Vai aqui um convite amoroso para os indignados e desalentados: vamos fazer uma análise sincera do medo, que vem causando temor e tremor diuturnamente aos brasileiros e às pessoas do mundo inteiro. Vivemos uma crise internacional globalizada, fundamentada e instituída pelo populismo de extrema-direita. Este autoritarismo nega e destrói os valores da liberdade, da diversidade étnica, cultural e das diferenças ideológicas, de crenças, de estilos de vida, que não sejam os valores internos proclamados e que ameaçam a unidade e a hegemonia do próprio sistema – autoritário – mascarado de democracia, mas exclusivo e excludente.
No Brasil, sob o comando do atual chefe da nação, o populismo, além de autoritário, é grotesco, estapafúrdio, ignorante, terrificante, destruidor, que envergonha e aterroriza os brasileiros e o mundo inteiro. Proclama e propaga ódio aos adversários e opositores; propôs, institui e vem fortalecendo um modelo autoritário de Estado, está matando a educação, a ciência, a pesquisa, a cultura, a saúde, os direitos sociais e trabalhistas; acirra as desigualdades sociais, enriquecendo e empoderando cada vez mais os poucos donos do capital, empobrecendo cada mais os muitos muito pobres, fragilizando cada vez mais as condições de sobrevivência dos mais fracos.
Este modelo de populismo autoritário – vestido e fantasmagorizado de democracia – é terrificante. Mas, o que mais amedronta, desalenta, atormenta e provoca medo e terror é a harmonia matrimonial-conjugal dos Três Poderes da Nação: Executivo – presidente, governadores, prefeitos; Legislativo – senadores, deputados federais e estaduais e vereadores; Judiciário – juízes, promotores, procuradores e ministros do Supremo. A harmonia constitucional – letra escrita – na realidade é uma aliança corporativa fatídica, combinada, recíproca de benefícios mútuos às custas dos bens públicos, bens comuns de todos, transformando as instituições democráticas em armas políticas ideológicas em defesa e proteção das elites do capital. O medo maior é o fato segundo o qual estes poderes agem comprando a mídia, como aliada, para divulgar a imagem montada de justiça, de ordem e progresso, junto à opinião pública. Este é o paradoxo trágico da aliança dos Três Poderes.
Estes, em aliança, legalizam e legitimam constitucionalmente os golpes de Estado – impeachment – contra governos democráticos comprometidos com programas sociais, que beneficiam as massas populares de trabalhadores e as classes populares de baixa renda. Esta onda populista de extrema-direita gera medo com a legalização dos golpes de Estado democrático, estes engenhados e articulados pelas elites do poder político e do capital, e com o fim das instituições críticas e com a morte da democracia.
O que mais mete medo no jogo de alianças nefastas dos Três Poderes é a justiça cega. Sim, aquela estátua de mulher sentada com os olhos vendados por um pano e com a espada no colo, na praça do Planalto, é o símbolo real da cegueira. Símbolo disfarçado de imparcialidade da justiça seletiva e parcial – a corporação política e ideológica do Poder Judiciário.
O caso da Lava Jato – Vaza Jato – é uma prova real da hegemonia dos valores ideológicos dos togados, levando em conta as condições de classes sociais dos acusados nos processos de julgamentos – condenação dos pobres e absolvição dos ricos. Os atos de absolvição ou de condenação resultam não por força de crimes reais, comprovados, mas de posturas dos magistrados de conformidade com os vínculos de classes sociais dos acusados. A parcialidade é que prevalece sobre a imparcialidade. A Lava Jato é o desmascaramento da justiça brasileira – juízes, juízas, ministros, ministras do Supremo – em todas suas escalas regionais e nacional – ao julgarem e condenarem ou absolverem acusados por força dos princípios ideológicos das classes sociais, escondem os reais valores corporativos de aliança – em nome da harmonia constitucional.
Um verso da música caipira enuncia perfeitamente esta verdade:
“pobre não ganha demanda
rico não vai pra cadeia”.
Aplicando este verso aos atos do Supremo, hoje, temos: político ladrão e corrupto das elites do capital não é condenado e não vai pra cadeia; político honesto, acusado, sem crimes e competente das classes trabalhadoras, é condenado, vai para cadeia para não ser presidente, mesmo eleito democraticamente.
Professor, pesquisador, escritor
José Kuiava é Doutor em Educação pela Faculdade de Educação da Unicamp (2012). Atualmente é professor efetivo- professor sênior da Universidade Estadual do Oeste do Paraná. Tem experiência na área de Educação, com ênfase em Planejamento e Avaliação Educacional, atuando principalmente nos seguintes temas: autobiografias.inventário da produção acadêmica., corporeidade. ética e estética, seriedade, linguagem, literatura e ciências e riso.
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