KKKKKKK Gilmar Mentes para Presidentes

Hoje pretendia escrever para o Temerbroso: que ele não adiantasse demais o pagamento da fatura, entregando logo a terceirização generalizada, a reforma da Previdência, a reforma trabalhista (que só falta num item, depois da terceirização: a adoção do “acordado vale mais do que o legislado”).

Acontece que essa pressa afoita de pagar a dívida pode leva-lo para a vida civil dos comuns mortais, e da vida civil comum, cair nas garras de Sérgio Moro como o segundo boi de piranha, só para mostrar que a Lava Jato não é partidária, não está filiada ao PSDB, apesar de todas as relações familiares e de amizade que envolvem o juiz-chefe da operação. Tudo leva ao PSDB. Por isso a piada que circula nas redes sociais, depois da operação-filhote Carne Fresca: “Não coma carne processada, coma tucanos, eles não são processados”.

Pois o perigo que corre Michel Temer com sua pressa é grande: Gilmar Mentes se candidatou à presidência. Obviamente não é uma candidatura a ser submetida ao voto popular. Trata-se de uma “opção parlamentar”. Ele se apresentou como esta opção. O que em si mesmo já é uma vergonha: o juiz que preside o Tribunal que julgará a cassação da chapa Dilma/Temer (que fará este perder o mandato) se candidata a substituir o próprio “réu” que, dadas as circunstâncias cada vez mais precárias do Temerbroso, deverá acontecer. E desavergonhadamente o que quer ser o presidente do Executivo não se considera absolutamente como parcial!!! E como ele é mais ou menos louco (pelo poder), talvez vá acumular as duas presidências: TSE e Executivo. Ele sonha também em se tornar Presidente do Congresso Nacional. Para isso basta uma PEC, e ele virará Presidentes…

Mas eis senão quando: pensava eu todas estas coisas quando vejo o vídeo postado pela raposa velha do Renan Calheiros rompendo com Michel Temer!!!! Não surtiu efeito o trabalho do emissário Eliseu Quadrilha. A oferta do Ministério dos Portos e de verbas para o filho governar Alagoas foi insuficiente. Raposa velha, Renan está percebendo que Temer não chega a dezembro… E nos curtos meses que ainda lhe sobram, o imbecil dará ouvidos ao PSDB para entregar a fatura das reformas como garantia de continuidade que não terá! Com golpistas, mesmo sendo ele golpista, parece que o Temerbroso não sabe lidar… Acha que os encontros contínuos com o ministro do STF, representante máximo do PSDB no judiciário, estão conseguindo a continuidade que almeja… Mal sabe ele que por baixo das penas tucanas escondem-se lobos famintos pelo poder!!! E que não conseguem chegar a ele pela via do voto.

Mas o Renan Calheiros já percebeu! Líder do PMDB no Senado, rompe com o governo do usurpador. Quantos da bancada trará consigo? Certamente não sairá sozinho…

E daí, como fica? Sem a “sólida base parlamentar” cantada pela “moça da massa cheirosa”, agora decantada pela saída das raposas mais espertas, será que dará tempo de pagar a fatura? O PSDB a quer paga para depois assumir o governo, antes não!!! O projeto é das reformas é do PSDB, mas os tucanos têm vergonha de seus próprios projetos… Sabem que sua receita de concentração de riquezas somente produz miséria, nada mais! Eles já acompanharam a situação da Espanha, da Grécia, de Portugal… e agora estão enxergando o “novo Portugal” que recusa a receita se sair bem da crise!!! O mau exemplo português não pode tomar fôlego antes que as reformas sejam feitas. Com o sacolão das maldades resolvido, eles assumirão com um saquinho de bondades para verem se conseguem reeleição em 2018. Será assim?

EM 2018, MUDAR OS VENDIDOS DEPUTADOS E SENADORES OU DE NADA ADIANTARÁ ELEGER LULA

Pois não é que o senador Renan reuniu outros senadores do PMDB para pressionar o ex-presidente da sigla, elevado à Presidência da República por golpe que os senadores aprofundaram reconhecendo sempre que crime de responsabilidade não havia, para que ele não sancione a tragédia da terceirização generalizada.

Imediatamente o emissário da corte do Planalto seguiu em viagem aberta, não secreta, para os conluios no gabinete senatorial: oferecia barganha plena. Consiste e brilhante: verbas para o Renan Filho, que Alagoas governa e um Ministério dos Portos. A portas fechadas, com a imprensa sabendo, o conchavo alinhado para que Temer não se assombre e sancione o que lhe exige o PSDB, cujo presidente é o autor flamante da proposta aprovada com atraso pela Câmara, depois de passado pelo Senado há mais de quinze anos. Projeto já debutante desengavetado por outro ajudante, Rodrigo Maia.

Tudo se compra, é o lema de Eliseu Quadrilha, ops! Padilha.

E enquanto isso, ora, ora…

E chora o trabalhador desatento em transparente decepção! Aparece o motorista de máquinas de obras de infraestrutura reclamando que não aguentará mais vinte anos de labuta, depois de trinta de trabalho, mas com apenas 44 anos!!! Distribui “filhos-da-puta” a torto e a direito.  Lutou pelo golpe. A debandada começou.

Noutro vídeo, aparece o coxinha do interior reclamando a falta de financiamento ao movimento!!! Vejam só: os movimentos que não tinham qualquer compromisso, na verdade eram financiados… Desiste o coxa de liderar o ato!!!

Desavisado da debandada, a gente não se espanta, só lastima ver Gabeira ladeado por “Kinzinho do fuzil e o Holiday do ódio”. A foto “expõe-lhe vergonhas maiores do que as que poderia fazer a de quase 40 anos atrás a da tanga de crochê, porque o revela por dentro, não por fora.” Um ocaso triste. Um final decadente. Uma despedida que expõe a infame sina.

De vento em popa, lá nos vamos eleger Lula em 2018… e de novo um congresso corrupto que há de achar a lista fechada como saída para voltar com abrumo e sem receio. A isso chamará de “reforma política”… uma reforma para permanecerem sem perigo depois de falcatruas e e traições a seus eleitores.

De nada adiantará um novo mandato para Lula com um congresso de vendidos. Ou se renova a dita representação parlamentar, ou tudo recomeçará!!!  

Textos de Arquivo IV: Literatura e Denúncia

Nota Introdutória

Publicado no jornal Opinião, órgão de divulgação da AABB – Santo Ângelo, edição de junho de 1973. Este texto, como se verá, se contrapõe à análise estrutural das narrativas e ao formalismo em literatura. Ainda produto de um pensamento que queria uma literatura engajado. Hoje, fico me perguntando o que andava eu lendo nesta época. No meu curso de Letras, que frequentava então, estudavam-se os estruturalistas: Luiz Costa Lima, Affonso Romano de Sant’Ana, a fenomenologia da obra literária de Maria Luiza Ramos… No entanto, minha participação prévia no movimento estudantil, antes do golpe militar, depois num esboço de entrada no movimento sindical para me tornar dois anos mais tarde professor como tarefa política, levam-me a ter outras posições, distintas do meu professor de literatura, Prof. Gustavo Maciel, depois meu grande amigo e compadre (sou padrinho do Igor Maciel).Assim, o texto-comentário aqui transcrito deseja ser uma forma de participação política num tempo de ditadura militar..

 

Literatura e Denúncia

                Integrante de um mundo, a obra de arte literária é uma “desfatização” desse mundo-realidade, movido o artista pela necessidade de exprimir sua própria existência (que implica na dos demais) e a sua visão da existência.

                Manejando um instrumento que não lhe é exclusivo, mas um limite de possibilidades a se concretizarem, o escritor também sofre a pressão de uma violência simbólica exercida através e pelo sistema linguístico. Violência simbólica que se realiza não só na imposição de significações, como também na seleção destas significações, de tal sorte que a palavra, carregada de um conceito mental (e relativo) traz em seu bojo uma representação do objeto-real imposta ao artista e aos demais membros da sua comunidade de fala. Esta imposição (violência simbólica) oculta e reforça as relações de força que a fundamentam e que somente se poderão encontrar fora de uma manifestação de super-estrutura, como é o caso da obra de arte literária.

                É por isso que, para nós, a criação artístico-literária não está apenas na criação de uma ambiência semântica que faça com que a palavra, em face dessa ambiência, tome conotações diversas em relação a seu emprego no discurso não literário, não artístico. Reduzir a arte a somente esta “desrealização” semântica, vocabular e sintática é reduzi-la a uma técnica.

                Na medida em que considerarmos esta “desrealização” formal, deveremos encontrar na manifestação artístico-literária também uma denúncia de uma realidade, denúncia que subjaz à própria “destruição” do seu instrumental (o sistema linguístico).

                Não é sem relação com o impasse da própria sociedade, o impasse em que se debatem os escritores na busca de um grau zero de sua escritura. Se as condições sociais estão permitindo (aplaudindo, às vezes) um novo discurso formal, é porque este discurso, enquanto forma, não as fere nem as denuncia, e não porque estas mesmas condições são capazes de consumir este novo discurso formal. No permissível e consumível pelo “stablishment” não se resume o todo da questão. A denúncia prevê a mudança, e esta o “stablishment” não digere, muda embora possa resistir e tentar consumir. O “stablishment” não é e nunca foi uma verdade imutável e os ataques são possíveis e o ferem, basta que olhemos em nossa volta para constatar.

                É na denúncia que se encontra o significado de uma obra literária: no formal, o deslizamento de uma denúncia da realidade em que a própria obra está incrustrada.

                Assim, Cervantes faz dum D. Quixote não apenas um personagem mítico e místico, mas acima de tudo uma desmitificação e desmistificação dos resquícios de uma sociedade decadente (sociedade medieval). Com o mesmo objetivo, a peça teatral “O Homem de La Mancha” (numa hora muito oportuna montada por Flávio Rangel no Rio) traz ao palco não só o imortal Cervantes, mas uma realidade que é denunciada no transcorrer da peça.

                Uma realidade de hoje porque, se a peça quer ser e é um corte sincrônico no passado, estamos vivendo um tempo de transformações sociais como viveram os contemporâneos de Cervantes. Precisamente devido a esta denúncia (que transparece na forma) que a obra sobrevive até hoje. A experiência formal de Cervantes pode ter sido abandonada, mas a obra sobreviveu. E toda obra para sobreviver deverá trazer em seu âmago o mundo do real, desfatizado no enredo e sequência narrativa. “Uma constante, no entanto, das tendências estéticas ditas de vanguarda é apresentar a arte como uma atividade que nada tem a ver com os problemas enfrentados pelo social e tira precisamente desse alheamento sua autenticidade” (Gullar). “Autenticidade” quem aponta para um desespero existencial do absurdo, na falta de outros caminhos a apontar. Num panorama assim configurado, os vanguardistas, querendo demonstrar a impossibilidade de conhecer e denunciar o real, fazem de suas obras a expressão genial da crise em que se debate a visão metafísica do mundo. 

O AUTOR E OS COAUTORES DA TRAGÉDIA DA TERCEIRIZAÇÃO

O capital sempre encontra os agentes que, apontado o dedo, seguem-lhe a direção. Estes agentes aparecem como autores e coautores dos crimes do capital. A terceirização, esta tragédia nas relações capital/trabalho teve estes agentes inesquecíveis! Alguns até por ingenuidade ou confiança demasiada em sua base parlamentar.

Enumeremos estes agentes históricos para não os esquecer jamais:

  1. Fernando Henrique Cardoso, o sociólogo que se apequenou pedindo que esquecêssemos o que tinha escrito! De autor, se tornou agente do dedo do capital. Foi ele quem encaminhou o projeto de lei aprovado agora pela pior e mais corrupta Câmara Federal que a população elegeu.
  2. João Paulo Cunha, presidente da Câmara dos Deputados que recebeu o pedido, agosto de 2003, de retirada do projeto de lei enviado pelo executivo do governo anterior. Não leu o pedido no plenário e por isso não o tornou oficial a retirada do projeto que foi para a gaveta mas permaneceu como projeto de lei, já aprovado pela Câmara, e modificado pelo Senado, havia voltado para a segunda votação da Câmara. Não houve tempo para FHC realizar seu sonho… e
  3. Rodrigo Maia, atual presidente da Câmara, eleito pela primeira vez até com votos do PT para evitar problemas com um presidente vinculado a Eduardo Cunha. Tudo para facilitar a vida de Michel Temer… Pois agora, no seu segundo mandato na Presidência, desengavetou o projeto e o aprovou em plenário. Subiu para a sanção do Temerbroso.
  4. O Senado Federal, obediente aos ditames do governo FHC, aprovou a terceirização. Agora quer dar uma de bonzinho: pede que o usurpador não sancione a lei porque tramita um outro projeto no Senado, um pouco mais benigno… mas sempre terceirizando.
  5. Jacques Wagner, Ministro do Trabalho em 2003 que não acompanhou o pedido da Presidência da República, confiando que enviado o pedido, tudo estava resolvido… Em política, confiar pode ser fatal!
  6. As centrais sindicais que na época não acompanharam o processo…

Bom, agora entrou a bancada do PT no STF pedindo a anulação da votação com base no ato do Presidente Lula de agosto de 2003. Com um judiciário que temos, com o STF que temos, alguém acredita que haverá julgamento contrário aos interesses do capital e dos capitães do momento? Por milagre, por milagre… A Vós impetramos um milagre, meu Santo Antônio: desfaça este casamento do capital com o judiciário apadrinhado pelos políticos.  E deixai que o trabalho tenha algum valor ante o capital. Vos rogamos contritos… meu Santinho. Quem pode dar casamento, bem pode dar descasório.

Domingo: Hino aos desfeitos da Lava Jato

VERSOS EM MOSAICO – VI

Luiz Roncari (19 de março de 2017)

SÓ JÁ

(ou quem destrói mais chora menos)

ROTEIRO DA AUTOFAGIA

NO INÍCIO FOI PARA O ESPAÇO A PETROBRAS

ORGULHO NACIONAL

LIQUIDADA À JATO ENTRE OS PARENTES

SALVE A ABENÇOADA GLOBALIZAÇÃO

NO QUINTAL DOS OUTROS

NO SEGUNDO DIA AS GRANDES CONSTRUTORAS

AS FORÇAS DESTRUIDORAS DE PAISAGENS E CIDADES

SALVE OS MONSTRENGOS DAS PAULISTAS FARIAS LIMAS BERRINIS

MAUSOLÉUS DA MEMÓRIA

POR FIM OS FRIGORÍFICOS E A PROTEINA ANIMAL

DEVASTADORES DE MATAS E CERRADOS

SALVE A SALSICHA E A LINGUIÇA BRASILEIRA

COM A BANANA

SÍMBOLOS DA RAÇA

REALIZAMOS ENFIM NOSSO DESTINO MANIFESTO

SUPRIR O MUNDO DE PROTEÍNA VEGETAL

SALVE AS BESTAS E OS PORCOS QUE NOS GOVERNAM

DAS ESTERCARIAS

SE EMPANTURREM POLÍCIA JUSTIÇA MÍDIA CONGRESSO BANCOS

PARA A ALEGRIA DOS IRMÃOS DO NORTE

E DA CHINA

SEREMOS MESMO UM POVO DE COCHOS E NOS REFOCILAREMOS

NA SOJA

É O QUE NOS SOBRA