patrimônio e  das riquezas naturais e dos bens de todos, construídos ao longo da nossa história, sucateamento da educação, da cultura, da ciência, da saúde… por falta de dinheiro público, do jeito que dizem e querem os pseudo-entendidos em orçamento público – pois, a crise se instalou com força e definitivamente na política e na justiça, exatamente no  tempo e nas circunstâncias das eleições.

Primeiro, vejamos o quadro político de candidatos a presidente da república= 12 candidatos, sim, apenas 12; 35 partidos políticos registrados; 79 partidos políticos em formação na lista de espera para o registro; 1 bilhão e 716 milhões de reais do fundo eleitoral a serem distribuídos de forma desigual aos candidatos, de acordo com o tamanho e o poder dos partidos, os mais poderosos recebem mais e os mais fracos recebem menos. Assim, por força do proporcionalismo, o MDB vai receber 234 milhões de reais e o Novo vai receber 978 mil. Ainda por força da lei dos mais fortes, o proporcionalismo vai determinar o tempo na TV – horário político livre – também será maior para os candidatos dos partidos mais poderosos e de maiores alianças e coligações partidárias.

Agora, o quadro, o estado emocional dos eleitores. Se tem eleitores brasileiros descrentes com a política, confusos, alienados, revoltados e desesperados, se queixando e dizendo que não sabem em quem votar, não sabem se vão votar ou não, deve ser por causa da quantidade de candidatos e de quantidade de partidos políticos. Será?

Diante deste quadro material histórico de crises, qual deve ser a postura, a atitude, o ato responsivo de votar dos eleitores na perspectiva de uma superação das crises? A omissão? Não votar em ninguém? A alienação? Votar nos candidatos que mais prometem sem apresentar as garantias de um programa social? A consciência política no horizonte da ideologia? Votar nos candidatos conservadores de extrema direita? E quem são? De quais partidos são candidatos? Quais os planos e programas sociais que propõe? São coerentes e verdadeiros, de acordo com seus princípios ideológicos – desenvolvimento e progresso do capitalismo neoliberal? O Bolsonaro e o Meirelles irão garantir programas sociais para as classes mais pobres? Votar nos candidatos de centro – o “centrão”? E quem são? A quais partidos são filiados? São de centro-direita ou de centro-esquerda? O ex-presidente e intelectual Fernando Henrique Cardoso jura que sempre foi e continua de esquerda. Mas como, se ele é o fundador do PSDB – hoje a força motriz do “centrão”? Quais os programas sociais do governo Alckmin em São Paulo?  Ou votar nos candidatos de esquerda? E quem são eles? São coerentes com os princípios ideológicos dos seus partidos? Que planos e programas sociais estão propondo? Votar no Lula? O único candidato que ganharia as eleições em todas as situações e circunstâncias no 1º e no 2º turnos. Como ele é defensor e membro das classes trabalhadoras – massas populares – foi condenado e preso. O capital nacional e estrangeiro não quer o Lula presidente do Brasil. É ético e justo impedir que Lula volte a ser presidente, eleito democraticamente? O princípio supremo da democracia não é a vontade da maioria dos eleitores?

Precisamos pensar nisso no ato do voto. Acima de tudo, lutemos pelo voto consciente. Por uma questão de coerência ética e ideológica, os eleitores de Lula devem votar no candidato do PT, Haddad.

 

José Kuiava Contributor

Professor, pesquisador, escritor
José Kuiava é Doutor em Educação pela Faculdade de Educação da Unicamp (2012). Atualmente é professor efetivo- professor sênior da Universidade Estadual do Oeste do Paraná. Tem experiência na área de Educação, com ênfase em Planejamento e Avaliação Educacional, atuando principalmente nos seguintes temas: autobiografias.inventário da produção acadêmica., corporeidade. ética e estética, seriedade, linguagem, literatura e ciências e riso.