Durante o longo período de implementação do neoliberalismo à Fernando Henrique Cardoso e seus impolutos saqueadores, fomos bombardeados com o discurso da eficiência da empresa privada, uma justificativa para a venda do patrimônio público a preços de banana em avaliações baixíssimas para que se trombeteasse na midia os supostos ágios obtidos nos vem sucedidos leilões, alguns deles conduzidos sob o martelo do coveiro me do país, o hoje enriquecido José Serra.
Pois agora estamos colhendo os frutos desta eficiência, a preocupação primária com a produção de dividendos para os acionistas da bolsa de New York. A SABESP distribuindo dividendos a acionistas, quando deveria estar distribuindo água aos paulistanos. E não se diga que a crise de abastecimento de água não tivesse sido cantada com quase dez anos de antecedência pelos consultores técnicos. O drama de Mariana e a lama da Samarco comprovam mais uma vez a eficiência na produção de dividendos. Avisada com um ano de antecedência de perigo de rompimento da barragem, economizou custos aumentando lucros, única eficiência que interessa aos políticos neoliberais. Os custos sociais ficam por conta do povinho… Dizem enderecem que a telefonia melhorou… Quem não tem queixas das operadoras de seus telefones, dos seus celulares, da sua internet, da TV a cabo? as reclamações são constantes, mas a decantada eficiência continua a ser apregoada aos quatro ventos, mesmo por aqueles que reclamam dos péssimos serviços destas operadoras extremamente lucrativas: pagamos o mais alto preço do mundo pelos serviços prestados na área…
Engraçado que a mídia oficial do neoliberalismo não comenta nada sobre eficiência… Ninguém diz uma palavra sobre os verdadeiros interesses da Vale privatizada associada aos interesses da BHP. Os acionistas terão agora um prejuízo na queda do valor das ações, mas esta queda é apresentada como consequência dos desmandos do governo petista, com estas custosas políticas públicas beneficiando quem não merece, os mais pobres que não movimentam o mundo financeiro, só trabalham para sustento seu e dos ricos que dependem crucialmente do trabalho dos assalariados que movimentam suas máquinas, suam em suas lavouras e montam seus cavalos nos campos das fazendas de gado.
João Wanderley Geraldi é reconhecido pesquisador da linguística brasileira e formou gerações de professores em nosso país. Há já alguns anos iniciou esta carreira de cronista-blogueiro e foi juntando mais leitores e colaboradores. O nome de seu blog vem de sua obra mais importante, Portos de Passagem, um verdadeiro marco em nossa Educação, ao lado de O texto na sala de aula, A aula como acontecimento, entre outros. Como pesquisador, é um dos mais reconhecidos intérpretes e divulgadores da Obra de Mikhail Bakhtin no Brasil, tendo publicado inúmeros livros e artigos sobre a teoria do autor russo.
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